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segunda-feira, 18 de março de 2019

Tragédias e ataques nas escolas: deixamos de ser expectadores


A escola é uma das instituições mais relevantes de um país. É através dela que são dados os primeiros passos para a evolução de uma sociedade. Porém, com o passar dos anos, não só a figura do professor foi perdendo respeito, como também as escolas se tornaram um ponto de amplificação da violência ocorrida nas ruas, demonstrando o impacto das mudanças na sociedade na vida das crianças e adolescentes.

Os resultados são muros e portões cada vez mais altos, descaracterizando a instituição escolar, que não resolvem o cerne da violência neste espaço, além dos alunos com necessidades de ajuda comportamental, que são vítimas de bullying, crise de ansiedade, depressão, dependência química, entre outros problemas.

Somado a isso, vemos uma gestão pública ineficiente com poucos movimentos para combater as razões estruturais da insegurança nas ruas e tampouco nas escolas. É sabido que é preciso olhar de forma prioritária para questões administrativas e de infraestrutura nas instituições de ensino. Os governantes também precisam olhar com mais inteligência para os programas de melhoria de segurança pública. São inúmeras as saídas para brecar o avanço de criminalidade, inclusive nas escolas.

Policiamento e rotas ostensivas são necessárias, mas conscientização e treinamentos também são igualmente fundamentais. Pessoas treinadas tornam-se mais eficazes em situações de risco. Não limitando-se ao uso do armamento de fogo, mas sim de termos pessoas bem preparadas para casos inesperados. O Brasil não está acostumado com isso. No México, por exemplo, pessoas são treinadas para abalos sísmicos. Nos Estados Unidos há simulações para ataques em escolas. Ou seja, temos que olhar para fora e reconhecer que não somos mais expectadores de tragédias internacionais.

Em aspectos práticos, a adoção de medidas de primeiro nível de segurança já seria um passo inicial para garantir a integridade de alunos e professores. A criação de um sistema de inteligência, contemplando o monitoramento comportamental dos estudantes de canais de ajuda é o ponto inicial para criar círculos que possam identificar e antecipar tragédias. Essas iniciativas integradas, somadas ao mapeamento dos riscos, revisão dos procedimentos, e das estruturas físicas e tecnológicas das escolas, seminários de comportamento preventivo treinamentos periódicos dos agentes de segurança para capacitar estes profissionais a identificarem situações vulneráveis e como agir nos momentos de crise são medidas que ajudariam no controle da violência.

Lembrando que não são regras, mas sim boas práticas de segurança e proteção nos ambientes escolares. Alunos, educadores e pais agradecem.





Ellen Pompeu - especialista em segurança e sócia-diretora da ICTS Security, consultoria e gerenciamento de operações em segurança, de origem israelense.

Kaspersky Lab: análise do caso MoMo, que aterroriza crianças ao redor do mundo há um ano


David Emm, pesquisador de segurança e membro da Equipe de pesquisa e análise global da Kaspersky Lab, analisa o caso MoMo, que aterroriza crianças ao redor do mundo há um ano:

Estamos notando que o suposto "desafio" Momo ainda tem criado pânico e histeria em toda a internet, pois, há quase um ano, tem ganhado proporções diferentes e chamado a atenção das pessoas em diferentes países. É importante lembrar que isso não é uma ameaça cibernética genuína no sentido de infectar ou corromper dispositivos ou até mesmo tentar roubar, no entanto, é uma piada maliciosa que pretende chocar e desestabilizar os usuários. E, à medida que o mistério em torno do desafio cresce, as chances de mais pessoas serem tentadas a assustar seus amigos ou, mais preocupantemente, usar o meme para assediar e intimidar, aumentam.
 
Para os pais, uma ameaça como essa pode parecer, infelizmente, muito tentadora, já que seus filhos, que nunca conheceram um mundo sem internet, navegam no mundo online em alta velocidade. Talvez seja por isso que as crianças são, muitas vezes, as primeiras a serem expostas ao novo conteúdo que circula na internet, já que fazem buscas e compartilham informações constantemente. Embora isso não pareça ser uma tentativa de espalhar malware, é um lembrete oportuno de que, como pais, precisamos manter um contato próximo com o mundo online de nossos filhos e que o diálogo aberto é a melhor defesa contra conteúdos maliciosos e ameaças cibernéticas, bem como não aceitar/abrir qualquer conteúdo de fontes desconhecidas. Caso seu filho não tenha descoberto ainda nada sinistro para que a conversa seja mais direcionada, aconselhamos:

 
  • Ter conversas regulares com o (s) seu (s) filho (s) – conscientize-os sobre como estar seguro online – e entrem em um acordo sobre quais sites são apropriados para eles e garantir que entendam o raciocínio por trás disso. Eles também precisam saber que podem – e devem – confiar em um adulto se notarem alguma coisa perturbadora enquanto estiverem online;
  • Certifique-se de que seu filho entenda que ele não deve "fazer amizade" com alguém online que não conhece na vida real ou adicionar números desconhecidos a seus contatos – as pessoas online nem sempre são honestas sobre quem são e o que querem;
  • Ativar configurações de segurança – configurações como a reprodução automática devem ser desativadas e os controles parentais podem ser instalados para ajudar a evitar que as crianças visualizem conteúdo impróprio;
  • Faça uso de recursos, como mudo, bloqueio e relatório – isso os protegerá de muitos conteúdos nocivos;
  •  Nunca compartilhe informações pessoais, como números de telefone, endereços, etc, com pessoas que você não conhece;

Outras dicas podem ser vistas aqui





Kaspersky Lab


Múltiplas tragédias, uma causa!


Qualquer ser humano, desde o mais jovem ao mais adulto, sabe que, se não mantiver o seu corpo com alimentação saudável, exercícios regulares e bons hábitos, provavelmente acabará numa cama de hospital. Qualquer pessoa tem plena ciência de que seu carro, bicicleta ou mesmo sua casa, se não passar por manutenções periódicas, perderá valor rapidamente.

No campo do desenvolvimento urbano e infraestrutura, não é diferente. O planejador urbano, ao se deparar com o crescimento das cidades, precisa gastar muito tempo, não só para definir como elas irão desenvolver-se, mas também como preservarão, cuidarão e valorizarão seu patrimônio. De nada adianta prever e implantar parques, se eles ficarem sem manutenção e se tornarem lugares inóspitos para frequência. Tampouco terão retorno áreas cuja zeladoria pública esteja ausente.

O centro da cidade de São Paulo e as áreas de mananciais da Região Metropolitana são exemplos clássicos do absentismo do poder público quanto ao planejamento e cuidados urbanos. De nada adianta permitir a ocupação urbana em áreas de risco, colocando a vida das pessoas em jogo, se não há responsáveis para cuidar ou manter um nível aceitável de bem-estar para esses moradores. Da mesma forma, tornam-se ineficazes as várias restrições urbanísticas impostas ao centro de São Paulo, se levam os proprietários de imóveis a abandoná-los. A manutenção não precisa constituir-se em ônus para a administração pública. Também pode representar custo zero, seja através de investimentos da iniciativa privada, ou de incentivos a ela conferidos.

Recentemente, temos sido surpreendidos, por uma série de acidentes, que revelam o quanto o assunto "manutenção" é importante, mas deixado de lado. Os viadutos de São Paulo estão sob ameaça de queda. Já são dois interditados e agora se fala em outros. Quando há excesso de chuvas, as cidades alagam, aflorando a ineficiência de seus sistemas de drenagem e escoamento de águas. Também ficam sem energia, indicando não haver suficiente investimento em renovação e manutenção das instalações elétricas. Sem falar dos casos mais dramáticos, como o Edifício Wilton Paes de Almeida (São Paulo), Mariana e Brumadinho (MG), com vítimas fatais.

Nunca foi costume do Brasil investir na preservação de seu patrimônio cultural, ambiental, esportivo ou mesmo na sua infraestrutura urbana. Aliás, há uma ironia em tudo isso. Enquanto nossos legisladores, no afã de constituir um legado para as futuras gerações, continuam tombando prédios urbanos, criando áreas de preservação, ou mesmo projetando equipamentos públicos gigantescos, como os estádios da Copa ou o Parque Olímpico no Rio de Janeiro, constata-se a absoluta falta de planejamento quanto aos recursos humanos e financeiros necessários para sua manutenção. Não é surpresa, portanto, vermos periodicamente, essas tragédias e dramas nos veículos de imprensa. A rigor, todos os acidentes têm a mesma causa, atrelada a essa questão cultural de nosso país. 

Mas, não precisa ser assim, pois, ao redor do mundo e mesmo no Brasil, bons exemplos de investimentos em manutenção não faltam. Tomemos a cidade de Orlando, na Florida. São mais de 60 milhões de visitantes, anualmente, frequentando os parques e a cidade, atraídos por sua beleza urbana e segurança, aportando quase US$ 50 bilhões aos cofres do município. Aqui, temos a Riviera de São Lourenço, em Bertioga, onde, há mais de 30 anos, centenas de milhares de pessoas frequentam o bairro, encantadas com sua praia sempre limpa, água e esgotos tratados, sem problemas relacionados ao lixo ou inundações. Essa frequência proporciona transferência permanente de renda de seus proprietários e usuários de 200 milhões de reais por ano para Bertioga. Manutenção não é despesa. É investimento. É geração de riqueza e bem-estar. 

Estamos na era digital, das cidades criativas ou smart cities, cujo sucesso ou fracasso será pautado pela inovação, a tecnologia, a capacidade intelectual e de investimento de seus administradores e empreendedores, aliadas aos cuidados e manutenção dos espaços urbanos, por meio de processos regulatórios e fiscalizatórios. Está aí um desafio para os nossos novos administradores. 






Luiz Augusto Pereira de Almeida - diretor da Fiabci-Brasil — Federação Internacional Imobiliária e diretor de Marketing da Sobloco Construtora.



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