Brinquedo febre do momento não tem fins terapêuticos
e pode distrair ainda mais as crianças com dificuldades de concentração, fazer
os autistas perseverar no movimento ou até se machucar
Muitos pais têm dúvidas sobre a mais nova moda no mundo dos brinquedos:
o fidget spinner. Feito de plástico, com três ou mais pontas,
gira entre os dedos e lembra o movimento de um peão. Porém, o que preocupa os
especialistas em desenvolvimento infantil não é o brinquedo, e sim as
afirmações sobre seus fins terapêuticos, assim como os riscos de lesões que o brinquedo
oferece.
Segundo Dra. Karina Weinmann, neurologista infantil, cofundadora da NeuroKinder,
afirmar que o brinquedo é terapêutico para crianças com Transtorno de Déficit
de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é muito perigoso, uma vez que não há nenhum estudo
científico que comprove essa afirmação, podendo gerar expectativas infundadas
nos pais.
“Qualquer objeto que desperte o interesse e a motivação da criança irá promover
o treinamento do foco atencional, pois a novidade, a satisfação e a superação
com as manobras criadas alimentará o sistema de recompensa, liberando
neurotransmissores, principalmente a dopamina, psicoestimulante que ativa essas
sensações de bem-estar de prazer e alegria. Isso ajuda a aliviar as tensões,
atingindo um nível de relaxamento e reduzindo, temporariamente, a ansiedade”,
explica a médica.
“Também pode ajudar a reduzir o estresse e ansiedade. Mas, apesar destes
aparentes benefícios, precisamos compreender que a criança com diagnóstico de
TDAH pode recorrer a ele em situações muitas vezes inadequadas, como na sala de
aula ou em momentos que pode servir como distração e atrapalhar a modulação,
tanto da atenção quanto do humor. Como todo brinquedo, deve ser definido tempo
e horário para utilizá-lo para que não passe da medida e inverta o efeito
proposto pela criadora há 20 anos”, diz Dra. Karina.
O tratamento do TDAH é complexo e visa ajudar a criança a desenvolver seu
autocontrole, com limites e regras definidas, por pais e professores. O excesso
de estímulo externo é prejudicial para quem tem TDAH. “Isso quer dizer que uma
criança que leva um brinquedo desses para a sala de aula não vai prestar
atenção na matéria, pelo contrário, só vai se distrair ainda mais. Quem tem a
hiperatividade, vai ficar ainda mais agitado. O spinner não é
bom em nenhum dos casos”, diz a médica.
“A decisão de comprar ou não o brinquedo é individual, mas é preciso ter em
mente que se trata apenas de um brinquedo, nada mais”, conclui Dra. Karina.