Setor está otimista com cenário favorável a novos investimentos, diz o executivo Francisco Carlos Colnaghi |
Os dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), de 2021, apontam que 84% dos brasileiros têm cobertura de água e apenas 56% estão ligados à rede de esgoto. Isso representa que 33 milhões de pessoas vivem sem acesso à água tratada e 93 milhões ainda não têm acesso à coleta de esgoto. Dentre as principais consequências desse quadro estão as centenas de hospitalizações por doenças, além de reflexos econômicos, educacionais e sociais negativos.
Como muitos problemas no Brasil, a questão não está na legislação, mas nas dificuldades de colocar em prática o que está no papel. A Lei 14.026, de 2020, estabeleceu o Novo Marco Legal do Saneamento, com o objetivo principal de aumentar investimentos através de universalizar os serviços até 2033 por meio de concessões ou Parceria Público-Privada (PPP) com prestadores regionais, garantindo que 99% da população do país tenha acesso à água potável e 90% ao tratamento e à coleta de esgoto.
Desde que o marco entrou em vigor, ocorreram processos
licitatórios significativos no país - com destaque para os projetos de
concessão dos serviços de saneamento nos seguintes estados: Amapá, Rio de
Janeiro, Ceará e Alagoas. Somados, os projetos já em curso preveem
investimentos de quase R$ 68 bilhões, com cobertura para mais de 31 milhões de
pessoas.
PAC 2023
Lançado em agosto deste ano, o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) prevê R$ 34 bilhões nos próximos três anos para melhorias em sistemas de água e esgoto, incluindo iniciativas de conservação e educação ambiental, além de obras, o que anima o setor. “É urgente que haja uma composição entre os setores público e privado para atrair mais investimentos e fazer deslanchar de vez esse desafio que está no dia a dia da vida dos brasileiros”, ressalta Francisco Carlos Colnaghi, vice-presidente do Conselho de Administração da Asperbras Brasil e diretor-geral da Asperbras Tubos e Conexões e Asperbras Rotomoldagem, que reúne empresas do setor agropecuário, alimentação e infraestrutura. “Temos que lidar com o fato de que há realidades diferentes nas diversas regiões do país e priorizar ações em estados onde essa carência causa inúmeros problemas básicos, como de saúde e de educação”, complementa Colnaghi.
Desenvolvimento sustentável
O debate sobre as diferentes realidades regionais e suas necessidades peculiares também foi tema da edição deste ano da Feira Nacional de Saneamento (Fenasan), maior evento do gênero na América Latina, realizada em São Paulo: “Saneamento Ambiental na Globalização do Desenvolvimento Sustentável”. Diversos palestrantes lembraram enfaticamente que o saneamento básico não inclui somente o abastecimento de água potável e esgoto sanitário, drenagem e manejo de águas pluviais, mas também limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, como define a Lei 11.445, que estabeleceu a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Um terço dos municípios ainda mantém lixões a céu aberto. Ainda há cerca de 3 mil unidades assim no país. O primeiro prazo para erradicá-los terminou em 2014. O Marco Legal do Saneamento Básico, de 2020, prorrogou esse prazo nas capitais e regiões metropolitanas para 2021, em cidades com menos de 50 mil moradores, para 2024. “Tal cenário representa condições muito ruins de vida para a população, comprometendo o futuro do País”, reforça Francisco Carlos Colnaghi.
Garantir disponibilidade e manejo sustentável da água e
saneamento para todos é a 6ª meta dentre os 17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS) estabelecidos em 2015 pela Organização das Nações Unidas
(ONU). “Se o Brasil não acelerar os investimentos nessa área, será mais uma
meta não cumprida dentre várias que não saem do papel”, alerta Francisco Carlos
Colnaghi, lembrando que um dos pontos do objetivo é melhorar a qualidade de
água nos corpos hídricos, reduzindo a poluição, eliminando rejeitos e
minimizando o lançamento de substâncias perigosas. “Devemos começar do começo:
sem água, não há qualquer forma de vida na Terra, então não há outro caminho a
não ser arregaçar as mangas e trabalhar para cuidar desse recurso básico e
essencial, de todas as maneiras possíveis, urgentemente, de modo a possibilitar
uma vida mais digna para as pessoas” conclui Colnaghi.
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