Hoje mais comuns do que nunca, as telas e aparelhos eletrônicos têm graves efeitos no desenvolvimento infantil; psicóloga comenta os principais pontos sobre o assunto
As férias escolares estão chegando e esse é um ótimo momento para tirar os pequenos das telas. Celulares, computadores e televisões estão sempre presentes em nosso cotidiano, acostumando nossas mentes às informações rápidas e excessivas emitidas por esses dispositivos. Embora já seja parte de nosso cotidiano, não nascemos preparados para lidar com tanta informação durante a infância, podendo afetar o desenvolvimento infantil quando a introdução a telas não é feita com esmero.
Os riscos de expor crianças às telas é tanto fisiológico quanto psicológico. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a exposição a telas eletrônicas, por qualquer período, não é recomendada para crianças menores de 2 anos. Caso aconteça, pode acarretar problemas no futuro para os olhos, comportamento, aprendizado e sociabilidade dos pequenos. Porém, embora não seja recomendado, o uso de telas tende a ser frequente. Para se ter uma ideia, uma pesquisa feita pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, mostrou que o uso de aparelhos eletrônicos por crianças aumentou de 15% para 59% nos últimos dois anos.
O mais importante para o desenvolvimento infantil é manter a criança com estímulos que impulsionam o aprendizado. “Os pais devem se envolver com a rotina dos filhos, é importante ter momentos de qualidade e vivências. Trazer ideias de brincadeiras, jogos e interações é essencial”, mostra a psicóloga Vanessa Gebrim, especialista em Psicologia Clínica pela PUC de SP.
Para ajudar os pais que têm dificuldades na hora de gerenciar o tempo de tela dos filhos, a especialista lista as principais dicas sobre o assunto. Confira:
1. Comunicação é essencial: a principal dica para manter o desenvolvimento
infantil dos filhos em dia é sempre ter um diálogo com os pequenos. “É
necessário dar o exemplo, não adianta tirar o tablet da
criança se os pais estão o dia todo com os celulares em mãos. O grande problema
é o uso excessivo e não o uso, então o desafio é encontrar um equilíbrio que
seja bom para todos. E, para encontrar isso, a melhor forma é sempre manter um
diálogo aberto com seus filhos”, aconselha Vanessa.
2. Estabeleça regras: ter uma rotina definida, momentos para
brincar, conversar e gradualmente apresentar as telas é uma boa alternativa. “Delegar
as tarefas aos pequenos, incentivar as descobertas, ensinar a lidar com
frustrações, deixar a criança errar e mostrar que isso é natural, ajudar a
guardar os brinquedos, jogar as roupas no cesto, também pode ajudar a criar
senso de responsabilidade”, complementa.
3. Evite deixar a criança muito independente: é ideal que as crianças tenham autonomia para se
tornarem adultos mais autossuficientes, no entanto, deve haver restrições.
“Ficar exposta por muito tempo nas telas pode causar problemas emocionais, como
depressão, ansiedade, falta de conexão com a família e amigos, euforia
exagerada, que vêm do excesso de estímulos dos aparelhos”, alerta a psicóloga.
4. Incentive a saída das telas: é importante manter o lúdico na vida das crianças,
com o intuito de protegê-las dos efeitos colaterais das telas. “Existem muitos
benefícios de deixar as crianças longe das telas, como redução de estresse e
ansiedade, por permitir um momento de relaxamento e concentração, fazer coisas
diferentes que saiam da rotina é muito saudável. Criar novos hábitos como
brincar, viajar, ter algum hobbie especial, esportes e, principalmente, rotina.
É preciso ter um horário estabelecido para o uso dos equipamentos. Assim, a
criança começa a entender que há uma vida fora das telas”, diz Gebrim.
5. Eduque e divirta: a primeira infância é um processo de aprendizagem,
mas também é o momento de aproveitar a infância dos pequenos, sem telas e
aparelhos no meio. “Os bebês precisam de estímulos aplicados de forma certa. A
falta ou o exagero podem ser negativos. Além disso, o uso elevado de telas como
“recurso pedagógico” não é recomendado. É preciso evitar o excesso de estímulos
com o propósito apenas de passar o tempo e não o de educar”, finaliza Vanessa
Gebrim.
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