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segunda-feira, 22 de setembro de 2025

SBCO explica os diferentes tipos de câncer de pele; No Brasil, doença representa 3 entre 10 casos oncológicos

A pele é o órgão do corpo humano com a maior incidência de câncer. No Brasil, são registrados quase 230 mil novos casos de câncer de pele não melanoma e melanoma. Com diagnóstico precoce, as chances de cura superam os 90% 

 

Na quarta-feira (17) foi divulgado por meio de boletim médico que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi diagnosticado com duas lesões indicativas de câncer de pele. No último domingo (14), Bolsonaro passou por um procedimento médico e removeu oito lesões de pele. O laudo feito com o material biológico indicou a presença de carcinoma de células escamosas 'in situ', em duas das oito lesões removidas. Esse é um tipo de câncer que, na maioria dos casos, é de bom prognóstico. Além disso, in situ, do latim “no lugar”, é uma forma inicial de carcinoma de células escamosas, na qual a lesão está limitada à camada mais externa da pele, a chamada epiderme. 

Diante deste cenário, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) explica que a  pele é estruturada por células escamosas, basais e os melanócitos. Paralelamente, os tipos de câncer de pele também se diferenciam (em grupos definidos como não melanoma e melanoma). 

No geral, o câncer de pele é o mais comum no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), com uma estimativa de 220.490 novos casos dos tipos não-melanoma previstos para 2025. Além desses, há a estimativa de 8.980 novos casos anuais de melanoma, o tipo mais agressivo. No mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde, o câncer de pele não melanoma representa 1,2 milhão de novos casos anuais, enquanto o melanoma soma 331 mil novos casos anuais. 

De acordo com o cirurgião oncológico e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO), Rodrigo Nascimento Pinheiro, dentre os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de pele, o principal é a exposição solar excessiva, especialmente entre 10h e 16h. “A maioria dos casos ocorre em pessoas sem história familiar de câncer de pele, mas cerca de 10% dos casos estão relacionados com uma síndrome associada à herança familiar de mutação genética, conhecida como melanoma familial. Outros fatores de maior risco para desenvolvimento de câncer de pele são pele clara com muitas pintas ou sardas; uso de câmaras de bronzeamento, falta de uso de protetor solar e idade avançada, embora casos em jovens também sejam crescentes”, explica. 

Tipos de câncer de pele

Em linhas gerais, os tumores malignos da pele são definidos como do tipo não melanoma e melanoma. O câncer de pele não melanoma é o mais comum, mas com menor agressividade e taxa de mortalidade. Já o segundo, melanoma, costuma ser mais agressivo e, proporcionalmente, tem menor taxa de cura. “Se o tumor é detectado precocemente, o paciente com câncer de pele tem alta probabilidade de cura. A classificação da doença vai de 0 a 4, sendo o estágio in situ considerado o estágio 0, em que as células anormais estão restritas à camada superficial (epiderme). Mas, apesar de ser o que menos resulta em mortalidade, deve ser tratada adequadamente, evitando mutilações expressivas na região afetada”, orienta Nascimento. 

O câncer de pele não melanoma é uma neoplasia mais comum em pessoas de pele clara e, portanto, com mais sensibilidade à ação dos raios solares. Vale destacar que o tumor não melanoma pode apresentar-se em subtipos distintos. São eles:

- carcinoma basocelular, que representa cerca de 80% dos casos de câncer de pele não melanoma, originando-se nas camadas mais profundas da pele;

- carcinoma espinocelular, que responde pela maior parte dos tumores restantes, originando-se na camada superficial da epiderme, principalmente, nas partes mais expostas ao sol, como orelhas, lábios e dorso da mão;

- câncer de pele de células de Merkel, linfoma de pele, tumores anexiais de pele, sarcoma de Kaposi e outros sarcomas, considerados tipos raros, responsáveis por menos de 1% das neoplasias de pele.

Já o câncer de pele melanoma se desenvolve a partir do crescimento desordenado dos melanócitos, células que produzem melanina (proteína responsável pela coloração da pele, cabelos e olhos). A doença pode ocorrer em qualquer parte do corpo, especial os o rosto, membros superiores (mãos) e membros inferiores (pernas). Apesar da baixa incidência, trata-se da forma mais agressiva da doença, dado ao elevado potencial de provocar metástase (disseminação para outros órgãos e tecidos). 

“Em sua fase inicial, o melanoma também pode se desenvolver apenas na camada mais superficial da pele. Essa característica facilita a remoção cirúrgica e a cura do tumor. Já quando atinge um estágio mais avançado, a lesão se torna mais profunda e espessa. Isso aumenta a chance de se espalhar e diminui as possibilidades de cura”, afirma. A cirurgia é o principal tratamento com intenção curativa para pacientes com câncer de pele. “Para a maioria dos casos, a cirurgia é bem efetiva, sobretudo quando a lesão apresenta bordas bem delimitadas. A cirurgia também pode ser utilizada em casos selecionados de tumores avançados e recorrentes”, reforça Nascimento.

FATORES DE RISCO DE RECORRÊNCIA 

Embora o câncer de pele não-melanoma tenha uma alta taxa de cura, há um risco de desenvolver novos cânceres de pele no futuro, o que requer atenção especial. Os principais alertas de recorrência de carcinoma basocelular são: 

- Exposição, especialmente nos primeiros anos de vida, a altas doses de luz ultravioleta sem proteção.

- Carcinomas originais que eram maiores que 2 centímetros. 

- Pessoas cujos carcinomas originais invadiam tecidos além da pele

- Pacientes com invasão de nervos pelo tumor


COMO PREVENIR O CÂNCER DE PELE? 

A maioria dos cânceres de pele pode ser prevenida protegendo-se do sol. Para reduzir o risco de câncer de pele, é recomendado:

- Evitar a exposição ao sol sem proteção entre às 9h e 16h. É válido planejar atividades ao ar livre em outros horários do dia e ficar em ambiente com sombra o máximo possível.

- Usar protetor solar o ano todo. Use um protetor solar de amplo espectro com FPS de pelo menos 30, mesmo em dias nublados. Aplique protetor solar generosamente. Aplique novamente a cada duas horas ou com mais frequência se estiver nadando ou suando.

- Proteção física: usar roupas de proteção, dando preferência para peças escuras e de tecido justo que cubram os braços e pernas. Usar um chapéu de aba larga que proteja o rosto e as orelhas. Não esquecer dos óculos de sol.

- Não usar câmaras de bronzeamento artificial. As luzes das câmaras de bronzeamento artificial emitem luz ultravioleta, o que aumenta o risco de câncer de pele.

- Examinar a pele com frequência e relatar as alterações à equipe de saúde. É válido observar a pele com frequência em busca de novos crescimentos, assim como procurar por mudanças em pintas, sardas, caroços e marcas de nascença. Usar espelhos para verificar o rosto, pescoço, orelhas e couro cabeludo.

- Observar o peito e tronco e a parte superior e inferior dos braços e mãos. Observar também a parte frontal e posterior das pernas e os pés, assim como a planta dos pés e os espaços entre os dedos. Verificar também a área genital e entre as nádegas.


A REGRA DO ABCDE

A SBCO recomenda que as pessoas fiquem atentas ao aparecimento de lesões em sua pele. A regra do ABCDE é um método simples para ajudar a memorizar as características de uma pinta, sinal ou mancha suspeita de câncer de pele, especialmente o melanoma. Na presença deles, é importante consultar um especialista.

(A ) Assimetria: uma metade do sinal é diferente da outra.

(B) Bordas irregulares: contorno mal definido.

(C) Cor variável: presença de várias cores em uma mesma lesão (preta, castanha, branca, avermelhada ou azul).

(D) Diâmetro: maior que 56 milímetros;

(E) Evolução: mudanças de tamanho, forma ou cor.

  


Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica - SBCO


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