![]() |
| Imagem gerada por Inteligência Artificial |
Com
o objetivo de conscientizar a população sobre a halitose, no Dia Nacional de Combate
ao Mau Hálito, celebrado em 22 de setembro, o Sistema Conselhos, composto pelo
Conselho Federal de Odontologia (CFO) e pelos 27 Conselhos Regionais (CROs) de
todo o país, alerta que o mau hálito persistente pode ser sinal de que algo não
está bem no organismo, principalmente na cavidade bucal.
No
Brasil, cerca de 30% da população, o que corresponde a aproximadamente 60,9
milhões de pessoas, sofrem com a halitose. Dentre as principais causas estão
problemas como cárie dentária, doenças periodontais (gengivite e periodontite),
má higiene bucal e a presença de saburra lingual. Além disso, em alguns casos,
a halitose pode estar associada também a doenças respiratórias (sinusite,
amigdalite), gastrointestinais e doenças metabólicas e sistêmicas (diabetes,
problemas renais e hepáticos).
O
secretário-geral do Conselho Federal de Odontologia, Roberto de Sousa Pires,
especialista em Saúde Pública pela Universidade Estadual do Pará (UEPa) e
pós-graduado em Tratamento de Halitose, destaca que o mau hálito é um problema
que deve ser tratado com seriedade, uma vez que pode afetar a saúde bucal, a
autoestima e as relações sociais.
“Muitas
pessoas desconhecem as verdadeiras causas da halitose, e somado a isso, existem
ainda os mitos de que ela esteja associada somente a problemas estomacais. Na
verdade, a origem da halitose, em mais de 90% dos casos, está ligada à cavidade
bucal. Dessa forma, é imprescindível a avaliação criteriosa de um
cirurgião-dentista, o qual poderá identificar a origem do problema e indicar o
melhor tratamento”, frisa Roberto Pires.
O
mau hálito atinge a saúde e a convivência social do indivíduo, resultando em
sérios inconvenientes econômicos e psicoafetivos. A presidente da Associação
Brasileira de Halitose (ABHA), Sandra Kirchmayer, enfatiza que o preconceito em
torno da halitose pode ter efeitos devastadores. Em alguns casos, a dimensão
emocional do problema pode ser tão intensa que exige acompanhamento
multidisciplinar, com psicólogos e psiquiatras.
“Já
atendemos pacientes que abandonaram cursos, deixaram de ir a entrevistas de
emprego ou se afastaram de relacionamentos por acharem que estavam com mau
hálito. Portanto, a halitose não pode ser um tabu; precisamos falar dela e
conscientizar a população de que o problema pode ser tratado”, pontua Sandra
Kirchmayer.
Tipos de halitose
A
halitose pode ser categorizada como objetiva ou subjetiva. Na objetiva, a
halitose é sentida por outras pessoas, mas não pelo indivíduo que a possui.
Isso se deve à fadiga olfatória. Já a subjetiva, está relacionada a alterações
sensoperceptivas, em que a pessoa acredita que possui halitose, porém, a
condição não é identificada em testes clínicos e nem por pessoas próximas.
Ou
seja, algumas pessoas convivem com a halitose e nem percebem, já outras têm
certeza que possuem a condição, mas não a tem. Essa situação é chamada pelos
especialistas de “paradoxo da halitose”, sendo necessário o auxílio de uma
equipe multidisciplinar de saúde.
A
presidente da ABHA, Sandra Kirchmayer, explica o porquê de isso acontecer.
“Pode parecer sem sentido uma pessoa que tem mau hálito não sentir nada e quem
não tem, jurar que está com hálito ruim. Mas isso tem explicação científica: o
olfato humano se adapta rapidamente aos cheiros, o que chamamos de fadiga
olfativa. Por isso, quem tem halitose muitas vezes não percebe. Já quem sente
gosto amargo ou sensação de boca seca pode achar que tem mau hálito mesmo sem
ter”, esclarece.
Principais causas
A
halitose é uma condição de origem multifatorial, cujas principais causas estão
na própria cavidade bucal. Entre elas, destacam-se o desequilíbrio bacteriano,
a má higiene bucal, de próteses fixas ou removíveis e em implantes, e o acúmulo
de matéria orgânica na língua, o qual contribui para a formação da saburra
lingual. Além de doenças periodontais e alterações salivares.
O
conselheiro federal Roberto Pires esclarece: “É importante que haja uma
investigação aprofundada para identificação das origens da halitose que pode ser
oral ou extraoral, vindo da cavidade bucal, vias aéreas, como adenoides,
rinites, sinusites e cáseos, ou de outras regiões do organismo”.
Outro
fator recorrente da halitose é a hipossalivação, que pode levar à xerostomia
(boca seca) e ao aparecimento de odores desagradáveis. “Isso acontece porque a
saliva é o principal protetor da boca, ela contém uma ação antimicrobiana e é
essencial para manter o equilíbrio da microbiota bucal. As disfunções salivares
podem ser responsáveis pela halitose, já que a saliva é a maior e mais
eficiente proteção da boca com um todo”, reforça Roberto.
Há
também fatores como o tabagismo, o consumo de drogas e bebidas alcoólicas, o
uso excessivo de medicamentos e a utilização de enxaguantes bucais sem a
correta indicação e supervisão de um cirurgião-dentista. Além disso, há ainda,
questões ligadas aos hábitos alimentares inadequados: o jejum prolongado,
dietas irregulares e acúmulo de placas bacterianas nas amígdalas.
Prevenção e tratamento
Entre
os principais hábitos preventivos e tratamentos odontológicos indicados pelos
cirurgiões-dentistas estão:
-
Higiene bucal adequada a cada situação, com escovação e uso de fio dental
diários;
-
Limpeza da língua com raspadores ou escovas específicas;
-
Adequação da utilização de produtos bucais de acordo coma necessidade do
paciente;
-
Tratamentos de doenças periodontais, cárie e restaurações de dentes cariados;
-
Substitutos salivares, para xerostomia; e
-
Identificada outra patologia ou condição do organismo, o cirurgião-dentista
orientará o paciente a procurar o tratamento adequado.
“A
indicação é sempre procurar um cirurgião para que ele recomende qual o melhor
tratamento a ser realizado, pois as consultas odontológicas regulares são
cruciais para diagnosticar, identificar a causa e tratar a halitose”, finaliza
Roberto Pires.
Campanha nacional contra o mau hálito
Para
alertar a sociedade sobre as consequências do mau hálito persistente, a
Associação Brasileira de Halitose (ABHA), promove de 22 de setembro a 25 de
outubro, a campanha nacional “Mau hálito constante indica problema de saúde”, o
qual o CFO é apoiador. Focada em combater o preconceito, esclarecer dúvidas e
estimular o diagnóstico precoce, a campanha reforça o alerta para a condição,
fortalecendo esse importante trabalho de conscientização.
A
presidente da ABHA, Sandra Kirchmayer, reforça que é preciso mudar essa
percepção urgente. “Esta Campanha traz uma mensagem fundamental porque ajuda a
conscientizar a população de que o mau hálito não deve ser tratado como uma
questão puramente estética, rondada de tantos tabus e capaz de gerar tantos
constrangimentos sociais. Essa é uma alteração que pode servir de alerta para
questões de saúde geral”, afirma Sandra.

Nenhum comentário:
Postar um comentário