Pesquisar no Blog

sábado, 21 de outubro de 2023

Neurociência aponta os caminhos da educação


É interessante observar como a Neurociência vem ganhando espaço no nosso cotidiano. Disciplina recente, ela agrupa conhecimentos sobre Neurologia, Psicologia e Biologia em estudos que relacionam a estrutura do sistema nervoso central e como ele afeta a área cognitiva e, logo, a aprendizagem. 

 

A Neurociência tem se preocupado em analisar de quais maneiras as percepções, as emoções, a afetividade, o movimento, a inteligência e até mesmo a memória e a formação do ‘eu’ como pessoa interferem no processo de aprendizagem. Como os seres humanos são sociáveis e aprendem de forma voluntária ou involuntária, podemos notar que nosso cérebro adquire conhecimento mesmo das maneiras mais estranhas e inesperadas: apenas focando em uma imagem, observando uma ação, ou mesmo num inesperado flash da mente, que traz informações armazenadas ao longo da vida. Ou seja, muitos fatores interferem nas questões de aprendizagem independente do potencial de capacidade de raciocínio. 

 

Perceba que algumas crianças, mesmo que estimuladas e prontas para desenvolver a leitura, podem não alcançar tal objetivo. Isso pode ocorrer por questões sociais, emocionais e até pela falta de uma alimentação saudável, que consequentemente não municiará o cérebro com as vitaminas básicas para o seu pleno funcionamento. 

 

Diante de todas essas informações, podemos considerar que já estamos vivendo um novo momento no processo de construção dos saberes na infância. Avalio, que precisamos construir um processo educativo capaz de trazer à criança a autonomia e a identidade. Aliás, não só para as crianças, mas para a sociedade na qual ela está inserida. 

 

Hoje não é possível mais se dedicar apenas à Pedagogia para resolver as questões inerentes à sala de aula. O pedagogo também precisa ser um neuropesquisador, visto que as emoções têm papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. É por meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e vontades. Em geral, são manifestações que expressam um universo importante e perceptível, mas pouco estimulado pelos modelos tradicionais de ensino. 

 

Note, que o estado emocional geralmente impede o indivíduo de exercer determinadas atividades cognitivas. O cérebro humano, embora pareça uma massa única, possui divisões - as chamadas áreas cerebrais - que são as grandes responsáveis por atitudes e comportamentos humanos, como ver, ouvir, sentir fome, entre outras, além de realizas várias tarefas incríveis, como controlar a temperatura corpórea, a pressão arterial, a frequência cardíaca e a respiração. Isso significa que o cérebro aceita milhares de informações vindas dos nossos sentidos e faz as interconexões destas informações. 

 

Apesar de toda essa capacidade, ainda nos surpreendemos quando uma criança ou mesmo um adulto, com alta capacidade de raciocínio, não consegue desenvolver seu potencial cerebral. Não seria o nosso cérebro capaz de reproduzir, nas ações diárias, tudo que lá está armazenado? 

 

Precisamos entender que os estímulos externos ajudam o cérebro a trabalhar na área específica que desejamos. Se conseguirmos conciliar um ambiente agradável com ajuda psicológica e valores morais, o cérebro pode reagir de maneira mais eloquente e transformar o que antes eram apenas funções cerebrais em ações, pois irá transmitir ao corpo toda a aprendizagem que está armazenando quando estabelece as relações entre as atividades cerebrais. 

 

Para que haja aprendizagem, todo o exterior irá contribuir. É por isto que a Neurociência não se propaga apenas como um estudo cerebral, mas trata o indivíduo como um todo, incluindo suas relações familiares e sociais. 

 

Sendo assim, conhecer o papel do hipocampo na consolidação de nossas memórias, responsável pelas nossas emoções, desvendar os mistérios que envolvem a região frontal sede da cognição, linguagem e escrita, poder entender os mecanismos atencionais e comportamentais das crianças com TDAH, terão papel fundamental para despertar a mente humana e ajudar a nortear os passos para a conquista da leitura e da escrita. 

 

O cérebro ainda é um grande e complexo mistério, porém somente através dos estudos das reações das crianças e adolescentes aos estímulos da região temporal ligada à percepção é que poderemos ter um diagnóstico mais preciso e encontrar as causas das deficiências de aprendizagem e ajudar a conquistar esta parte do cérebro que está parada, como num estado de letargia, sem querer atender aos estímulos. 

 

É imprescindível e de fundamental importância tomar posse desses novos e fascinantes conhecimentos para praticar uma pedagogia moderna, ativa, contemporânea, que se mostre atuante e voltada às exigências do aprendizado em nosso mundo globalizado, veloz, complexo e cada vez mais exigente. 

 



Sueli Conte - Psicóloga, Psicopedagoga, Doutoranda em Neurociências, Mestre em Educação, aplicadora e facilitadora da Barra de Access e ThetaHealing, além de fundadora do Espaço Saúde Integrativa by Sueli Conte, localizado na Zona Sul de São Paulo.
www.instagram.com/saudeintegrativa_oficial
www.instagram.com/sueliconteoficial


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados