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sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Recomendações sobre mídia digital para crianças foram atualizadas





Novas diretrizes da Academia Americana de Pediatria dizem que os pais não só precisam prestar atenção na quantidade de tempo que as crianças dispendem fazendo uso dos suportes digitais, mas também como, quando e onde os usam


Não é tão ruim entregar ao seu filho o iPad de vez em quando... Nem é tão condenável usar o celular para jogar juntos ou fazer uma chamada via Skype para a vovó... Tudo isso está ok para ajudar a acalmar o bebê ou tentar manter a paz em casa? Não muito...

Novas diretrizes anunciadas pela Academia Americana de Pediatria (AAP), no dia 21 de outubro, dizem que os pais não só precisam prestar atenção na quantidade de tempo que as crianças usam os suportes digitais, mas também como, quando e onde fazem uso desses meios.

“Para crianças de 2 a 5 anos, as mídias digitais devem ser limitadas a uma hora por dia, diz a declaração, e isso deve envolver programação de alta qualidade ou algo que os pais e as crianças possam ver ou fazer em conjunto. Com a exceção de videoconferências, os meios digitais também devem ser evitados por crianças com menos de 18 meses de idade”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski (CRM-SP 36.349).

As novas diretrizes da entidade americana destacam que as mídias digitais tornaram-se parte inevitável da infância para muitos bebês, crianças e pré-escolares, mas as pesquisas sobre como isso afeta o desenvolvimento infantil ainda são limitadas. A AAP também publicou uma declaração separada no mesmo dia para as crianças mais velhas: de 6 anos até a adolescência.

Segunda a entidade americana, para crianças com mais de três anos, a pesquisa é sólida. Programas de alta qualidade, como o americano Sesame Street, podem ensinar às crianças novas ideias. “No entanto, com menos de três anos, os cérebros ainda imaturos das crianças têm dificuldade para transferir o que vêm em uma tela para o conhecimento da vida real. Nós ainda não sabemos se a interatividade ajuda ou atrapalha nesse processo”, observa o médico.

“O que sabemos é que a primeira infância (especialmente entre 2 e 3 anos) é um período de rápido desenvolvimento cerebral, quando as crianças precisam de tempo para brincar, dormir, aprender a lidar com as emoções e construir relacionamentos. As pesquisas sugerem que o uso excessivo de mídia digitais pode ser um empecilho no caminho destas importantes atividades. As diretrizes da entidade americana destacam formas como as famílias e os pediatras podem ajudar a gerenciar essa relação de maneira equilibrada e saudável”, relata o pediatra, que é membro do Departamento de Pediatria Ambulatorial e Cuidados Primários da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Por limites no tempo de tela

O uso dos meios digitais, por muito tempo, já foi relacionado à má qualidade do sono e ao desenvolvimento infantil e saúde física deficientes. O seu uso de forma intensa na pré-escola está associado a pequenos, mas significativos, aumentos no índice de massa corporal.

As diretrizes recomendam a proibição das mídias digitais uma hora antes de dormir, quando os aparelhos devem ser desligados  e mantidos fora dos quartos das crianças. As refeições devem ser feitas em ambientes livres de telas.

“Embora existam situações específicas onde o uso da mídia digital seja uma ferramenta calmante e útil, como em aviões ou durante procedimentos médicos, os pais devem evitar esses meios de comunicação como a única maneira de acalmar as crianças, segundo observam os autores das diretrizes. O uso de dispositivos como estratégia calmante comum pode limitar a capacidade das crianças de regularem suas próprias emoções”, alerta Chencinski.

Temos que ser realistas sobre a onipresença do uso da mídia digital. Por esta razão, é ainda mais importante que os pais ajudem os filhos a compreender as formas saudáveis ​​de usá-las, desde as primeiras idades.

“Usar o skype para falar com os avós, assistir vídeos de ciência juntos, colocar uma música e dançar juntos, buscar novas receitas ou ideias de brincadeiras, tirar fotos e fazer vídeos para mostrar uns aos outros... Estas são apenas algumas maneiras de as mídias serem usadas como uma ferramenta para apoiar a conexão da família. É crucial que os adultos interajam com as crianças durante o uso, para ajudá-las a aplicar o que estão vendo na tela no mundo real. A pesquisa mostra que para os mais jovens - com idades entre 18-36 meses - isso é essencial, destacam os pediatras americanos”, conta o pediatra.

Os autores das novas diretrizes reconhecem que os aplicativos bem bolados, como Sesame Street, podem ajudar a melhorar a alfabetização e os resultados sociais para crianças de 3 a 5 anos. Mas muitos aplicativos que os pais encontram facilmente rotulados na categoria "educacional" não são baseados em evidências educacionais e não contribuem em nada para o desenvolvimento infantil.

Fazendo a lição de casa

Os pediatras americanos também recomendam que os pais devem limitar o próprio tempo de tela também. O uso intenso e pesado dos dispositivos móveis pelos pais está associado a menos interação verbal e não-verbal entre pais e filhos e pode ser causa de mais conflitos entre pais e filhos.

Os pediatras também são incentivados a ajudar os pais a serem "mentores de mídia", ou seja, modelos e guias sobre como escolher um bom conteúdo digital. Os médicos têm a oportunidade de educar as famílias sobre o desenvolvimento do cérebro nos primeiros anos e a importância da interação familiar para o desenvolvimento da linguagem e das habilidades emocionais e sociais.

“Os pediatras têm a oportunidade de iniciar conversas com os pais sobre o uso das mídias sociais pela da família. Nós podemos ajudar os pais a desenvolver planos de uso de mídia para suas casas, estabelecer limites e incentivá-los a usar os dispositivos com os seus filhos de uma maneira que promova a aprendizagem e a interação”, defende Moises Chencinski.

Pontos centrais das novas diretrizes

Aqui está uma listagem das novas orientações da AAP para os pais de crianças de 0-5 anos:

·         Evite o uso das mídias digitais (exceto conversas com vídeo) para crianças com idade inferior a 24 meses;

·         Se a mídia digital é introduzida às crianças entre 18 e 24 meses, escolha uma programação de alta qualidade e utilize os meios de comunicação com seu filho. Evite que a criança faça o uso dessas mídias sozinha;

·         Não se sinta pressionado a introduzir a tecnologia mais cedo. Interfaces são tão intuitivas que as crianças vão entendê-las rapidamente quando começarem a usá-las;

·         Para crianças de 2 a 5 anos, limitar o uso da tela para uma hora por dia com programação de alta qualidade. Use sempre os dispositivos com o seu filho e o ajude-o a entender o que ele está vendo;

·         Evite programas e aplicativos em ritmo acelerado com muito conteúdo, distração ou violência;

·         Desligue TVs e outros dispositivos quando não estiverem em uso;
·         Evite o uso de meios de comunicação digitais como a única maneira de acalmar seu filho. Isso pode levar a problemas com fixação de limites e capacidade de regular as emoções;

·         Use aplicativos de teste, antes que o seu filho os use e sempre jogue junto com ele;

·         Mantenha quartos e locais de refeições livres de telas. Os pais podem definir a opção de "não perturbe" em seus telefones celulares, durante o tempo em que permanecem nesses locais;

·         Defina regras sobre o tempo de tela: até uma hora antes de dormir;


·         Precisa de mais orientações? Pergunte ao seu pediatra.




Moises Chencinski



Outubro Rosa: movimento pelo acesso a diagnóstico rápido e tratamento adequado



 
Nove anos atrás, o Brasil recebia pela primeira vez de forma organizada o Outubro Rosa, campanha mundial de combate ao câncer de mama. A iniciativa foi trazida para o País pela Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA) em 2008, quando o Cristo Redentor foi iluminado na cor rosa pela primeira vez, com diversas iniciativas ocorrendo em território nacional.

A cada ano, a Federação segue na promoção de uma série de ações de combate à mortalidade por câncer de mama, em conjunto com instituições filantrópicas associadas em todo o Brasil e seus parceiros. O Outubro Rosa cresceu muito e ganhou força, contribuindo para que a doença fosse mais conhecida. Em termos de direitos de pacientes, entretanto, ainda há muito que se conquistar.

Buscando a ampliação dos direitos das pacientes com a criação de novos mecanismos legais e com a fiscalização dos que já existem, ainda não implementados integralmente, o tema da campanha nacional de 2016 é “Acesso Já”. A ideia é pautar a reivindicação por mais acesso ao diagnóstico, que deve ser precoce e sem demora e ao tratamento adequado do câncer de mama para todas as brasileiras, condições imprescindíveis para mudar a realidade da tantas mortes pela doença.

Nesse ano, três pontos centrais norteiam esse movimento. O primeiro deles diz respeito ao diagnóstico precoce. O Projeto de Lei dos 30 dias (PL 3752/12), que determina o prazo de um mês para o diagnóstico oncológico no Sistema Único de Saúde, ou seja, definir em no máximo 30 dias se o paciente tem ou não tem câncer. Temos que cortar as longas esperas por exames de imagem, biópsias e consultas com especialistas para todos os tipos de câncer. 

A implementação desse tipo de protocolo evitaria que o tumor evoluísse durante a investigação, melhorando as chances de cura das pacientes e evitando tratamentos mais radicais e complicados, representando, inclusive, economia de gastos aos cofres públicos com a doença. Sabe-se que os custos com tratamento e outras intervenções necessárias na luta contra doença são muito inferiores quando identificada em estágios iniciais. Essa proposta tramita há mais de quatro anos na Câmara, e se encontra ainda na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF). A FEMAMA acompanha o andamento e pressiona pela agilidade na aprovação.

Outro ponto do Outubro Rosa de 2016 é garantir o acesso ágil ao tratamento oncológico de qualidade, conquista recente importante dos brasileiros usuários do SUS, a Lei dos 60 Dias (12.732/12). Embora vigente há três anos, a lei estipula o início do tratamento oncológico  em no máximo 60 dias após confirmação do diagnóstico. Lamentavelmente, ainda não implementada para quem realmente precisa. 

O sistema que regula essa lei, o Sistema de Informação do Câncer (SISCAN), não está funcionando, o que torna impossível avaliar se o direito dos pacientes está sendo respeitado. Nos últimos três anos foram registrados apenas 27 mil casos de câncer, número ínfimo frente aos 596 mil novos casos esperados anualmente, segundo o Instituto Nacional do Câncer. Pior do que isso, apenas 57% destes pacientes iniciaram a terapia dentro de dois meses, de acordo com o próprio Ministro da Saúde, Ricardo Barros.

Finalmente, o terceiro ponto focal da Campanha “Acesso Já” tem base na necessidade de inclusão de tratamentos mais modernos para pacientes com câncer de mama metastático, estágio mais avançado da doença, no sistema público de saúde. Embora novas terapias tenham eficácia comprovada para comercialização no País, há mais de uma década nenhum novo medicamento é incorporado ao SUS para o controle da doença nessa fase crucial. 

Nem mesmo tratamentos indicados na “Cesta Básica” da Organização Mundial da Saúde (OMS) são integralmente oferecidos pelo sistema público no Brasil. Essa Lista Modelo de Medicamentos foi criada pela OMS para orientar governos do mundo todo sobre a oferta mínima para o combate ao câncer. A FEMAMA luta pelo acesso igualitário aos novos tratamentos para casos mais avançados da doença porque isso pode permitir mais tempo e qualidade de vida a essas pacientes, evitando mortes prematuras.

A estimativa de novos casos de câncer de mama no Brasil em 2016 é de 57.960, de acordo com o INCA. Por mais que seja uma doença com altos índices de cura quando diagnosticada precocemente, dados do Tribunal de Contas da União (TCU) revelam que cerca de metade dos casos de câncer de mama detectados no SUS em 2010 já estavam em estágio avançado, exigindo tratamentos mais agressivos e com chances reduzidas de cura e a qualidade de vida da paciente diretamente afetada. 

Apenas com acesso a diagnóstico e tratamento ágeis e adequados mais mulheres poderão sair vitoriosas ao enfrentar o câncer de mama. Por isso, nesse Outubro Rosa, a FEMAMA faz um pedido: ACESSO JÁ ao diagnóstico de câncer em até 30 dias no SUS, início do tratamento oncológico em até 60 dias no SUS e inclusão de tratamentos para pacientes com câncer de mama metastático no SUS. Mais informações: acessoja.org.br



 Maira Caleffi - médica mastologista e presidente voluntária da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA)




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