Uma pesquisa conduzida pelo Ibope durante a pandemia, revelou que 82% das mulheres entrevistadas relataram sentir dores frequentemente. Em contraste, entre os homens participantes, essa porcentagem diminuiu para 18%. Nesse contexto, a FEBRASGO enfatiza que ao longo da vida, as diversas fases da mulher se desenham, desencadeando transformações tanto no corpo quanto na mente. Portanto, é de extrema importância priorizar a atenção aos cuidados de saúde, garantindo a manutenção do bem-estar feminino e prevenindo o surgimento de condições dolorosas relacionadas.
Uma das condições de saúde frequentemente observadas em mulheres é a endometriose, que pode ser altamente debilitante. Ela se manifesta por meio de cólicas menstruais severas, dores abdominais fora do período menstrual, desconforto durante as relações sexuais e sintomas relacionados ao trato intestinal e urinário.
O Dr. Carlos Alberto Petta, membro da Comissão Nacional Especializada em Endometriose da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), explica que dentro do útero, as mulheres possuem uma camada de glândulas chamada endométrio, que fica à espera de uma gravidez. Se essa gravidez não ocorre, o endométrio é eliminado, o que chamamos de menstruação, sendo composta por células do endométrio. A endometriose ocorre quando essas células se encontram em locais fora do útero, como no ovário, na parte posterior do útero e na bexiga. Essa condição pode afetar o sistema reprodutivo, pois é uma doença inflamatória que provoca aderências que distorcem a anatomia desses órgãos, sendo uma das causas da infertilidade.
Além das cólicas extremamente intensas, que às vezes impedem que a mulher desempenhe suas atividades diárias, e das dores abdominais severas, outros sintomas da endometriose compreendem:
- Alterações intestinais e urinários durante o período
menstrual;
- Sangramento menstrual intenso e irregular;
- Dor intensa durante relações sexuais;
- Dor pré-menstrual, que pode ocorrer uma ou duas semanas antes
do início do período menstrual, afetando a região abdominal.
- Dor para urinar;
- Dor abdominal;
- Distensão abdominal;
- Massa abdominal palpável;
- Fadiga e cansaço;
- Infertilidade ou dificuldade maior para engravidar.
“Os fatores de risco para o desenvolvimento da endometriose podem ser divididos em várias categorias. Um dos principais é o histórico familiar, pois uma mulher com um parente de primeiro grau afetado pela doença enfrenta um risco significativamente maior, de sete a dez vezes, de também desenvolvê-la. Além disso, há evidências de que o estresse e a ansiedade possam desempenhar um papel na sua ocorrência. Outros estudos têm investigado a possível influência de poluentes ambientais”, alerta o Dr.
Diagnóstico
O diagnóstico da endometriose pode ser realizado com exames de imagem especializados. Quando realizados adequadamente, esses exames têm a capacidade de identificar a endometriose profunda, que envolve lesões com mais de 3 milímetros de extensão. No entanto, é fundamental que esses exames sejam conduzidos por profissionais experientes e que o paciente siga as orientações de preparo necessárias para realizar a ressonância ou ultrassonografia voltadas para a detecção da doença. Atualmente, os exames de imagem representam o padrão-ouro no diagnóstico da endometriose. Além de diagnósticos de cirurgia, mais biópsia ainda são importantes.
Tratamento
Os tratamentos para a endometriose podem ser categorizados em duas abordagens: clínicas ou cirúrgicas. Os tratamentos clínicos geralmente envolvem terapias hormonais que têm o efeito de suprimir a menstruação, além do uso de anti-inflamatórios e analgésicos. Em casos mais graves, a cirurgia, geralmente realizada por meio de videolaparoscopia, pode ser necessária para a remoção das lesões.
Além disso, o profissional de saúde também orienta mudanças no estilo de vida como parte do tratamento. Isso inclui ajustes na alimentação, como a redução de alimentos inflamatórios, como glúten, lactose, carne vermelha e açúcar, bem como a promoção de exercícios físicos, a redução de ansiedade e estresse. Essas medidas têm como objetivo melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas pela endometriose, uma vez que tanto a dor quanto a infertilidade são fatores que podem impactar negativamente a qualidade de vida das mulheres que sofrem com a doença e apresentam esses sintomas.
Sinais de alerta que pode sugerir a doença
Os sinais de alerta para possíveis complicações na endometriose
estão geralmente relacionados a obstrução no intestino ou no ureter. Essas
complicações não surgem abruptamente, mas podem ser identificadas por sintomas
como dores na região dos rins, dificuldade para evacuar, fezes com formato
anormalmente fino e, em geral, dor intensa.
Sempre que uma dor forte é experimentada, deve ser investigada, pois ela pode estar associada a uma dessas complicações. Embora não sejam comuns, essas complicações podem ocorrer e exigem atenção médica.
“Existem indícios que podem indicar a presença da doença, que
impacta a capacidade de trabalhar e estudar, requer um aumento na quantidade de
medicamentos, causa o surgimento de cólicas em quem antes não as tinha, ou
intensifica a dor em indivíduos que já as sofriam, e para aqueles que estão
tentando engravidar há mais de um ano sem sucesso, a endometriose pode ser uma
das possíveis causas”, conclui o médico.
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