Especialistas
destacam benefícios da Terapia de Estimulação Cerebral Profunda, uma das mais
avançadas para minimizar transtornos de movimento próprios da enfermidade
A
Doença de Parkinson é a segunda enfermidade neurodegenerativa mais frequente no
mundo, afetando aproximadamente 4,6 milhões de pessoas acima de 50 anos de
idade. No Brasil, estima-se que 200 mil pessoas sofram da doença[i] e a Organização Mundial de Saúde (OMS)
projeta que o total de pacientes duplicará até 2030[ii].
O
Parkinson inclui sintomas motores, ou seja, relacionados ao movimento, como
tremor, lentidão e dificuldade para caminhar; assim como sintomas não motores
como transtornos do sono, dor nas articulações ou nas costas, constipação,
perda do olfato, depressão, ansiedade, sintomas urinários, entre outros[iii]. Os sintomas não motores podem se
apresentar vários anos antes dos primeiros sintomas motores[iv],
e nem todos os pacientes apresentam os mesmos sinais da doença.
A
diversidade de sintomas, aliada à falta de conscientização entre a população em
geral, faz com que a doença seja detectada tardiamente em muitos casos,
permanecendo não diagnosticada por anos[v].
Notar os sinais logo em seu início e a realizar um diagnóstico precoce favorece
o início do tratamento em tempo útil e, como consequência, a conservação da
qualidade de vida[vi].
Os
primeiros sintomas que devem incentivar um paciente a buscar ajuda médica
incluem mudanças sutis na forma de caminhar, perda de expressão facial ou diminuição
da piscada de olhos, alterações na escrita, diminuição do volume da voz e
dificuldade para abotoar a roupa[vii]. “Se
ligados a esses sinais estiverem presentes alguns dos sintomas não motores, a
possibilidade de que o quadro corresponda à Doença de Parkinson aumenta”, diz o
Dr. Rubens Gisbert Cury, médico neurologista do Hospital Samaritano e Hospital
Sírio Libanês.
Atualmente,
não existe cura para o Parkinson, porém, existem terapias medicamentosas e cirúrgicas
que ajudam a controlar eficazmente os sintomas da doença durante muitos anos,
permitindo aos pacientes levar uma vida de forma independente, na maioria dos
casos.
Terapia
de Estimulação Cerebral Profunda
Para
os pacientes cujos sintomas motores não podem ser controlados por medicamentos,
existe uma terapia chamada Estimulação Cerebral Profunda (ou DBS, da sua sigla
em inglês, Deep Brain Stimulation), que consiste em um dispositivo implantado
no cérebro por um procedimento cirúrgico para tratar o tremor, a rigidez, o
movimento lento e outros problemas associados.
De
acordo com o Dr. Murilo Martinez Marinho, coordenador da Neurocirurgia
Funcional do Hospital São Paulo- Escola Paulista de Medicina, “a expectativa
média de vida de uma pessoa com Doença de Parkinson, geralmente, é a mesma das
pessoas que não padecem do mal, já que é possível contar com alternativas de
tratamento adequadas para as diferentes etapas da enfermidade, bem como para
quando os pacientes já não respondem corretamente aos medicamentos”.
“A
terapia de Estimulação Cerebral Profunda é uma das mais avançadas para tratar a
condição, proporcionando que os pacientes fiquem longos períodos sem sintomas
motores, reduzam a quantidade de medicação e possam realizar tarefas
cotidianas, o que se traduz em maior autoestima, independência e qualidade de
vida”, pontua.
Os
pacientes devem consultar um neurologista para se informarem sobre todas as
opções de tratamento disponíveis, com o objetivo de selecionarem com mais
segurança e assertividade a opção adequada para cada caso. Estima-se que cerca
de 140 mil pessoas com Parkinson em todo o mundo usufruem dos benefícios da
DBS.
Dia Mundial do Parkinson
Em 11 de abril de 2017, são lembrados os 200 anos da descrição
original da Doença de Parkinson[viii].
Apesar de o autor homônimo ter incluído nesta descrição outras características
além do tremor, esse é o sintoma mais conhecido na cultura popular. Entretanto,
é importante lembrar que nem todo paciente de Parkinson treme, e nem todo mundo
que treme tem Parkinson. Na verdade, em aproximadamente 35% dos pacientes o
tremor não é o principal sintoma[ix].
Medtronic
[i] BARBOSA, Maira Tonidandel. Prevalência da doença de Parkinson
e outros tipos de parkinsonismo em idosos - estudo de Bambuí. 2005. 86 f.
Tese (Doutorado em Neurologia) – Faculdade de Medicina, Universidade de São
Paulo, São Paulo.
[ii] WORLD HEALTH ORGANIZATION – WHO. Neurological
disorders: Public health challenges. Disponível em < http://www.who.int/mental_health/neurology/neurodiso/en/>.
Acesso em 30 de março de 2017.
[iii] KALIA, LV; LANG, AE. Parkinson’s disease. Lancet. 2015;
386(9996): 896-912.
[iv] PONT-SUNYER, C. et al. The
Onset of Nonmotor Symptoms in Parkinson’s Disease (The ONSET PD Study). Mov Disord.
2015; 30(2): 229-37.
[v] BREEN, David P. et al. Determinants of delayed diagnosis in Parkinson’s
disease. Journal of Neurology. 2013; 260(8), pp 1978–1981.
[vi] GROSSET, D. et al. J Neurol Neurosurg Psychiatry.
2007; 78(5): 465-9.
[vii] SIDEROWF, A. et al. Mov
Disord. 2012; 27(3]): 406-12.
[viii] PARKINSON, J. An essay on the shaking
palsy. Whittingham and Rowland. London, 1817.
[ix] CERVANTES-ARRIAGA, A. et al. Caracterización
de la enfermedad de Parkinson en México: estudio ReMePARK.
Gac Med Mex. 2013; 149: 497-501.