Foram lançadas, no Canadá, novas
diretrizes para a realização anual da tomografia computadorizada (TC) dos
pulmões. O público-alvo são adultos com idade entre 55 e 74 anos e alto
risco para câncer de pulmão. Publicadas no jornal da Associação Médica Canadense,
essas novas orientações se aplicam principalmente para quem fuma ou deixou de
fumar até 15 anos atrás, quem fumou um maço de cigarro por dia nos últimos 30
anos ou dois maços por dia nos últimos 15 anos. Para todos os outros adultos,
esse não é um exame de rotina para diagnosticar precocemente uma lesão no
pulmão.
As novas diretrizes diferem daquelas
lançadas pela mesma entidade em 2003 – quando não se indicava a realização de
tomografia computadorizada para adultos assintomáticos que tiveram diagnóstico
inconclusivo com um raio-X dos pulmões. Ao contrário daquela época, em que se
considerava desnecessário submeter o paciente à radiação de uma TC de baixa
dose, hoje em dia o que não se recomenda é a radiografia dos pulmões. Essas
orientações têm como base, inclusive, um estudo realizado nos Estados Unidos
que relata redução de 20% nas taxas de mortalidade por esse tipo de câncer ao
realizar uma TC de baixa dose em indivíduos de alto risco. Numa abordagem
conservadora, a força-tarefa canadense realiza três exames consecutivos anuais
em vez de uma ou duas vezes ao ano – sugerindo que não há evidências sobre o
intervalo ideal entre os exames preventivos. No Canadá, o câncer de pulmão teve
26 mil novos diagnósticos em 2015 – matando mais do que outros tipos de câncer,
como mama, próstata e colorretal.
No Brasil, dados do INCA (Instituto
Nacional do Câncer) preveem mais de 28 mil novos casos da doença em 2016 –
acometendo cerca de 17 mil homens e 11 mil mulheres. De acordo com Claudio
Ramos, diretor da Cedimagem – rede de diagnósticos por imagem com forte atuação
em Minas Gerais e no Rio de Janeiro – a tomografia computadorizada deve ser
realizada em pacientes com histórico de tabagismo pesado, mas cabe ao médico
tomar essa decisão juntamente com o paciente, tendo em consideração outros
fatores relacionados ao contexto clínico. Com larga experiência de análise
desse tipo de exame, Ramos afirma que a tomografia computadorizada é um exame
bastante eficiente não apenas na detecção, mas inclusive no acompanhamento da
doença.
De acordo com o especialista, “esse exame
possibilita uma visão em fatias milimétricas de todo o pulmão, permitindo
detectar e medir as dimensões de um nódulo, sua posição e relação com as demais
estruturas ao redor. A TC também pode ser utilizada como alternativa para guiar
biópsias de lesões pulmonares, que auxiliam a fazer o diagnóstico de tumores
ainda em estágio inicial, aumentando as chances de cura. Vale ressaltar que,
mesmo que o exame não identifique nenhum nódulo, isso não impede que o paciente
desenvolva câncer pulmonar, principalmente se continuar com hábitos de risco –
como o tabagismo. Por isso, é fundamental abandonar hábitos nocivos à saúde o
quanto antes”.
O radiologista explica, ainda, que tumores
de localização pulmonar central podem provocar tosse, ronco e falta de ar. Já
os que estão instalados no ápice pulmonar podem desencadear dores nos ombros e
braços. Há também tumores de pequenas dimensões e tipos silenciosos de câncer
que não dão sinais. Esses ou estão localizados em uma região mais periférica do
pulmão, ou têm dimensões tão pequenas que ainda não produzem sintomas. “Quando
diagnosticado em fase inicial, as chances de cura são maiores. Por isso é tão
importante o paciente procurar um especialista se perceber sintomas como tosse
persistente, falta de ar, presença de sangue no catarro, dor no peito e nos
ombros – principalmente se esses sintomas estiverem associados à perda de peso.
Na dúvida, fumantes pesados devem recorrer a exames anuais depois dos 50 anos,
principalmente quando há história de câncer na família”.
Fontes:
Dr.
Claudio Ramos -
diretor clínico da Cedimagem – rede de Diagnósticos Médicos com forte
atuação nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. www.cedimagem.com.br