Pesquisa americana definiu relação concreta entre a
bactéria H.pylori e incidência de câncer no estômago
Um estudo publicado no New England Journal of
Medicine indicou que o tratamento da bactéria Helicobacter pylori,
responsável pelos casos de infecção gástrica, reduziu quase pela metade a
incidência de câncer gástrico em estágio precoce, conforme explica o Dr. Marcos
Belotto, gastrocirurgião do Hospital Sírio Libanês. "Além de mostrar
resultados importantes sobre a incidência da neoplasia gástrica, a pesquisa
indicou também uma melhora da atrofia do corpo gástrico, uma das consequências
mais comuns da doença", alerta.
Estudos anteriores já haviam detectado a presença
de lesões pré-cancerosas na mucosa gástrica em pacientes com gastrite crônica e
a presença da bactéria H.pylori. "Faltava comprovar a relação direta entre a
bactéria e a neoplasia, e descobrir, também, os efeitos da erradicação deste
microorganismo na incidência dos tumores gástricos", destaca
Belotto.
Para isso, foram avaliados 470 pacientes submetidos
à cirurgia endoscópica para ressecção do tumor gástrico precoce ou de grau um.
As pessoas analisadas foram divididas em dois grupos. O primeiro foi medicado
com antibiótico para combate do H. pylori e o segundo recebeu placebo. Dentro
da amostra, 14% dos pacientes tratados com placebo desenvolveram a neoplasia, e
somente 7% daqueles que receberam o antibiótico manifestaram o problema.
Além da incidência do tumor, a
pesquisa trouxe duas outras descobertas importantes. "Foi
detectado também que o tratamen
to da gastrite causada pela bactéria melhorou os
índices de lesões pré-cancerígenas no intestino em 36%, bem como a melhora de
atrofia de corpo gástrico, muito comum no tratamento do câncer gástrico",
conclui Marcos Belotto.