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terça-feira, 19 de março de 2019

CÂMBIO ALÉM DO DÓLAR, COMO SE PREPARAR?


Se falarmos a palavra "câmbio", automaticamente é o dólar que virá em nossa cabeça. A moeda mais forte do mundo dita diversos aspectos da economia global e sua variação afeta o preço do que consumimos, vendemos e serviços que utilizamos. No entanto, o mundo tem aproximadamente 193 países registrados e uma grande quantidade deles possui suas próprias moedas, com quantidades de zeros diferentes e especificidades diferentes. Portanto, a dúvida é: como podemos organizar uma operação de câmbio da melhor forma quando falamos de moedas que vão além do dólar americano?

O primeiro passo é saber que elas trazem consigo algumas especificidades. Infelizmente, não existe melhor dia da semana ou períodos do ano em que a cotação fique mais baixa. A melhor dica que posso dar é acompanhar a cotação desejada e aproveitar os momentos de baixa. Uma recomendação é, sempre que possível, programar sua compra, ou seja, ver de perto a flutuação da moeda de interesse e ir comprando aos poucos. Dessa forma, você conseguirá garantir um bom valor médio. 

Já é de conhecimento geral que o dólar americano (USD) é a principal moeda do mercado de câmbio, sendo amplamente utilizada em grandes movimentações da economia global e é a que possui a maior aceitação mundial. Depois dele, outras moedas que merecem destaque são o euro (EUR), o iene japonês (JPY) e a libra esterlina (GBP), seguidos do dólar canadense (CAD), iuan chinês (CNY) e do dólar australiano (AUD). 

Para se ter uma noção de como tudo está distribuído globalmente, segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional), em termos de reservas internacionais dos bancos centrais, 61,94% estão em dólares americanos. Na sequência, 20,48% estão em euros, 4,98% em ienes japoneses, 4,49% em libras, 1,95% em dólares canadenses, 1,8% em iuans chineses e 1,69% em dólares australianos.

Como profissional da área de câmbio, consigo perceber nestes anos de atuação que alguns países foram aos poucos se tornando destinos turísticos. Isso é visível, pois a procura pelas moedas destes respectivos locais antes era baixa e hoje cresce constantemente. 

Se o seu interesse for viajar para um destino "da moda" fora do Brasil, tenha sempre a certeza de que está realizando seu câmbio em um local seguro, onde você não será lesado de alguma forma. No momento de compra de moedas estrangeiras, independente de qual for a escolha ou urgência, a principal dica é sempre buscar por casas de câmbio ou instituições financeiras que sejam devidamente cadastradas no BACEN (Banco Central brasileiro).

Outra dica importante é que, em alguns países nos quais a moeda local é fraca ou o país está localizado em alguma região próxima de onde há moedas fortes, as duas podem acabar sendo aceitas. O mais indicado é se informar sobre tais destinos e buscar por dicas sobre o que será mais vantajoso.

Seja para viagens ou apenas por curiosidade, quem procura saber mais sobre câmbio precisa levar estas dicas à risca. O objetivo pode ser o lazer e descanso, mas atenção cirúrgica é fundamental para que não ocorram dificuldades antes, ou pior, durante o caminho. Esteja sempre briefado e siga seu destino, afinal são muitas moedas e lugares para se conhecer!






Enrico Vincioni - diretor e sócio da BeeTech, fintech especializada em serviços digitais cross border como a Remessa Online e a BeeCâmbio.


O que jovens empreendedores têm a ensinar ao mercado



No início de carreira, quando eu observava os líderes das maiores empresas do país, via neles uma competitividade com a qual eu não me identificava muito. A vida me levou para o caminho do empreendedorismo e, desse lado de cá pelo menos, as coisas são bem diferentes. Unidos pelos mesmos desafios, que muitas das vezes envolve a dura missão de vencer as barreiras internas do país e conseguir tirar uma empresa do papel e escalar os negócios, nós fundadores de startups juntamos forças para aprender uns com os outros e matar um leão por dia, ao invés de nos vermos como meros concorrentes.

Sempre costumo dizer nas minhas palestras que uma das minhas melhores lições sobre empreender é não ter medo de contar sobre seu negócio, porque dificilmente alguém irá roubar sua ideia a ponto de você perder sua oportunidade. Afinal, as pessoas já estão preocupadas e apaixonadas demais pelas próprias ideias para terem tempo de pensar na sua. Soma-se a isso o fato de que empreender no Brasil é tão difícil que essa deveria ser a última das nossas preocupações.

Quando eu comecei, lá em 2010, contei minha ideia de negócio para o máximo de pessoas possível, de diferentes segmentos. Isso me ajudou, e continua ajudando, a ver todos os lados do negócio e, até mesmo, prever o que poderia dar errado desde mesmo do início. Além disso, consegui entender pontos de vista diferentes dos meus, o que me agregou muito. Algumas ideias das milhares que você ouve quando compartilha seu plano de negócio vão ajudar a moldar ou redefinir sua empresa rumo ao sucesso.

E essa mesma lição lá do início do meu negócio continuo trazendo para o GetNinjas até os dias de hoje. Alguns empresários mais tradicionais dirão que é loucura, por exemplo, contar sobre os planos da sua empresa para outros empresários com segmentos de negócios similares. Isto é, empresas que acabam cruzando o mesmo mercado dado a expansão dos serviços oferecidos por cada uma. Eu acho que é a loucura mais sensata que existe. Por que isso?

O Brasil é um dos países mais desafiadores para se iniciar um negócio. Além da preocupação de criar um negócio de alto impacto e possível de escalar rápido, os desafios precisam estar ligados em resolver um dos nossos inúmeros problemas sociais ou econômicos. No meu caso, a solução encontrada foi a de resolver a questão na contratação de serviços. De outras empresas, foi solucionar o acesso ao crédito, logística, ou transporte, por exemplo.

Por isso, olho para os dezenas de empreendedores bem-sucedidos do Brasil com inspiração. Eles conseguiram tirar uma ideia do papel mesmo diante de tamanhas adversidades, assim como também eu tive. Nos identificamos com os mesmos problemas, desafios e oportunidades do ponto de vista do negócio. Ao invés de nos considerarmos concorrentes, já que disputamos a atenção dos mesmos investidores ou usuários, vemos o que melhor podemos extrair um dos outros.

Isso vai desde um grupo no Whatsapp com os maiores empreendedores do país, onde compartilhamos bons contatos, testamos novas ideias ou encontramos soluções para problemas em comum, até um happy hour, onde podemos falar sobre negócios ou questões pessoais que também envolvem nosso trabalho. O importante é termos essa rede de compartilhamento, esse apoio mútuo que nos inspira e motiva.

Poucas pessoas com quem você falar sobre seu negócio terão a visão de um empreendedor assim como você tem. Por isso, essa conversa de empreendedor para empreendedor continua sendo uma das mais valiosas. É preciso deixar de lado o medo de perder espaço e se lançar para algo ainda maior, o que pode ser mais colaborativo quando você conta com a ajuda de profissionais que têm a mesma vivência para resolver problemas. Juntos, os empreendedores podem ser mais fortes e superar as barreiras para iniciar um negócio no Brasil e gerar impacto social.







Eduardo L'Hotellier - CEO e fundador do GetNinjas


GetNinjas

A Água é um negócio ou um direito?


Temos muitas razões para lembrar da importância do Dia Mundial da Água, instituído pela ONU em 22 de março de 1992. Algumas delas, como a quantidade de água potável no planeta ou a porcentagem de água do corpo do ser humano, são dados que acabamos aprendendo na escola, porém, muitas vezes esquecemos ou não ligamos. Mas quando falta água ou quando é demasiado o montante, vide as enchentes desta época no sudeste do país, vira tema de jornais, noticiários e redes sociais. E o mais interessante é que, rapidamente, todos viram especialistas sobre o tema e defendem ou atacam.

Um dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, estabelecido em 2015, como um “sonho” comum dos seres humanos deste planeta, é o ODS número 6, que é sobre “Água Potável e Saneamento”. Neste ODS 6 (https://nacoesunidas.org/pos2015/ods6) o objetivo é assegurar a disponibilidade e a gestão sustentável da água e saneamento para todos. E quebra em mais metas, como até 2030 alcançar o acesso universal e equitativo a água potável e segura para todos.  E tem uma meta muito instigante, que é apoiar e fortalecer a participação das comunidades locais para melhorar a gestão da água e saneamento. São seis metas neste objetivo e dois subtópicos.

Porém, com toda esta clareza, muitos especialistas na área hídrica batalhando para mostrar a importância deste bem essencial aos seres humanos, congressos, discussões, por que ainda, segundo a página da ONU (https://nacoesunidas.org/acao/agua/), milhões de toneladas de esgoto tratado inadequadamente e resíduos agrícolas e industriais são despejados nas águas de todo o mundo?

Grandes empresas acabam não gerenciando os seus riscos ambientais e poluindo rios e mares com os seus produtos ou subprodutos do seu processo produtivo como vemos no Brasil e no mundo. Dois terços da população mundial em 2017 vivem em áreas que passam pela escassez de água pelo menos um mês por ano.  Relatórios sobre estes dados são feitos anualmente como o Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento dos Recursos Hídricos (World Water Development Report – WWDR) (http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/natural-sciences/environment/wwdr/). Então, o problema não é a falta de pesquisas, dados ou alertas de especialistas e estudiosos.

Temos inclusive uma lei no Brasil, segundo a página do Ministério do Meio Ambiente (MMA) (http://www.mma.gov.br/agua.html), desde janeiro de 1997, conhecida como Lei das Águas que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH). Ela coloca que a água é considerada um bem de domínio público e um recurso natural limitado, dotado de valor econômico. Esta gestão da água deve proporcionar os seus vários usos de forma descentralizada e participativa. E tem que contar com a participação do Poder Público, dos usuários e da comunidade. E se tiver uma situação de escassez o uso prioritário é para o consumo humano e para a dessedentação de animais.  E o segundo artigo da Lei é mais bacana: “Assegurar a disponibilidade de água de qualidade às gerações presentes e futuras, promover uma utilização racional e integrada dos recursos hídricos e a prevenção e defesa contra eventos hidrológicos (chuvas, secas e enchentes), sejam eles naturais, sejam decorrentes do mau uso dos recursos naturais”.

Pois é, estamos assegurados, mas para que isso aconteça temos que estar cientes e cobrar dos governantes, ou seja, educar as pessoas para este conhecimento. Um conhecimento essencial para a nossa sobrevivência, lembrando mais uma vez que a água é uma das bases da nossa vida.

As empresas sabem disso muito bem, principalmente, para que seus negócios continuem, tenham perenidade e se sustentem. As empresas de bebidas alcóolicas e não alcóolicas, por exemplo, dependem da água como o seu insumo principal. A agricultura e a pecuária dependem deste recurso para trabalhar e produzir. A mineração, as montadoras, os megacomputadores dos bancos e muitas outras empresas dependem da energia que vem da água das hidrelétricas, nossa maior matriz. Ou seja, a água é essencial na nossa cadeia produtiva e no PIB do país. Tenho um grande amigo professor que sempre dizia que, na verdade, não exportamos grãos, cana, carne, minério de ferro ou qualquer outro insumo para os outros países. Na verdade, exportamos água em forma de carne, grãos, minério de ferro, etc. Os nossos principais negócios dependem diretamente ou indiretamente da água.

A água é um dos pilares da economia brasileira e só continuaremos tendo esta abundância se cuidarmos das nossas fontes, não poluirmos e tudo o que geralmente se aprende na escola (de novo). Mas precisamos sair do conceito e das leis escritas e passarmos para a ação, cobrança e fiscalização. E isso é trabalho do governo, da sociedade e das empresas. Se não fizermos isso urgente não conseguiremos “assegurar a disponibilidade de água de qualidade às gerações presentes e futuras”.

Comemore, estude, engaje mais pessoas e ajude a garantir o nosso futuro!





Marcus Nakagawa - professor da ESPM; coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental (CEDS); idealizador e diretor da Abraps; e palestrante sobre sustentabilidade, empreendedorismo e estilo de vida. Autor dos livros: 101 Dias com Ações Mais Sustentáveis para Mudar o Mundo e Marketing para Ambientes Disruptivos. www.marcusnakagawa.com, www.blogmarcusnakagawa.com

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