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quinta-feira, 9 de abril de 2020

O confinamento


No dia 6 de julho de 1942, Anne Frank e sua família esconderam-se dos nazistas nos fundos de uma fábrica em Amsterdã. Ficaram escondidos até serem delatados e descobertos, em 4 de agosto de 1944. Anne tinha quinze anos quando foi presa e deportada para um campo de concentração, onde morreu.

Muita gente conhece Anne Frank por causa do diário que ela deixou, relatando o cotidiano do refúgio e a convivência com sua irmã, pais e membros de duas outras famílias que dividiam as agruras do confinamento e o temor constante de serem descobertas. Anne descreve sobre esses longos dias, meses, anos, e também reflete, imagina, sonha. É o retrato de uma jovem inteligente em uma situação absurda. Marcada por várias dúvidas, angústias, momentos de raiva e incompreensão, mas, principalmente, pela certeza de que tudo continuaria: a escola, as amizades, o futuro, uma profissão. O confinamento era apenas um momento ruim na vida da jovem e de sua família. Mas, infelizmente, não foi assim. Apenas o pai, Otto, sobreviveu aos campos. E foi ele o responsável pela publicação dos diários da filha, em 1947.

Muitas histórias com a de Anne e sua família ocorreram na Europa durante o horror fascista. Mas também, e certamente, em muitos outros regimes autoritários que escolheram etnias, religiões ou ideologias como inimigos e os perseguiram. Lembro-me, por exemplo, de um documentário de 2014, chamado “A Imagem que falta”. Nele, o diretor, Rithy Phan busca relatar suas memórias e, por meio delas, trazer seu testemunho sobre o que aconteceu com seu país, o Camboja. Ele tinha 13 anos quando Pol Pot chegou ao poder, iniciando um período de terror que deixou poucas imagens mas muitos traumas. Rithy Phan se vale de bonecos de massinha para reencarnar suas memórias, permitindo ao público ver através, imaginar, e não apenas chocar-se com a realidade terrível vivida pelo povo cambojano.

Um artifício que o escritor Jorge Semprun, outro sobrevivente dos campos nazistas, traduziu da seguinte maneira: "há histórias que não são apenas difíceis de contar. São difíceis de se acreditar que puderam ser vividas". Nesse caso, a arte assume um papel fundamental, ao permitir um acesso mais profundo da memória e um sentimento que capta mais amplamente o que de fato foi vivido, por mais inacreditável que seja.

A obra de Anne Frank tornou-se um fenômeno mundial e também ganhou as telas dos cinemas. Um curioso sucesso que só se explica pela nossa capacidade de vivermos a dor dos outros, esse sentimento que Rousseau identificava nos homens desde o estado de natureza: a compaixão.

Em todas as situações nas quais nossa liberdade é obstada, há sofrimento e, ao mesmo tempo, solidariedade. Dois fenômenos siameses, tão próprios de nós, embora quase sempre a dor é também causada por pessoas como nós. E aí que vem a perplexidade: por que há tantas pessoas que estabelecem como visão utópica um lugar despovoado da diferença? Essa atração pelo que parece o mesmo, pelo que já se conhece, pelo que não traz surpresas, está entranhado em nosso espírito humano tanto quanto a comiseração, a empatia, o reconhecimento da diferença. E a História vai registrando esse balanço de dor e esperança, de violência extrema e anulação do outro e atitudes heróicas, desprendidas, captadas pela arte de um diário, pela lente e imaginação de um sobrevivente.

Creio que não mudaremos como espécie, mas podemos aprender como indivíduos e ensinar os outros. Pois cada esconderijo, cada fuga, cada pavor diante de outro ser humano que quer nos ver mortos porque somos diferentes, agimos diferente ou pensamos diferente, é uma vitória da caverna e dos que projetam sombras em seu fundo.





Daniel Medeiros - Doutor em Educação Histórica e professor no Curso Positivo.


Ação Popular contra o estado de São Paulo pede suspensão da quarentena e reparação de 5 bilhões de reais aos cofres públicos


São Paulo em quarentena
MF Press Global


A ação popular ajuizada pelo consultor e advogado Dr. Anselmo Melo da Costa requer que seja decretado inconstitucional a quarentena imposta pelo governador de São Paulo, João Dória e pede reparação aos cofres públicos. O valor pedido ultrapassa os 5 bilhões de reais.


No mês passado, por meio do Decreto nº 64.881, de 22 de março de 2020, e o decreto nº 59.298 de 23 de março de 2020, o governador de São Paulo (SP), João Doria, determinou o fechamento do comércio e a quarentena obrigatória em todo o estado. Embora as medidas tenham sido adotadas alegadamente para combater o novo coronavírus, causaram a revolta de diversos setores da sociedade e até mesmo do presidente Jair Bolsonaro, que busca uma forma de por decreto presidencial derrubar a medida.

O consultor e advogado Dr. Anselmo Melo Ferreira da Costa ajuizou essa semana uma ação popular que pede a volta da atividade comercial em todo o estado e prevê indenização para aqueles que foram moral ou economicamente afetados pela medida do governador João Dória: “o que se requer nesta ação é que seja decretado inconstitucional o decreto 64.881 de 22 de março de 2020, por ser conflitante com os direitos assegurados em nossa Constituição Federal e, por consequência, seja anulado totalmente referido decreto, determinando a abertura das atividades comerciais, bem como aquelas de setores públicos que foram paralisadas.”, explicou o advogado.


Advogado acredita que o coronavírus não deve motivar o encerramento

O Dr. Anselmo Melo realça que, embora estejamos vivendo uma das maiores pandemias dos últimos tempos, o alarme social e as medidas tomadas pelas autoridades são desproporcionais: “Se pararmos para analisar, a fome e doenças mata muito mais pessoas por dia no Brasil do que o covid-19. A letalidade da miséria e desemprego provocadas por essa quarentena que está quebrando as empresas e tirando empregos é muito maior que a do vírus. Há quem diga que há muito interesse político envolvido na disseminação da doença, o que de forma alguma gostaríamos de pensar que sim, mas o cenário não nos mostra outra realidade.”

O advogado defende que a quarentena seja mantida apenas para maiores de 60 anos e pessoas que se enquadram no chamado grupo de risco, como diabéticos e pessoas com doenças autoimunes e de alta gravidade, como o câncer: “os números mostram que a letalidade entre pessoas fora do grupo de risco é de 0,25% a 1% dos casos. Logo precisamos cuidar de manter a quarentena somente para pessoas que estão no grupo de risco e que tem a possibilidade muito maior de vir a óbito por conta do covid-19, entre 4% e 15% segundo a OMS."


Governador de São Paulo teria ferido o Princípio da Legalidade


O Dr. Anselmo Melo acredita que o governo paulista fere o princípio da legalidade e se sobrepõe à Constituição: “as normas constitucionais e federais devem ser devidamente respeitadas, não podendo ser violadas por decretos, eis que assim atinge-se diretamente o Princípio da Legalidade. Portanto, o decreto do Governador de São Paulo não teria o condão de abater uma atividade prevista na Constituição Federal, até mesmo que se fosse tal decreto considerado lei, não poderia ter qualquer eficácia sobre ao livre exercício da atividade econômica, em virtude do silêncio da constituição em relação a lei de quarentena.”


Reparação patrimonial para os cofres públicos afetados pela quarentena 

O Dr. Anselmo Melo explica de onde vêm os valores pedidos de reparação patrimonial aos cofres públicos na ação movida contra o estado de São Paulo, que ultrapassa os cinco bilhões de reais: "Em março de 2019 o total de tributo, somente de ICMS no estado de São Paulo foi de R$ 11.309.998,30 bilhões, sendo por dia em torno de R$ 376.999,94 milhões de reais. Então em 14 dias, que é o período da quarentena, o prejuízo será de algo em torno de R$ 5.277.999. 210 (cinco bilhões duzentos setenta e sete milhões, novecentos noventa e nove mil e duzentos e dez reais), sem mencionar os demais tributos que igualmente serão impactados. Portanto, dá-se a causa o mesmo valor tendo em parâmetros com as arrecadações realizadas pelo Estado de São Paulo, conforme relatório oficial da receita.”


O papel dos influenciadores digitais diante da pandemia


Estamos enfrentando uma pandemia, o que faz com que as pessoas passem mais tempo na internet e, principalmente, nas redes sociais. Afinal, estão em isolamento social ou quarentena em casa e precisaram alterar suas rotinas de maneira drástica, uma vez que não podem sair de casa.

Neste momento, quem gera conteúdo on-line tem uma boa oportunidade de chegar a um maior número de pessoas. É o caso dos influenciadores e microinfluenciadores digitais, seguidos por 71% dos brasileiros, segundo um estudo feito pela Qualibest. O mesmo estudo mostra que mais da metade das pessoas (55%) afirmaram que pesquisam a opinião de influenciadores antes de efetivar uma compra. Ou seja, os influenciadores têm um papel muito importante na comunicação digital, principalmente com os mais jovens.

Esses produtores de conteúdo devem usar esse alcance com muita responsabilidade para transmitirem informações relevantes. É preciso ter o dobro de cuidado com o conteúdo compartilhado, pois são formadores de opinião e os seguidores realmente consideram o que escutam de um influencer. 
Nesse sentido, esses perfis do Instagram ou do YouTube podem não apenas disseminar o entretenimento, mas também informações importantes sobre a pandemia e sobre o vírus, e mensagens positivas.

Algumas celebridades já estão fazendo isso, promovendo shows ao vivo por meio de redes sociais, estreitando o relacionamento com os fãs e seguidores.
Até a Organização Mundial da Saúde (OMS) está utilizando o Tik Tok com a campanha #SafeHands, compartilhando piadas e coreografias com pessoas famosas. Um exemplo é a cantora Mariah Carey, que fez um vídeo mostrando como devemos lavar as mãos por no mínimo 40 segundos para evitar o contágio.

Enquanto alguns influenciadores estão tentando pegar carona na situação para ganhar curtidas, postando fotos de máscara sem ter contraído a doença, por exemplo, outros estão realmente contaminados, como é o caso de Di Ferrero, Preta Gil, Gabriela Pugliesi e Fernanda Paes Leme.

Os influenciadores devem, portanto, seguir um plano de conteúdo específico para este período, até porque é importante ser coerente e adaptar suas produções para a realidade atual. É preciso ter o dobro de cuidado com o conteúdo compartilhado neste momento. E fica a dica: reveja seu posicionamento de marca e redesenhe suas estratégias. Além disso, não foque apenas no agora, mas já trace objetivos para o pós-crise, pois a pandemia vai passar e qualquer conta de canal digital precisará se reposicionar para continuar tendo uma marca estabelecida no mercado.






Maria Carolina Avis - professora de Marketing Digital do Centro Universitário Internacional Uninter.


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