Pesquisa aponta que o desconhecimento
sobre a doença entre os participantes
de São Paulo está acima de média nacional
(76%)
Sentir falta de ar e fadiga durante a realização de atividades diárias,
como subir escadas, pode ser um indício da hipertensão
pulmonar tromboembólica crônica (HPTEC), doença incapacitante e que é desconhecida por 82% dos paulistas. O número é maior do que a média nacional, de 76%
de desconhecimento. Os dados são parte da pesquisa inédita realizada pela ABRAF (Associação Brasileira de Amigos
e Familiares de Portadores de Hipertensão Pulmonar) em parceria com a Bayer, em sete capitais (Belo Horizonte,
Curitiba, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo) com
2.100 pessoas.
A HPTEC é uma
das causas de hipertensão pulmonar (HP), distúrbio que acomete os pulmões e o
coração, em que a pressão do sangue nas artérias pulmonares torna-se acima do
normal, sobrecarregando o coração, podendo levar à insuficiência cardíaca e até
mesmo à morte. Grave e progressiva, ocorre formação de coágulos sanguíneos nas
artérias do pulmão que, com o passar do tempo, fibrosam. Pouco difundida, a patologia ainda é desconhecida para
muitas pessoas, inclusive, para os próprios portadores da doença que
desconhecem sua existência até que um diagnóstico correto seja feito.
Para a Dra. Gisela Martina Bohns
Meyer, Coordenadora do Serviço de Hipertensão Pulmonar da Irmandade Santa Casa
de Misericórdia de Porto Alegre, o principal desafio em torno da doença é o diagnóstico precoce, pois muitas vezes
os sintomas são confundidos com outros problemas. Assim,
muitos casos
passam despercebidos e são subdiagnosticados ou recebem diagnóstico tarde,
postergando o início do tratamento.
Quanto mais tardia a detecção, mais avançada estará a doença e,
portanto, mais difícil de responder ao tratamento de forma adequada.
“O paciente pode apresentar
falta de ar, cansaço, tontura, dor no peito, desmaios, lábios e pele azulados,
pulso acelerado, inchaço nos tornozelos, abdômen ou pernas e dificuldade
respiratória mesmo estando em repouso. Algumas vezes, a HP
pode ser assintomática e, no momento em que os sintomas aparecem, a doença pode
já estar em estágio avançado e não reversível. Na maioria dos casos, entre o primeiro
sinal e o diagnóstico correto, o paciente pode levar alguns anos”, reforça a especialista.
Em relação aos grupos
de risco, a pesquisa reforçou o desconhecimento geral sobre o tema. Ao questionar
os participantes de São Paulo sobre quais perfis eles consideravam mais
suscetíveis à doença, entre as respostas, 49%
indicaram os fumantes, 16% optaram por pessoas
com pressão alta e 15% indicaram
por indivíduos com histórico de embolia
aguda no pulmão. Apesar de mais comum em mulheres e jovens adultos, a HP pode surgir independentemente da idade, gênero
e etnia.
As causas são
indefinidas de uma maneira geral, no entanto, alguns casos exigem mais atenção,
como: histórico familiar, uso de drogas, doença cardíaca congênita, patologias
reumáticas autoimunes, anemia falciforme, infecções por HIV, doença do tecido
conjuntivo e esquistossomose (infecção por parasita). De acordo com a PHA Europe (Associação Europeia de
Hipertensão Pulmonar), os variados tipos de Hipertensão Pulmonar atingem 25
milhões de pessoas no mundo. Isso corresponde a uma incidência de 2,4 casos por milhão por ano e uma prevalência de 15 casos
por milhão (sendo 15 a 52 por milhão na Europa).
A pesquisa mostrou
ainda o desconhecimento acerca das consequências da doença. Cerca de 5% dos entrevistados não sabem dizer quais as possíveis consequências da doença. Entre as principais
complicações causadas pela doença estão a insuficiência cardíaca e
respiratória, arritmias e sangramento dos pulmões.
Para mais da metade dos entrevistados (69%), a vida de uma pessoa com HP é parcialmente
limitada não sendo possível realizar atividade física. No entanto, segundo
a Organização Mundial de Saúde (OMS), a classificação funcional do paciente com a
enfermidade varia numa escala de 1 a 4, que vai desde ausência de limitação da
atividade física habitual, passando por limitações discretas a marcantes, até a
incapacidade de realizar qualquer tipo de atividade física e a presença de
fadiga mesmo em repouso.
O Dr. Caio Julio Cesar dos Santos Fernandes, pneumologista do Grupo de Circulação Pulmonar do INCOR-Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, ressalta ainda que a doença
reduz a capacidade de realizar atividades cotidianas, como tomar banho,
vestir-se, andar curtas distâncias e subir escadas. Para a detecção são
realizados exames de ecocardiograma, eletrocardiograma, teste ergométrico,
cintilografia V/Q scan e outros testes. “No
entanto, para um diagnóstico definitivo de HP é necessário a inserção de um
cateter especial sensível à pressão no lado direito do coração (cateterismo
cardíaco direito). Recomendamos sempre que, para uma melhor chance de sucesso,
pacientes com HP precisam ser tratados em centros especializados”, esclarece o médico.
Tratamento
Em relação ao tratamento, os participantes têm um pouco mais de informação.
Para 20% a cirurgia é o tratamento indicado para a HPTEC e, em caso de suspeita,
33% procuraria
um pneumologista, e apenas 16% não saberia qual
especialista buscar.
O
principal tratamento para a HPTEC é a cirurgia. No entanto, 40% dos pacientes é
inoperável e, até 35% deles apresenta hipertensão pulmonar persistente ou
recorrente após cirurgia. A utilização de medicamentos, apontada por 51% dos entrevistados como a melhor
opção de tratamento, é a terapia indicada nesses casos onde o procedimento
cirúrgico é contraindicado ou não resolve o problema.
Segundo Paula Menezes, presidente da ABRAF, “o acesso ao tratamento é uma forma de prover dignidade ao paciente. Uma
pessoa que não consegue nem pentear os próprios cabelos sem ter falta de ar não
se sente minimamente inserida na sociedade”.
Entendendo a hipertensão pulmonar
A doença pode afetar pessoas de todas as idades,
incluindo crianças, mas a maioria dos diagnósticos ocorre entre 40 e 50 anos de
idade, podendo surgir isoladamente ou com outras doenças subjacentes. Estudos sugerem que a deficiência de óxido
nítrico (ON), acompanhada de disfunção do endotélio (o revestimento interior
dos vasos sanguíneos), consistem no principal problema da HP e estão associadas
à progressão da doença e morte.
Existem cinco tipos de HP, sendo que cada um pode
atingir o paciente de uma forma diferente e as causas podem ser distintas. Os
subtipos com base nas diferentes causas subjacentes são:
Hipertensão arterial pulmonar (HAP): inicia nos pequenos vasos
sanguíneos;
HP devido à doença do coração esquerdo: como
o próprio nome sugere, os primeiros sinais surgem do lado esquerdo do coração;
HP devido a doenças pulmonares e/ou hipoxemia:
aparece no tecido pulmonar;
Hipertensão pulmonar tromboembólica crônica (HPTEC): começa nos grandes vasos sanguíneos, semelhante à formação de coágulos
sanguíneos;
HP com mecanismos
multifatoriais: pouco claros, que varia de acordo com a incidência específica.
Sobre a ABRAF
É uma associação que busca apoiar toda a comunidade de
hipertensão pulmonar. Criada em 2006, diante de um drama pessoal vivido pelos
seus fundadores, Paula Menezes, Presidente, e Paulo Menezes, vice-presidente,
atua em âmbito nacional e internacional, promovendo diversas ações de
conscientização e luta pelos direitos dos pacientes. No âmbito internacional, a
ABRAF representa o Brasil na Sociedade Latina de Hipertensão Pulmonar e possui
um Memorando de Entendimento com a PHAssociation, nos Estados Unidos, contribuindo
para o intercâmbio de informações e melhores práticas na condução da entidade.
A missão da ABRAF é prover dignidade e qualidade de vida aos pacientes, fazendo
valer, de forma integral, os seus direitos.
Bayer:
Ciência para uma vida melhor
A Bayer é uma empresa global focada em
Ciências da Vida nas áreas de cuidados com a saúde humana e animal e
agricultura. Seus produtos e serviços são desenvolvidos para beneficiar as
pessoas e melhorar sua qualidade de vida. Além disso, a companhia objetiva
criar valor por meio da inovação. A Bayer é comprometida com os princípios do
desenvolvimento sustentável e com suas responsabilidades sociais e éticas como
uma empresa cidadã. Em 2015, o grupo empregou cerca de 117 mil pessoas e obteve
vendas de € 46.3 bilhões. Os investimentos totalizaram €
2.6 bilhões e as despesas com Pesquisa &
Desenvolvimento somaram € 4.3 bilhões. Esses
números incluem os negócios de polímeros de alta tecnologia, que foram lançados
no mercado de ações como companhia independente nomeada Covestro, em 06 de
outubro de 2015.