É interessante
observar como a Neurociência vem ganhando espaço no nosso cotidiano. Disciplina
recente, ela agrupa conhecimentos sobre Neurologia, Psicologia e Biologia em
estudos que relacionam a estrutura do sistema nervoso central e como ele afeta
a área cognitiva e, logo, a aprendizagem.
A Neurociência tem
se preocupado em analisar de quais maneiras as percepções, as emoções, a
afetividade, o movimento, a inteligência e até mesmo a memória e a formação do
‘eu’ como pessoa interferem no processo de aprendizagem. Como os seres humanos
são sociáveis e aprendem de forma voluntária ou involuntária, podemos notar que
nosso cérebro adquire conhecimento mesmo das maneiras mais estranhas e
inesperadas: apenas focando em uma imagem, observando uma ação, ou mesmo num
inesperado flash da mente, que traz informações armazenadas ao longo da vida.
Ou seja, muitos fatores interferem nas questões de aprendizagem independente do
potencial de capacidade de raciocínio.
Perceba que algumas crianças,
mesmo que estimuladas e prontas para desenvolver a leitura, podem não alcançar
tal objetivo. Isso pode ocorrer por questões sociais, emocionais e até pela
falta de uma alimentação saudável, que consequentemente não municiará o cérebro
com as vitaminas básicas para o seu pleno funcionamento.
Diante de todas
essas informações, podemos considerar que já estamos vivendo um novo momento no
processo de construção dos saberes na infância. Avalio, que precisamos
construir um processo educativo capaz de trazer à criança a autonomia e a
identidade. Aliás, não só para as crianças, mas para a sociedade na qual ela
está inserida.
Hoje não é
possível mais se dedicar apenas à Pedagogia para resolver as questões inerentes
à sala de aula. O pedagogo também precisa ser um neuropesquisador, visto que as
emoções têm papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. É por meio delas
que o aluno exterioriza seus desejos e vontades. Em geral, são manifestações
que expressam um universo importante e perceptível, mas pouco estimulado pelos
modelos tradicionais de ensino.
Note, que o estado
emocional geralmente impede o indivíduo de exercer determinadas atividades
cognitivas. O cérebro humano, embora pareça uma massa única, possui divisões -
as chamadas áreas cerebrais - que são as grandes responsáveis por atitudes e
comportamentos humanos, como ver, ouvir, sentir fome, entre outras, além de realizas
várias tarefas incríveis, como controlar a temperatura corpórea, a pressão
arterial, a frequência cardíaca e a respiração. Isso significa que o cérebro
aceita milhares de informações vindas dos nossos sentidos e faz as
interconexões destas informações.
Apesar de toda
essa capacidade, ainda nos surpreendemos quando uma criança ou mesmo um adulto,
com alta capacidade de raciocínio, não consegue desenvolver seu potencial
cerebral. Não seria o nosso cérebro capaz de reproduzir, nas ações diárias, tudo
que lá está armazenado?
Precisamos
entender que os estímulos externos ajudam o cérebro a trabalhar na área
específica que desejamos. Se conseguirmos conciliar um ambiente agradável com
ajuda psicológica e valores morais, o cérebro pode reagir de maneira mais
eloquente e transformar o que antes eram apenas funções cerebrais em ações,
pois irá transmitir ao corpo toda a aprendizagem que está armazenando quando
estabelece as relações entre as atividades cerebrais.
Para que haja
aprendizagem, todo o exterior irá contribuir. É por isto que a Neurociência não
se propaga apenas como um estudo cerebral, mas trata o indivíduo como um todo,
incluindo suas relações familiares e sociais.
Sendo assim,
conhecer o papel do hipocampo na consolidação de nossas memórias, responsável pelas
nossas emoções, desvendar os mistérios que envolvem a região frontal sede da
cognição, linguagem e escrita, poder entender os mecanismos atencionais e
comportamentais das crianças com TDAH, terão papel fundamental para despertar a
mente humana e ajudar a nortear os passos para a conquista da leitura e da
escrita.
O cérebro ainda é
um grande e complexo mistério, porém somente através dos estudos das reações
das crianças e adolescentes aos estímulos da região temporal ligada à percepção
é que poderemos ter um diagnóstico mais preciso e encontrar as causas das
deficiências de aprendizagem e ajudar a conquistar esta parte do cérebro que
está parada, como num estado de letargia, sem querer atender aos
estímulos.
É imprescindível e
de fundamental importância tomar posse desses novos e fascinantes conhecimentos
para praticar uma pedagogia moderna, ativa, contemporânea, que se mostre
atuante e voltada às exigências do aprendizado em nosso mundo globalizado,
veloz, complexo e cada vez mais exigente.
Sueli Conte - Psicóloga, Psicopedagoga, Doutoranda em Neurociências, Mestre em Educação, aplicadora e facilitadora da Barra de Access e ThetaHealing, além de fundadora do Espaço Saúde Integrativa by Sueli Conte, localizado na Zona Sul de São Paulo.
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