Zerbaxa é indicado para tratar infecções causadas
por Pseudomonas aeruginosa, considerada uma das três bactérias mais
resistentes pela OMS (Organização Mundial de Saúde)
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
acaba de aprovar o novo antibiótico ceftolozana-tazobactam, comercialmente
conhecido como Zerbaxa, para o tratamento de pacientes com infecções causadas
por bactérias resistentes, entre elas, enterobactérias produtoras de ESBL ou
BLEE (β-lactamase de espectro estendido) e Pseudomonas aeruginosa.
Desenvolvido pela farmacêutica MSD, o novo antibiótico está aprovado para
infecções intra-abdominais complicadas e infecções do trato urinário
complicadas.
A resistência bacteriana tem se agravado
progressivamente. Estima-se que 700 mil pessoas morram anualmente em todo o
mundo devido ao fenômeno. Dados divulgados recentemente revelam que até
2050, infecções por bactérias multirresistentes poderão matar 10 milhões de
pessoas no mundo por ano, impacto maior que a mortalidade por câncer[1].
No Brasil, a realidade não é diferente. De acordo
com dados da Anvisa, cerca de 25% das infecções registradas no país são
causadas por micro-organismos multirresistentes[2]
– aqueles que se tornam imunes à ação dos antibióticos. Na lista das bactérias
com menos opções de tratamento disponíveis, elaborada pela Organização Mundial
da Saúde (OMS) em 2017, está a Pseudomonas aeruginosa.
Atualmente, até 40% dos casos de P. aeruginosa
detectados no Brasil apresentam resistência aos carbapenêmicos, como
o meropenem, que é o antibiótico mais usado para tratar infecções graves. “O antibiótico
ceftolozana-tazobactam, atualmente, é considerado a melhor opção para tratar
infecções causadas por Pseudomonas aeruginosa. Esse tipo de bactéria
sempre foi um desafio para nós médicos, pois são muito frequentes em ambientes
hospitalares, particularmente nas UTIs”, destaca Clóvis Arns da Cunha,
infectologista e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Frequente agente infeccioso, a Pseudomonas
aeruginosa pode ser resistente aos antibióticos escolhidos inicialmente
para o tratamento. Sem antibióticos eficientes contra bactérias resistentes,
muitos procedimentos médicos, como cirurgias e quimioterapia para pacientes com
câncer poderiam ser suspensos ou postergados. “Nós utilizamos
antibióticos em complicações infecciosas de diversos procedimentos
hospitalares, o que possibilitou vários avanços em várias áreas da saúde,
incluindo os transplantes, por exemplo. Se as bactérias se tornarem resistentes
aos antibióticos que temos disponíveis hoje, poderemos voltar à era
pré-antibióticos, onde um simples ferimento infectado poderá causar graves
danos”, alerta o médico.
Segundo estudos clínicos, o novo antibiótico
ceftolozana-tazobactam demonstrou 87% de eficácia no tratamento de
infecções bacterianas intra-abdominais complicadas, quando comparadas ao
tratamento padrão com meropeném - eficácia de 83%, antibiótico de referência
para o tratamento de bactérias resistentes. Já para tratamento das
infecções do trato urinário causadas por Pseudomonas aeruginosa, os números
são ainda mais expressivos e a nova terapia demonstrou eficácia de 75%, quando
comparados ao levofloxacino (eficácia de 47%), utilizado como comparador
para tratamento desta infecção[3].
Resistência bacteriana, uma ameaça global
Em 2016, durante a Assembleia Geral da ONU, os
países membros se comprometeram a implementar medidas globais para enfrentar a
ameaça de microrganismos multirresistentes. Após anos de alertas sobre o
problema da escassez de antibióticos e antifúngicos eficazes disponíveis, esta
foi a primeira vez que os países assumiram o compromisso de enfrentar
ativamente essa questão.
No início de 2017, a Organização Mundial da Saúde
(OMS), pela primeira vez na história, divulgou uma lista de bactérias
resistentes e fez um apelo pelo desenvolvimento de novos antibióticos[4], já que a descoberta de novas opções
de tratamento contra estes organismos vem diminuindo há anos. Além da Pseudomonas
aeruginosa, estão citadas no documento Acinetobacter baumannii
e diversas Enterobacteriaceae (incluindo Klebsiella pneumoniae, E.
coli, Serratia spp. e Proteus spp.).
Entre os doze grupos de bactérias incluídas na
lista da OMS, em três, a resistência aos antibióticos foi classificada como
crítica, ou seja, que o desenvolvimento de novas opções terapêuticas é
urgentemente necessário. Entre elas, está a Pseudomonas aeruginosa
resistente a carbapenêmicos.
A resistência microbiana é um problema mundial e a
MSD investe constantemente em pesquisa e desenvolvimento de novos antibióticos
para reverter este cenário. Além disso, a empresa se preocupa com o uso
consciente e adequado destes medicamentos, uma vez que, se utilizados
corretamente, podemos aumentar o tempo de vida do arsenal terapêutico existente
e, até certo ponto, retardar a resistência microbiana, explica Fernando
Serra Brandão, diretor médico da MSD.
Sobre Zerbaxa
Zerbaxa, é uma solução composta por 1 g de sulfato
de ceftolozana + 0,5 g de tazobactam sódico, encontrado em embalagem contendo
10 frascos-ampolas.
É uma substância de uso hospitalar e indicado no
tratamento de infecções bacterianas complicadas do abdômen e do trato urinário,
incluindo uma condição chamada “pielonefrite aguda” (um tipo de infecção do
trato urinário que afeta um ou ambos os rins) em adultos com idade a partir de
18 anos. A dose usual para adultos com função renal normal é 1,5g (1,0g
ceftolozana/0,5g tazobactam) 8/8h por via intravenosa, com infusão em 1 hora.
MSD
[3] Circular
aos Médicos (bula) de Zerbaxa. São Paulo; Merck Sharp & Dohme Farmacêutica
Ltda., 2017.