Médica destaca tratamento personalizado e observação aos efeitos colaterais
“A doença de
Graves é a principal causa do hipertireoidismo na faixa etária pediátrica e
acomete cerca de uma para cada 10 mil crianças, o que é quase 10 vezes menos do
visto em adultos. Mas é importante falar sobre essa doença”, explica Dra.
Cristiane Kochi, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia Regional São Paulo - SBEMSP.
O quadro
clínico típico é aumento da velocidade de crescimento, perda de peso, tremores,
irritabilidade, bócio, e, diferente do que ocorre em pacientes
adultos, raramente há oftalmopatia grave na doença de Graves na infância.
Com relação à parte laboratorial, o TSH é suprimido e o T4 livre
aumentado. “Na doença de Graves, com os ensaios mais novos de dosagem de corpo
contra o TSH, a grande maioria dos pacientes possui esse anticorpo positivo”,”,
comenta a médica.
O tratamento
padrão do hipertireoidismo na infância é com o uso de medicamentos
antitiroidianos, entretanto, segundo a endocrinologista, ainda é um desafio
tentar identificar quais são as crianças que poderiam apresentar maior
taxa de remissão.
Trabalhos europeus
sugerem que o tratamento prolongado com antitiroidiano estaria associado a
maior taxa de remissão e esse tratamento prolongado seria basicamente acima de
8 anos. Então, o que se preconiza atualmente, segundo o guideline europeu, é
tratar com medicação por pelo menos 3 anos e depois reavaliar o paciente.
Nos casos de
pacientes com outras doenças, como diabetes, hipertensão ou qualquer outra
endocrinopatia, o tratamento segue o mesmo, com a medicação antitiroidiana e,
nos casos de falha de resposta ou de efeitos colaterais ao tratamento
medicamentoso, pensar no tratamento definitivo, que seria a radiodioterapia ou
a cirurgia.
Dra. Cristiane
lembra ainda que os pacientes com hipertireoidismo por doença de Graves podem
apresentar outras doenças autoimunes. “A incidência de doença celíaca nos
pacientes com doença autoimune tireoidiana é de cerca de 1%. Também existem
alguns relatos de literatura mostrando uma incidência de 1% de doença hepática
autoimune. Portanto, a monitoração de outras doenças autoimunes nesses
pacientes é de grande importância”, conta ela.
“Como mensagem, acho que vale a pena ressaltar a importância do tratamento personalizado, o acompanhamento de perto de possíveis efeitos colaterais desses medicamentos e tentar avaliar qual seria o paciente que teria a maior chance de remissão. Naqueles pacientes que não apresentam remissão ou que apresentam recaída, fica a indicação de tratamento definitivo”, finaliza a endocrinologista que também é palestrante com este tema no 21º Encontro Brasileiro de Tireoide, que acontece em São Paulo, em maio.
SBEM-SP - Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo
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