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terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Do capacitismo à valorização: desafios e soluções na inclusão profissional de pessoas com deficiência visual

No Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual, as especialistas em diversidade e inclusão Kaká Rodrigues e Renata Torres comentam o baixo índice de emprego dessas pessoas e como as empresas podem incluí-las 



No dia 13 de dezembro foi instituído o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual, uma data que visa conscientizar a sociedade sobre os direitos e potenciais desse grupo. Uma das áreas em que ainda há muito a avançar é a do mercado de trabalho, na qual as pessoas com deficiência visual enfrentam não só barreiras de acessibilidade, mas também preconceito.

Segundo relatório do IBGE de 2019, existem cerca de 7 milhões de pessoas com deficiência visual no Brasil. Desse total, apenas 37% estão empregadas. Um dos principais pontos responsáveis por esta baixa taxa é um conceito que se tornou mais conhecido recentemente, o capacitismo. O termo refere-se à discriminação contra pessoas com deficiência em geral, baseada na falsa e preconceituosa ideia de que estas seriam ‘inferiores’ ou incapazes de realizar determinadas atividades.

O combate ao capacitismo pode começar nas empresas, segundo Kaká Rodrigues, co-founder da consultoria Div.A Diversidade Agora! e especialista em diversidade e inclusão. “Para mudar essa realidade, é preciso que as organizações adotem medidas para promover a inclusão e a acessibilidade das pessoas com deficiência visual em seus ambientes de trabalho. Elas devem oferecer treinamentos e capacitação para todas as pessoas colaboradoras, inclusive as com deficiência, visando não só a orientar sobre melhores maneiras de convivência e comunicação, mas também à sensibilização”, explica a especialista.

Kaká reforça ainda que a estrutura física da empresa é outro ponto que necessita de atenção para quebrar barreiras. “A organização que disponibiliza recursos e tecnologias assistivas, como softwares leitores de tela, lupas eletrônicas, impressoras em braile e teclados adaptados, por exemplo, e eliminam obstáculos e dificuldades arquitetônicas, facilitam o acesso, tornando as pessoas colaboradoras com deficiência visual muito mais integradas e acolhidas”, ressalta.

Para além dessa adaptação física, há o principal fator, que é o respeito. Renata Torres, também co-founder da consultoria Div.A Diversidade Agora! e especialista em diversidade e inclusão, alerta que o capacitismo não aparece somente de forma agressiva. “Todos nós precisamos respeitar as especificidades e as preferências de cada pessoa com deficiência visual, sem infantilizar ou superproteger, mas também sem ignorar ou negligenciar suas necessidades e demandas”, explica. A especialista salienta que todos podem ter sua oportunidade se a sociedade quebrar o paradigma do preconceito. “Valorizar as competências e os talentos das pessoas com deficiência visual é simplesmente reconhecer seus méritos, oferecendo oportunidades de crescimento profissional”, comenta Renata. 

A especialista reforça ainda que, “ao adotar essas medidas, as empresas não só cumprem a legislação vigente, que estabelece cotas para a contratação de pessoas com deficiência, mas também contribuem para a construção de uma sociedade mais justa, diversa e inclusiva, na qual todos possam exercer sua cidadania e sua autonomia”, conclui Renata Torres.



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