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terça-feira, 25 de abril de 2017

Afrobras e Zumbi dos Palmares lançam portal de empregos para afrodescendentes



O Brasil, que durante muito tempo foi visto como uma democracia racial, possui oito vezes menos negros em cargos executivos no mundo empresarial do que os EUA, país considerado um exemplo paradigmático do racismo. Ademais, das 500 maiores empresas que atuam na sociedade brasileira, mais de 80% não têm medidas com metas e ações planejadas para incentivar a inserção de negros em seus quadros gerenciais.

 Reprodução da homepage www.afrobras.trabalhando.com

 
Totalmente gratuito, o www.afrobras.trabalhando.com é um portal onde os afrodescendentes podem cadastrar seus currículos e se candidatarem às vagas de emprego anunciadas. As empresas interessadas em diminuir a desigualdade racial no seu quadro de funcionários também podem anunciar suas vagas gratuitamente, encontrar e incluir com mais facilidade os afrodescendentes nos seus processos seletivos. 
 
A ONG Afrobras e a Faculdade Zumbi dos Palmares criaram o projeto Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial em novembro de 2016 para promover diversas ações em parceria com empresas privadas que compactuam com o intuito de melhorar a inserção das minorias no âmbito corporativo. A primeira delas foi a criação do portal de empregos pelo Universia, do Banco Santander. 

Além deles, Magazine Luiza, Microsoft, Itaú, Bradesco e outras grandes corporações são apoiadoras do projeto e já estão anunciando suas vagas no portal www.afrobras.trabalhando.com, que pode ser acessado por meio de computadores, smartphones e tablets.

“Durante muito tempo falou-se que não se contratava jovens negros por defasagem de qualificação. Queremos com este projeto apresentar ao mercado de trabalho milhares de jovens negros qualificados e prontos para serem inseridos em grandes empresas. Não podemos deixar grandes talentos serem barrados em oportunidades por questões raciais”, explica José Vicente, presidente da Afrobras, reitor da Zumbi dos Palmares e idealizador do projeto.
Além disso, a Faculdade Zumbi dos Palmares e a Afrobras têm outro projeto de inserção no mercado de trabalho exclusivo para os alunos da instituição. Empresas parceiras como Bradesco e Citibank fazem seleções exclusivas entre os alunos da Zumbi dos Palmares para inserí-los na disputa por vagas de trainees e estagiários em diversas categorias.


O Negro Nas Universidades e No Mercado de Trabalho



Fonte: IBGE e Instituto Ethos/BID Perfil Social, Racial e de Gênero das 500 Maiores Empresas do Brasil e Suas Ações Afirmativas



Além da dificuldade de inserção, segundo levantamento de dados do Ministério do Trabalho e Emprego, em São Paulo, mesmo quando apresentam igual nível de escolaridade, os negros recebem 31,5% (homens) e 37,5% (mulheres) menos que os brancos para a mesma ocupação.

Nos Estados Unidos, os negros representam 12,6% da população e correspondem a 9,4% dos executivos em cargos de direção nas 100 maiores companhias do país, de acordo com o The Executive Leadership Council. Para uma representação de negros em cargos executivos no Brasil equivalente aos EUA, o país, que tem 52,9% de população negra (pretos e pardos segundo classificação do IBGE), deveria ter 39,5% de afrodescendentes em postos de direção, um percentual oito vezes superior aos atuais 4,7%. “A julgar pelos dados do mundo corporativo, a desigualdade racial existente na nação que durante muito tempo se imaginou como uma democracia racial, paraíso da convivência entre as “raças”, é maior do que a presente no país que representaria o exemplo mais acabado da existência do racismo. Verdade desconcertante!”, conclui a partir desses dados o antropólogo Pedro Jaime, em entrevista dada ao Nexo Jornal. 

Executivos Negros: racismo e diversidade no mundo empresarial
Adaptação de uma tese de doutorado defendida no Brasil e na França pelo antropólogo Pedro Jaime, o livro Executivos Negros: racismo e diversidade no mundo empresarial aborda a questão racial nas empresas e mapeia a trajetória profissional de duas gerações de executivos negros no Brasil, sobre as quais baseia seu estudo. Além de apresentar um levantamento numérico e qualitativo desses executivos negros e do cargo que ocupam, o autor se debruça sobre o contexto de inserção no mercado de trabalho dos profissionais da 1a geração nos anos 70, num cenário marcado pela ditadura militar e pelo mito da democracia racial; e daqueles da 2a geração no começo do século XXI, já num contexto de disputas em torno das políticas de ação afirmativa. 

Lançado pela Edusp, o livro Executivos Negros conta com o apoio da Afrobras e da Faculdade Zumbi dos Palmares. O autor, Pedro Jaime, professor do Programa de Pós-Graduação em Administração do Centro Universitário FEI e do Núcleo de Humanidades da ESPM, colabora com o Projeto Iniciativa Empresarial Pela Igualdade.

Projeto Iniciativa Empresarial Pela Igualdade
Em levantamento realizado pelo Instituto Ethos e divulgado em 2016, dentre as 500 maiores empresas do Brasil, apenas 3,4% afirmaram possuir políticas com metas e ações planejadas para incentivar a inserção dos negros em cargos executivos. Mais de 80% dessas empresas afirmaram não terem qualquer política de incentivo para inserção de negros gerenciais ou de direção. 



Fonte: Instituto Ethos


Alem do portal de empregos, o Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial desenvolveu o pacto dos 10 Compromissos da Empresa com a Promoção da Igualdade, para que as empresas possam estabelecer metas e cronogramas dentro de um plano de ação geral ou específico para cada item. http://portal.trt15.jus.br/documents/10157/2387990/adesao-iniciativa.pdf/b42d59a8-f40b-4956-a608-ce409947edc4




Sobre a Afrobras:

A Afrobras é uma organização não governamental, fundada em 1997, que reúne intelectuais, autoridades, personalidades, negras ou não, e tem por finalidade trabalhar pela inserção socioeconômica, cultural e educacional dos jovens negros brasileiros. Em âmbito nacional, realiza atividades de informação, formação, capacitação, qualificação e ações afirmativas para inserção e visibilidade do negro brasileiro. Nesse sentido, soma-se às demais ações afirmativas recentemente implementadas nas distintas esferas do poder público e setor corporativo.

Para viabilidade dos objetivos da existência da AFROBRAS, ela promove, incentiva e realiza individualmente e com apoio de parceiros nacionais ou internacionais, diversos projetos como reuniões, debates, seminários, workshops, eventos sociais, culturais, esportivos, musicais, ações de interlocução política e institucional, assim como cria, desenvolve e executa projetos especiais que permitam cumprir seus objetivos institucionais de inclusão, valorização e protagonismo do negro brasileiro.





O que o código dos samurais nos ensina sobre liderança



Imersos no caos das mudanças e desafios do contexto atual, os líderes muitas vezes se sentem deslocados e podem se equivocar sobre as estratégias a serem tomadas, os tempos de ação, as escolhas, as decisões e as atitudes.

Mas, será que isso é possível? Será que podem aprender a ser mestres na arte da liderança, conseguir os resultados escolhidos e chegar à solução ideal, sem perder a saúde e a identidade? O encontro da cultura oriental com a ocidental pode ajudar a responder essas questões e formar novas possibilidades de entendimento e ação para os líderes das empresas. 

É o caso do Bushido, antigo código de honra e um estilo de vida para os samurais, que fornecia parâmetros para esses guerreiros viver e morrer com honra. Literalmente, Bushido significa “caminho do guerreiro” e nele é possível identificar alguns princípios extremamente eficazes para o “caminho” do dia a dia de trabalho e algumas respostas relacionadas à liderança eficaz.

Entre os sete princípios identificados nesse código, temos a Honestidade e Justiça, isto é, seja honesto com os outros e com você mesmo. Não espere a justiça de fora, ela tem que vir primeiramente de você. Busque ser honesto com aquilo que você precisa melhorar em si próprio e tenha claro as suas intenções e valores, assim como objetivos e resultados. 

Como é tão bem colocado no código de honra dos samurais: esconder-se como uma tartaruga na sua carapaça, não é viver. Esse é o princípio Heroico e Coragem, que tem como visão superar o medo de agir, de tomar decisões e ir além das limitações, que são desafios constantes no contexto empresarial. 

Compaixão não poderia estar de fora desse código do Bushido. A força, o poder interior e o carisma que um samurai adquire no decorrer do seu treinamento e preparação são utilizados para a realização, principalmente do bem comum. 

A Sinceridade também é valorizada como princípio no código. Quando um samurai exprime uma intenção de ter uma determinada ação, esta ação é, na pratica, já realizada. Para o código dos samurais, só existe um juiz em relação à Honra - outro importante princípio-: ele mesmo. Isso significa que o comprometimento interno com as próprias decisões e ações é grande. 

O sétimo e último princípio é o dever e lealdade, uma verdadeira lição. O Samurai assume a plena responsabilidade pelas suas ações. Nesse caso, lealdade é considerada também em relação aos seus próprios objetivos, a não abandoná-los na primeira dificuldade. 

Seguindo essas reflexões, podemos compreender que a base para a conquista da maestria na liderança se resume na conquista de si mesmo por meio do profundo conhecimento da própria natureza interior. Para ter excelência no externo, precisa ter maestria no interno!




Eduardo Shinyashiki - mestre em neuropsicologia, liderança educadora e especialista em desenvolvimento das competências de liderança organizacional e pessoal. Com mais de 30 anos de experiência no Brasil e na Europa, é referência em ampliar o poder pessoal e a autoliderança das pessoas, por meio de palestras, coaching, treinamentos e livros, para que elas obtenham atuações brilhantes em suas vidas. Mais informações: www.edushin.com.br


Automutilação, suicídio e bullying: o que podemos aprender a Baleia Azul e 13 Reasons Why



Nas últimas semanas não se fala em outro assunto: o jogo da Baleia Azul e a série 13 Reasons Why. Em ambos uma coisa em comum: o suicídio de adolescentes. A BBC Brasil divulgou na semana passada dados que comprovam que o suicídio entre os jovens cresceu 27,2% entre 1980 e 2014. Portanto, a Baleia Azul e série da Netflix não podem ser julgados isoladamente pelas mortes dos jovens brasileiros. A problemática do suicídio é bem mais complexa.

Por mais revoltante que possa ser pensar que jovens perderam suas vidas “inspirados” ou “manipulados” por um jogo ou por uma série, podemos afirmar que a Baleia Azul e a 13 Reasons Why serviram para um despertar coletivo da sociedade sobre a necessidade de prestar mais atenção nos adolescentes, de ouvi-los verdadeiramente, de entender seus conflitos com um olhar mais atencioso e amoroso.

Para Thais Quaranta, psicóloga e neuropsicóloga, confundadora da NeuroKinder, virão outros jogos, outros filmes, outras séries. O que realmente precisa mudar é o comportamento em relação às crianças e aos adolescentes. “Todo ser humano tem necessidade de reconhecimento, de afeto e de atenção, incluindo os jovens. Enquanto os pais estiverem ocupados demais e não puderem entender a importância da presença na vida dos filhos, continuaremos a lidar com essas situações no cotidiano”, diz Thais.

“Muitos pais acreditam que a infância é a fase mais crítica e que quando os filhos crescem a atenção não é tão necessária. Isso é um equívoco. A adolescência é uma fase repleta de conflitos emocionais. Além disso, há mudanças fisiológicas importantes, como a perda de 30% dos receptores da dopamina, um neurotransmissor ligado à sensação de prazer e felicidade. Com isso, o adolescente pode ficar mais depressivo ou mal humorado. Sem contar que nessa fase a área do cérebro que controla os impulsos, planejamento de consequências e o pensamento de causa e efeito é pouco desenvolvida, levando o jovem a não prever os riscos envolvidos em certas situações”, explica Thais.

Os pais precisam ter em mente que são insubstituíveis na vida dos filhos. Isso é especialmente importante para casais que se separam. Não existe divórcio dos filhos. Outro ponto é que a internet tem “substituído” a presença dos pais e isso é muito prejudicial, principalmente porque não há controle sobre o conteúdo acessado.

Segundo Thais, há várias ameaças online, a Baleia Azul é apenas uma delas. “Quantos casos conhecemos de pedofilia online, por exemplo? Sem contar que para entrar em algumas redes sociais é preciso ter mais de 18 anos, portanto o que adolescentes estão fazendo no Facebook? Com quem eles falam? O que eles falam? Que tipo de site eles acessam? Quantas horas por dia eles ficam online?”.

“Hoje há um excesso de conectividade que pode, inclusive, levar o jovem à dependência da tecnologia. Esse abuso pode gerar isolamento social, que por sua vez pode levar à depressão. Portanto, como vemos, há urgência em rever o tipo de relacionamento dos pais com os filhos. É preciso sim exercer a autoridade para dar limites, para impor a disciplina. Isso é especialmente importante, por exemplo, para estabelecer regras de uso da internet, do celular”, diz Thais.  

“Tudo é uma questão de bom senso. Na adolescência há um afastamento natural dos pais. Os pais precisam saber lidar com isso de forma respeitosa. Os limites devem ser colocados de forma afetuosa, não rígida demais. Os pais precisam também prestar atenção em mudanças de comportamento, como passar horas trancado no quarto, excesso ou falta de sono, excesso ou falta de apetite, mudança drástica na forma de se vestir, surgimento de amizades com pessoas mais velhas ou que tenham problemas com drogas ou álcool. Só é possível notar essas mudanças se os pais se dedicarem aos filhos com sua presença, afeto e atenção”, conclui Thais.




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