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quarta-feira, 20 de março de 2019

7 dicas para estimular a independência das crianças


É muito comum que os pais sintam saudades da fase em que os filhos eram pequenos ou bebês. Mas, não há como parar o tempo. Por isso, é importante aproveitar ao máximo cada fase do desenvolvimento infantil. Entretanto, também faz parte da maternidade e da paternidade incentivar a autonomia e a independência dos pequenos.

De acordo com a fonoaudióloga e psicopedagoga, Marli Kondo, profissional da equipe de Fisioterapia Neurológica Pediátrica da Clínica Walkíria Brunetti, alguns aprendizados são naturais, por observação e imitação do comportamento dos colegas da escola, dos pais ou irmãos. “Além da imitação, a criança também precisa de vários estímulos para desenvolver as habilidades necessárias para sua autonomia”, reforça a especialista.


Pais não devem fazer tudo pela criança
 
De acordo Marli, as atividades da vida diária como vestir-se, tomar banho, escovar os dentes, comer, entre outras, estimulam a coordenação motora, a cognição e são fundamentais para o processo de aprendizagem escolar.

“Portanto, quanto mais os pais incentivarem a criança a se independer, melhor. O oposto também é verdadeiro: quando os pais fazem tudo pela criança, podem ocorrer sérios prejuízos ou atrasos no processo de desenvolvimento que podem prejudicar a vida escolar e a vida como um todo”, ressalta Marli.


Cada coisa no seu tempo
 
Não existe um manual de como ser mãe ou pai ou ainda do que é certo ou errado na criação dos filhos. Assim, o mais importante é que os pais se tornem conscientes e procurem se informar sobre o assunto para aplicar os estímulos certos, de acordo com cada fase do desenvolvimento.

"Os pais devem procurar conhecer o que é esperado para cada idade, o que pode e deve ser estimulado, o que precisa de supervisão, entre outros aspectos”, comenta a psicopedagoga.

Com a ajuda da especialista, preparamos sete dicas para ajudar os pais a incentivarem a autonomia dos filhos, de acordo com as fases do desenvolvimento infantil. Confira.
 
  1. Hora da comida: Hoje há diversos métodos para a introdução alimentar. Deixar a criança comer com as mãos no início pode ser muito bom, pois irá incentivar a coordenação motora fina, assim como o tato. Ao longo do processo, é possível introduzir os talheres, como as colheres e os garfos, que já podem ser usados por bebês a partir de um ano. Este aprendizado é longo. Espera-se que por volta dos quatro anos completos a criança já seja capaz de se alimentar sozinha, pelo menos usando a colher.
     
  2. Com que roupa eu vou? Os atos de vestir-se ou despir-se são atividades da vida diária essenciais. Os pais podem começar a treinar ou a incentivar o interesse depois que a criança completar um ano e meio ou menos. Tirar ou colocar sapatos e meias, tirar as peças íntimas, colocar uma calça, um vestido, etc. Espera-se que ao longo do tempo a criança aprimore essa habilidade. Vale lembrar que para os mais velhos é fundamental que os pais ensinem a fechar e abrir zíperes, amarrar cadarços, abrir e fechar botões. Todas essas habilidades contribuem para o desenvolvimento da coordenação motora fina.  
     
  3. Uma mão lava a outra: Lavar as mãos é um ato altamente recomendado para qualquer pessoa, inclusive para as crianças. Esse aprendizado pode e deve ser feito por volta dos 12 meses. Aos dois anos, espera-se que a criança já saiba lavar e secar as mãos sozinha.
     
  4. Banho é muito bom: O banho já é uma atividade que necessita de supervisão por mais tempo, por vários motivos. Para as crianças que tomam banho na banheira, a principal razão é prevenir afogamentos. O banho é um momento que exige cuidados para a criança não escorregar, cair, entre outros. Além disso, lavar a cabeça, o corpo e todo o resto são aprendizados que demoram mais tempo. O ideal é que por volta dos seis anos a criança consiga tomar banho sozinha, mas ainda com a supervisão de um responsável. O aprendizado pode começar por volta dos três anos em diante ou antes, de acordo com o perfil de cada criança.  
     
  5. Dentinhos limpos: A higiene bucal deve começar ainda no primeiro ano de vida. Entretanto, escovar os dentes é uma atividade mais complexa, com uma curva de aprendizado mais longa. Aos quatro anos, a criança pode escovar os dentes sozinha, desde que os pais supervisionem a atividade. A autonomia total na higiene oral só ocorre por volta dos sete anos em diante.
     
  6. Desfralde: O desfralde deve ser iniciado por volta dos dois anos e meio. Espera-se que por volta dos quatro anos a criança já tenha desfraldado, tanto da urina, quanto das fezes. Até por volta dos sete anos, os pais precisam ajudar ou ainda supervisionar os pequenos a fazer a higiene correta na hora de usar o banheiro, para evitar infecções, como a cistite, por exemplo. Crianças com quatro anos completos, que ainda não conseguiram desfraldar, devem ser avaliadas por um especialista. Isto vale tanto para a urina, quanto para as fezes.
     
  7. Tarefas domésticas: Outra forma de incentivar a autonomia da criança é envolvê-la nas atividades da casa. Lavar a louça, regar as plantas, ajudar a colocar a mesa para o jantar, jogar a roupa suja no devido lugar, guardar os próprios brinquedos. Engajar a criança a participar da vida doméstica estimula a independência e contribui para que se sinta parte da família. Além disso, a participação nas tarefas domésticas ajuda no aprendizado do valor da responsabilidade, do trabalho em equipe, da colaboração e da importância da organização.  

Ansiedade Infantil: como identificar?


Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que cerca de 9,3% dos brasileiros apresentam os sintomas de ansiedade, transtorno que atinge de crianças, adolescentes, adultos e idosos. Uma pesquisa conduzida pelo professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP, Fernando R. Asbahr, mostra que aproximadamente 10% de todas as crianças e adolescentes sofrerão algum tipo de transtorno de ansiedade.

Lidar com o problema não é uma tarefa fácil em nenhuma fase da vida. Imagine, então, quando o transtorno atinge crianças. A partir dos estudos do psicanalista Sigmund Freud (1836-1939), a psicóloga Beatriz Moura destaca os três os tipos de ansiedade mais comuns em crianças e como os pais podem identificar essas alterações nos filhos.

Um deles, o Transtorno de Ansiedade de Separação é uma ansiedade excessiva por conta do afastamento dos pais por um determinado período. Para diagnosticar esse tipo de transtorno, alguns fatores devem ser levados em consideração. O primeiro critério diagnóstico é a presença de, pelo menos, três sintomas relacionados com reações emocionais inadequadas ao grau de desenvolvimento da criança ou do adolescente, com relação ao afastamento de casa ou dos pais. Dentre os sintomas possíveis, estão:

·         sofrimento excessivo e recorrente frente à ocorrência ou previsão de afastamento;

·         preocupação persistente e excessiva acerca de perigos envolvendo os pais ou a si próprio;

·         recusa ou relutância a ir para a escola, ou para outros lugares, desacompanhado;

·         temor excessivo de ficar sozinho em casa;

·         dificuldades para adormecer sem uma figura de vinculação ou para dormir fora de casa;

·         pesadelos frequentes envolvendo o tema separação e queixas somáticas persistentes.


Esses sintomas são comuns em qualquer idade antes dos 18 anos e aparecem com mais frequência entre os sete e nove anos de idade. Em alguns casos, as crianças podem apresentar dores na cabeça, no estômago e náuseas.

Já o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) indica a presença de preocupações excessivas e incontroláveis sobre diferentes aspectos da vida. Os sintomas que devem ser avaliados, incluem:

·         ansiedade e preocupação excessiva e de difícil controle com diversos eventos, na maioria dos dias e com duração mínima de seis meses, causando prejuízos no funcionamento da vida diária.


O quadro deve ser acompanhado ainda de pelo menos três de seis sintomas físicos, tais como:

·         inquietação;

·         fatigabilidade;

·         dificuldade de concentração;

·         irritabilidade;

·         tensão muscular ou perturbações do sono, necessidade constante de reasseguramento e excesso de autoconsciência e preocupação com comportamento no passado;

·         rigidez com relação ao cumprimento de regras ou evitação de situações nas quais poderia haver a exposição ao julgamento dos outros são as principais consequências destes comportamentos.

Para que o diagnóstico seja confirmado em crianças, basta identificar apenas um sintoma. Os sinais aumentam com a idade e a incidência da TAG ocorre em crianças de até 12 anos.

Por fim, o Transtorno de Ansiedade Social (TAS) ou Fobia Social é a ansiedade exagerada por conta da convivência com pessoas não familiares. É muito comum em crianças com até dois anos e meio não se sentirem à vontade perto de pessoas não familiares. Esse comportamento é esperado para a idade e deve ser entendido como parte do desenvolvimento infantil normal. Entretanto, após este período, se o estranhamento persistir e interferir na construção de uma vida social, é possível que este desconforto tenha se tornado patológico.
Os critérios para diagnosticar o TAS, incluem:

·         medo acentuado e persistente, excessivo ou irracional, em uma ou mais situações sociais ou de desempenho que envolvam a exposição a pessoas estranhas ou a possível gozação de terceiros;

·         presença de resposta imediata de ansiedade, caracterizada muitas vezes como um ataque de pânico, resultante da antecipação ou do contato com a situação social temida;

·         reconhecimento de que o medo é irracional ou desproporcional;

·         As situações sociais e de desempenho temidas são constantemente evitadas, ou suportadas com intenso sofrimento, resultando em prejuízo funcional significativo.

Para cada um dos casos, a psicóloga Beatriz Moura aconselha que os pais fiquem de olho em qualquer mudança emocional ou no comportamento dos filhos. É importante procurar orientação de um profissional especializado, para que a ansiedade infantil seja tratada e não traga nenhum prejuízo no desenvolvimento da criança.





Beatriz Moura - formada em Psicologia pelo Instituto Brasileiro de Medicina e Reabilitação (IBMR) e especialista em Transtorno de Personalidade Borderline


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