Pesquisar no Blog

domingo, 3 de junho de 2018

COMPLEXO DE AFRODITE


COMO VENDER MAIS NO DIA DOS NAMORADOS


Na mitologia grega, Afrodite sofrera de um sórdido destino. Seu nascimento, diferentemente do que regem as leis da procriação, deu-se de forma pouco usual: Cronos, Deus do Tempo, decepou os testículos de seu pai, Urano, movido pelo medo de ser expulso do Olimpo. Do esperma derramado ao mar, constituiu-se a personificação do amor, beleza e sensualidade.

Criada mediante apenas à presença varonil, a deusa conheceu do contato prematuro com as intempéries da jornada mitológica que, para alcançar seus objetivos, fazia-se necessário hipermasculinizar-se. Dos jogos de sedução ao apelo exacerbado às aparências, a divindade persistia em procurar a razão da sua estertorante incompletude: o equilíbrio interior.

E o Dia dos Namorados? O que tem a ver com o mito de Afrodite? De acordo com a psiquiatra especialista em linguagem arquetípica da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, Jean Shinoda Bolen, existe uma disfunção que faz com que os indivíduos “inflem” o outro lado da moeda, fazendo com que as características inerentes ao sexo oposto sejam acentuadas.

Intitulado “Complexo de Afrodite”, esta patologia faz com que ambos os parceiros invistam energia psíquica na tentativa de manter o cônjuge em um jogo patológico intermitente de domínio e fusão erótica. Em outras palavras, o homem passa a adotar uma postura mais apática e de subserviência, à medida que a mulher se torna mais agressiva e controladora.

Na percepção da especialista, o aparelho mental de cada lado passa a operar de acordo com a seguinte sentença: “preciso acentuar o lado oposto que falta dentro de mim para que, desta maneira, eu possa constituir o personagem que falta no interior do outro”. Assim, homens-femininos completam mulheres-masculinas, engendrando-se, fantasiosamente, entre si.

O mercado, que não é bobo nem nada, também pode se aproveitar desta inclinação delirante dos casais afeiçoados ofertando produtos que se moldam às faltas primitivas que cada um dos sexos tende a procurar em suas caras-metades. Para isso, basta que adeque as estratégias de marketing às imagens arquetípicas correspondentes ao desejo inconsciente das partes.

E como se faz isso? O primeiro passo consiste em delinear o posicionamento de comunicação das campanhas publicitárias. No próximo dia 12 de junho, por que não se utilizar dos motes “ele/ela, do seu jeito”? Ao aludir ao universo do imaginário aspirado, os serviços ofertados acertarão em cheio na constituição fetichista da psique dos casais, maximizando as vendas.

Em relação ao apelo imagético dos anúncios, esqueça os modelos de terno e gravata, assim como mulheres-protótipos das propagandas de margarina. Quer que ela compre produtos para ele? Faça com que ele seja retratado como um homem do lar, no estilo Rodrigo Hilbert, apresentador de um conhecido programa de culinária gourmet exibido na TV a cabo.

Precisa que ele consuma produtos para presenteá-la? Abra mão do clichê comunicacional constituído pelos signos triviais da data como bombons, flores e perfumes importados. Substitua-os por elementos de representação fálica que demonstrem empoderamento, superioridade e firmeza como: celulares, tablets, batons, bolsas, sapatos e joias.

E na hora de estar frente a frente com o cliente? Evite termos comerciais da Grécia Antiga como “ele gostará muito do presente” ou “mulher sempre gosta deste produto”, substituindo-os pelas correspondências simbólicas veneradas pelos compradores: “neste traje, o seu namorado ficará um gentleman” e “utilizando este acessório, ela ficará ainda mais irresistível”.

Ainda, apostar na experiência lasciva do ponto de venda por meio de ações que ajudem o shopper a visualizar como o outro lado da laranja ficaria utilizando o “Elixir dos Deuses” proposto pode ser a flecha que unirá os pombinhos decaídos em paixonite. Afinal, neste limbo dos desequilibrados, nada melhor do que se olhar no “Espelho de Afrodite”.



Renan Cola - psicanalista da É Freud, viu?



sexta-feira, 1 de junho de 2018

SOBRAC: O que fazer diante de uma vítima de parada cardíaca?

Como realizar os primeiros procedimentosem uma vítima de parada cardíaca
Você sabe identificar os sinais de uma parada cardíaca? Sabe fazer as manobras de reanimação (massagem cardíaca) ou usar um Desfibrilador Externo Automático (DEA)? Provavelmente, não. Isso porque, no Brasil, o socorro imediato e emergencial para os casos de parada cardíaca – e mesmo primeiros socorros básicos para acidentes mais comuns - ainda é negligenciado, e pouco difundido. Histórias reais e fatais ajudam a estimular a educação e conscientizar a população leiga sobre a importância do atendimento imediato em situações críticas, como nos casos de uma parada cardíaca.   

“Há muitos anos a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC) faz alertas e campanhas educativas, inclusive com demonstrações públicas sobre a importância do socorro imediato às vítimas com parada cardíaca. Por isso, enfatizamos na nossa campanha – Coração na Batida Certa – as manobras de reanimação e uso do desfibrilador externo. A parada cardíaca e a morte súbita não dão sinais prévios e quem está por perto pode salvar uma vida”, explica a presidente da SOBRAC, a cardiologista Denise Tessariol Hachul.
O infarto cardíaco (morte do tecido muscular do coração por falta de circulação sanguínea) é a principal causa de parada cardíaca e morte súbita no mundo ocidental. Outras causas são a insuficiência cardíaca, que pode ter várias origens, a embolia pulmonar e os problemas congênitos ou geneticamente determinados.  Se o socorro é realizado de imediato, em muitos casos é possível reverter o quadro e diminuir os riscos de lesão cerebral, geralmente com sequelas irreversíveis.
Entre 2001 e 2002, o paulista Gilmar de Oliveira, psicólogo organizacional aposentado, fez três cirurgias cardíacas e implantou um marca-passo definitivo, após dois infartos, aos 37 e 38 anos. Na época, Oliveira estava com a frequência cardíaca extremamente baixa, em torno de 25 batimentos por minuto. Nunca precisou de socorro imediato e nem de reanimação cardíaca. Somente em 2014, como voluntário durante da Copa do Mundo, em São Paulo, é que apendeu as técnicas de reanimação e como usar do Desfibrilador Externo Automático (DEA). “Aprendi os procedimentos e foi então que percebi a importância do treinamento para o público leigo. Embora não tenha feito nenhum atendimento durante a Copa, eu estava pronto para socorrer, se necessário fosse”, explica Oliveira, hoje com 64 anos.
A mineira Luciana Alves, também portadora de marca-passo, não chegou a ser socorrida na rua. A primeira vez foi dentro de um hospital, quando estava em avaliação para diagnosticar seus sintomas; a segunda, também em ambiente hospitalar, por causa de uma queda brusca na frequência cardíaca. Aos 28 anos, Luciana sentiu os primeiros sintomas de uma arritmia cardíaca e, em junho de 2012, aos 38 anos, depois de uma internação em UTI, foi diagnosticada com Disfunção do Nó Sinusal (ou seja, disfunção do marca-passo cardíaco natural do coração) e recebeu o implante do dispositivo cardíaco artificial.
“Sempre lembro do meu caso e vejo que é extremamente importante saber socorrer alguém de forma rápida e segura. Isso significa reduzir as chances de sequelas e uma infinidade de sofrimentos podem ser evitados. Depois de duas paradas cardíacas e um dispositivo implantado, voltei a realizar atividades normais, a fazer as coisas que sempre fiz e a praticar atividade física. Quando você está preparado para socorrer alguém, possibilita isso aos outros também”, diz Luciana, doutora em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de Minas Gerais, fundadora do Blog e-Patient Brazil – Pacemaker Users e presidente do Clube do Marcapasso, organização sem fins lucrativos cuja missão é ajudar pacientes com dispositivos médicos implantáveis. Em seu Blog e redes sociais, Luciana compartilha informações relacionadas à saúde e tecnologia, além de facilitar o contato regional e global entre médicos e pacientes.
Geralmente, a parada cardíaca acomete pessoas ativas, que desempenham suas atividades cotidianas normalmente e, de repente, por estresse físico, emocional, ou outra razão, sofrem um mal súbito. E são esses sustos que servem de alerta.
A carioca Aline Rocha tem um histórico parecido. Saudável e praticante de ciclismo e montanhismo, fez diversas investigações e tratamentos, até o último recurso, o implante de marca-passo em 2003, aos 30 anos de idade: “Depois de muitas síncopes e arritmias, inclusive fibrilação atrial!”. Aline também teve parada cardíaca dentro do hospital, sem precisar de socorro emergencial em locais públicos. Hoje, mesmo com o marca-passo implantado, sua maior distância em corridas marca 25km de montanha - esforço equivalente à uma maratona.
“Fui socorrida por profissionais durante a minha cirurgia para o implante do marca-passo. Digamos que estava segura. Talvez não pudesse contar esta história, nem continuar correndo, caso tivesse uma parada cardíaca na rua ou em um show. Por isso, qualquer cidadão deve ser orientado e treinado para socorrer. Infelizmente, isso não é muito difundido e também não vejo aqui no Rio, por exemplo, desfibriladores portáteis (DEAs) em locais públicos, que deveriam estar disponíveis para aqueles que já sabem fazer a reanimação cardíaca”, relata Aline.
Segundo a Presidente da SOBRAC, a maioria das mortes ocorre fora do ambiente hospitalar, sendo que 86% das paradas cardíacas acontecem nos próprios lares das vítimas e 50% são assistidas por um adolescente ou por uma criança, sem nenhum adulto por perto. Considerada de alta incidência, 14% das paradas cardíacas ocorrem em vias públicas ou em lugares de grande concentração de pessoas, como em aeroportos, dentro de aeronaves, shopping centers, estádios desportivos, cadeias públicas. Em todos os casos, o atendimento rápido é fundamental para que se evite a morte súbita ou sequelas decorrentes de uma parada cardíaca não recuperada.
Sobre atividade física, a cardiologista lembra ainda que é sempre benéfica, para pessoas de todas as idades, gêneros e etnias. Alguns estudos, no entanto, observam que os exercícios de alta intensidade, quando realizados por longos períodos de tempo, podem aumentar o risco de morte súbita. Em indivíduos com mais de 35 anos, a principal causa de parada cardíaca durante a prática esportiva é a doença arterial coronária (DAC) e, assim como na população em geral, a avaliação deve focar o diagnóstico da DAC.
“A divulgação desses depoimentos reais e a realização de ações concretas, dirigidas por sociedades médicas como Campanhas em nível populacional, têm como objetivo promover a conscientização sobre a importância do reconhecimento e do atendimento imediato de vítimas de parada cardio respiratória (PCR), seja dentro de suas casas, em locais públicos, no ambiente de trabalho, em instituições de ensino e mesmo dentro de serviços de saúde. Ações preventivas e educativas, como as realizadas pela SOBRAC, são imprescindíveis e devem ser disseminadas amplamente”, pontua Dra. Denise Hachul.


Dicas Úteis - Lembre-se!

  • morte súbita pode ser evitada em grande parte dos casos, se o socorro à vítima for realizado rapidamente, por meio de massagens cardíacas e aplicação de um choque elétrico no peito do paciente (desfibrilação). Esse choque é liberado por um aparelho chamado Desfibrilador Externo Automático (DEA), facilmente manuseado, desde que haja treinamento prévio.
  • É extremamente recomendável – em várias circunstâncias é obrigatória - a existência de um DEA facilmente acessível em locais públicos ou privados de grande circulação de pessoas, como por exemplo: praças, parques, praias, shoppings centers, aeroportos, estações rodoviárias e de trens, clubes, condomínios, estádios de futebol, ginásios esportivos, academias de ginástica e instituições de ensino, entre outros.
  • O índice de sucesso na recuperação de uma PCR depende diretamente do tempo transcorrido entre a sua ocorrência, o início das massagens cardíacas externas e a desfibrilação.
  • As chances de sobrevivência da vítima diminuem cerca de 10% a cada minuto de atraso nesse socorro.
  • Danos cerebrais irreversíveis  podem ocorrer  a partir de 4 a 6 minutos após uma parada cardíaca não socorrida.
  • Poucas tentativas de reanimação cardíaca são bem sucedidas após 10 minutos.
  • Se você não estiver preparado/a para realizar as manobras de reanimação e não souber usar o DEA, acione uma equipe de socorro local, solicite imediatamente um DEA e ligue rapidamente para o SAMU (192).



Sobre a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas – SOBRAC
Criada oficialmente em 1984, a SOBRAC, antigo Departamento de Arritmias e Eletrofisiologia Cardíaca (DAEC), é uma entidade médica sem fins lucrativos, afiliada à Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Seus objetivos são normatizar as atividades relacionadas às arritmias cardíacas no Brasil, promover o desenvolvimento científico e a valorização profissional da especialidade, além de orientar a população leiga a respeito dos problemas mais comuns ligados à arritmia cardíaca e morte súbita por meio de campanhas educativas.
Site SOBRAC: www.sobrac.org

Pedro Parente pede demissão da presidência da Petrobras


A Petrobras informa que Pedro Parente pediu demissão do cargo de presidente da companhia na manhã de hoje. A nomeação de um CEO interino será examinada pelo Conselho de Administração da Petrobras ao longo do dia de hoje. A composição dos demais membros da diretoria executiva da companhia não sofrerá qualquer alteração.

Veja abaixo a íntegra da carta de Pedro Parente.




Em 01 de junho de 2018

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

Quando Vossa Excelência me estendeu o honroso convite para ser presidente da Petrobras, conversamos longamente sobre a minha visão de como poderia trabalhar para recuperar a empresa, que passava por graves dificuldades, sem aportes de capital do Tesouro, que na ocasião se mencionava ser indispensável e da ordem de dezenas de bilhões de reais. Vossa Excelência concordou inteiramente com a minha visão e me concedeu a autonomia necessária para levar a cabo tão difícil missão.

Durante o período em que fui presidente da empresa, contei com o pleno apoio de seu Conselho. A trajetória da Petrobras nesse período foi acompanhada de perto pela imprensa, pela opinião pública, e por seus investidores e acionistas. Os resultados obtidos revelam o acerto do conjunto das medidas que adotamos, que vão muito além da política de preços.

Faço um julgamento sereno de meu desempenho, e me sinto autorizado a dizer que o que prometi foi entregue, graças ao trabalho abnegado de um time de executivos, gerentes e o apoio de uma grande parte da força de trabalho da empresa, sempre, repito, com o decidido apoio de seu Conselho.

A Petrobras é hoje uma empresa com reputação recuperada, indicadores de segurança em linha com as melhores empresas do setor, resultados financeiros muito positivos, como demonstrado pelo último resultado divulgado, dívida em franca trajetória de redução e um planejamento estratégico que tem se mostrado capaz de fazer a empresa investir de forma responsável e duradoura, gerando empregos e riqueza para o nosso país. E isso tudo sem qualquer aporte de capital do Tesouro Nacional, conforme nossa conversa inicial. Me parece, assim, que as bases de uma trajetória virtuosa para a Petrobras estão lançadas.

A greve dos caminhoneiros e suas graves consequências para a vida do País desencadearam um intenso e por vezes emocional debate sobre as origens dessa crise e colocaram a política de preços da Petrobras sob intenso questionamento. Poucos conseguem enxergar que ela reflete choques que alcançaram a economia global, com seus efeitos no País. Movimentos na cotação do petróleo e do câmbio elevaram os preços dos derivados, magnificaram as distorções de tributação no setor e levaram o governo a buscar alternativas para a solução da greve, definindo-se pela concessão de subvenção ao consumidor de diesel.

Tenho refletido muito sobre tudo o que aconteceu. Está claro, Sr. Presidente, que novas discussões serão necessárias. E, diante deste quadro fica claro que a minha permanência na presidencia da Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas que o governo tem pela frente. Sempre procurei demonstrar, em minha trajetória na vida pública que, acima de tudo, meu compromisso é com o bem público. Não tenho qualquer apego a cargos ou posições e não serei um empecilho para que essas alternativas sejam discutidas.

Sendo assim, por meio desta carta, apresento meu pedido de demissão do cargo de Presidente da Petrobras, em caráter irrevogável e irretratável. Coloco-me à disposição para fazer a transição pelo período necessário para aquele que vier a me substituir.

Vossa Excelência tem sido impecável na visão de gestão profissional da Petrobras. Permita-me, Sr. Presidente, registrar a minha sugestão de que, para continuar com essa histórica contribuição para a empresa — que foi nesse período gerida sem qualquer interferência política — Vossa Excelência se apoie nas regras corporativas, que tanto foram aperfeiçoadas nesses dois anos, e na contribuição do Conselho de Administração para a escolha do novo presidente da Petrobras.

A poucos brasileiros foi dada a honra de presidir a Petrobras. Tenho plena consciência disso e sou muito grato a que, por um período de dois anos, essa honra única me tenha sido conferida por Vossa Excelência.

Quero finalmente registrar o meu agradecimento ao Conselho de Administração, meus colegas da Diretoria Executiva, minha equipe de apoio direto, os demais gestores da empresa e toda força de trabalho que fazem a Petrobras ser a grande empresa que é, orgulho de todos os brasileiros.

Respeitosamente,

Pedro Parente
 

Posts mais acessados