A pele é o órgão do corpo humano com a maior incidência de câncer. No Brasil, são registrados quase 230 mil novos casos de câncer de pele não melanoma e melanoma. Com diagnóstico precoce, as chances de cura superam os 90%
Na quarta-feira (17) foi divulgado por meio
de boletim médico que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi diagnosticado com duas
lesões indicativas de câncer de pele. No último domingo (14), Bolsonaro
passou por um procedimento médico e removeu oito lesões de pele. O laudo feito
com o material biológico indicou a presença de carcinoma de células
escamosas 'in situ', em duas das oito lesões removidas. Esse é um tipo de
câncer que, na maioria dos casos, é de bom prognóstico. Além disso, in situ,
do latim “no lugar”, é uma forma inicial de carcinoma de células escamosas,
na qual a lesão está limitada à camada mais externa da pele, a chamada
epiderme.
Diante deste cenário, a
Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) explica que a pele é
estruturada por células escamosas, basais e os melanócitos. Paralelamente, os
tipos de câncer de pele também se diferenciam (em grupos definidos como não
melanoma e melanoma).
No geral, o câncer de
pele é o mais comum no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer
(INCA), com uma estimativa de 220.490 novos casos dos tipos não-melanoma
previstos para 2025. Além desses, há a estimativa de 8.980 novos casos anuais
de melanoma, o tipo mais agressivo. No mundo, segundo a Organização Mundial da
Saúde, o câncer de pele não melanoma representa 1,2 milhão de novos casos anuais,
enquanto o melanoma soma 331 mil novos casos anuais.
De acordo com o
cirurgião oncológico e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia
Oncológica (SBCO), Rodrigo Nascimento Pinheiro, dentre os fatores de risco para
o desenvolvimento do câncer de pele, o principal é a exposição solar excessiva,
especialmente entre 10h e 16h. “A maioria dos casos ocorre em pessoas sem
história familiar de câncer de pele, mas cerca de 10% dos casos estão
relacionados com uma síndrome associada à herança familiar de mutação genética,
conhecida como melanoma familial. Outros fatores de maior risco para
desenvolvimento de câncer de pele são pele clara com muitas pintas ou sardas;
uso de câmaras de bronzeamento, falta de uso de protetor solar e idade
avançada, embora casos em jovens também sejam crescentes”, explica.
Tipos de câncer de pele
Em linhas gerais, os
tumores malignos da pele são definidos como do tipo não melanoma e melanoma. O
câncer de pele não melanoma é o mais comum, mas com menor agressividade e taxa
de mortalidade. Já o segundo, melanoma, costuma ser mais agressivo e,
proporcionalmente, tem menor taxa de cura. “Se o tumor é detectado
precocemente, o paciente com câncer de pele tem alta probabilidade de
cura. A classificação da doença vai de 0 a 4, sendo o estágio in situ
considerado o estágio 0, em que as células anormais estão restritas à camada
superficial (epiderme). Mas, apesar de ser o que menos resulta em mortalidade,
deve ser tratada adequadamente, evitando mutilações expressivas na região
afetada”, orienta Nascimento.
O câncer de pele não
melanoma é uma neoplasia mais comum em pessoas de pele clara e, portanto, com
mais sensibilidade à ação dos raios solares. Vale destacar que o tumor não
melanoma pode apresentar-se em subtipos distintos. São eles:
- carcinoma
basocelular, que representa cerca de 80% dos casos de câncer de
pele não melanoma, originando-se nas camadas mais profundas da pele;
- carcinoma
espinocelular, que responde pela maior parte dos tumores restantes,
originando-se na camada superficial da epiderme, principalmente, nas
partes mais expostas ao sol, como orelhas, lábios e dorso da mão;
- câncer de pele de células
de Merkel, linfoma de pele, tumores anexiais de pele, sarcoma de Kaposi e
outros sarcomas, considerados tipos raros, responsáveis por
menos de 1% das neoplasias de pele.
Já o câncer de
pele melanoma se desenvolve a partir do crescimento
desordenado dos melanócitos, células que produzem
melanina (proteína responsável pela coloração da pele, cabelos e olhos). A
doença pode ocorrer em qualquer parte do corpo, especial os o rosto,
membros superiores (mãos) e membros inferiores (pernas). Apesar da baixa
incidência, trata-se da forma mais agressiva da doença,
dado ao elevado potencial de provocar metástase (disseminação
para outros órgãos e tecidos).
“Em sua fase inicial, o
melanoma também pode se desenvolver apenas na camada mais superficial da
pele. Essa característica facilita a remoção cirúrgica e a cura do tumor.
Já quando atinge um estágio mais avançado, a lesão se torna mais profunda
e espessa. Isso aumenta a chance de se espalhar e diminui as
possibilidades de cura”, afirma. A cirurgia é o principal tratamento com
intenção curativa para pacientes com câncer de pele. “Para a maioria dos casos,
a cirurgia é bem efetiva, sobretudo quando a lesão apresenta bordas bem
delimitadas. A cirurgia também pode ser utilizada em casos selecionados de
tumores avançados e recorrentes”, reforça Nascimento.
FATORES DE RISCO DE
RECORRÊNCIA
Embora o câncer de pele
não-melanoma tenha uma alta taxa de cura, há um risco de desenvolver novos
cânceres de pele no futuro, o que requer atenção especial. Os principais
alertas de recorrência de carcinoma basocelular são:
- Exposição, especialmente nos primeiros anos de vida, a altas doses de luz ultravioleta sem proteção.
- Carcinomas originais que eram maiores que 2 centímetros.
- Pessoas cujos carcinomas originais invadiam tecidos além da pele
- Pacientes
com invasão de nervos pelo tumor
COMO PREVENIR O CÂNCER
DE PELE?
A maioria dos cânceres
de pele pode ser prevenida protegendo-se do sol. Para reduzir o risco de câncer
de pele, é recomendado:
- Evitar a exposição ao sol sem proteção entre às 9h e 16h. É válido
planejar atividades ao ar livre em outros horários do dia e ficar em ambiente
com sombra o máximo possível.
- Usar protetor solar o ano todo. Use um protetor solar de amplo espectro com FPS de pelo menos 30, mesmo em dias nublados. Aplique protetor solar generosamente. Aplique novamente a cada duas horas ou com mais frequência se estiver nadando ou suando.
- Proteção física: usar roupas de proteção, dando preferência para peças escuras e de tecido justo que cubram os braços e pernas. Usar um chapéu de aba larga que proteja o rosto e as orelhas. Não esquecer dos óculos de sol.
- Não usar câmaras de bronzeamento artificial. As luzes das câmaras de bronzeamento artificial emitem luz ultravioleta, o que aumenta o risco de câncer de pele.
- Examinar a pele com frequência e relatar as alterações à equipe de saúde. É válido observar a pele com frequência em busca de novos crescimentos, assim como procurar por mudanças em pintas, sardas, caroços e marcas de nascença. Usar espelhos para verificar o rosto, pescoço, orelhas e couro cabeludo.
- Observar o peito e tronco e a parte superior e inferior dos braços e
mãos. Observar também a parte frontal e posterior das pernas e os pés, assim
como a planta dos pés e os espaços entre os dedos. Verificar também a área genital
e entre as nádegas.
A REGRA DO ABCDE
A SBCO recomenda que as
pessoas fiquem atentas ao aparecimento de lesões em sua pele. A regra do ABCDE
é um método simples para ajudar a memorizar as características de uma pinta,
sinal ou mancha suspeita de câncer de pele, especialmente o melanoma. Na
presença deles, é importante consultar um especialista.
(A ) Assimetria: uma metade do sinal é diferente da outra.
(B) Bordas irregulares: contorno mal definido.
(C) Cor variável: presença de várias cores em uma mesma lesão
(preta, castanha, branca, avermelhada ou azul).
(D) Diâmetro: maior que 56 milímetros;
(E) Evolução: mudanças de tamanho, forma ou cor.

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