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Mostra, com material de mais de 40 locais, chama atenção para corpos, saberes e memórias sistematicamente silenciados
Por
meio de textos, fotos, mapas e áudios, a exposição “Nós” – realizada pela
organização da Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo (BIA) - chama
atenção para corpos, saberes e memórias sistematicamente silenciados. Aberta ao
público e gratuita, mostra ficará até 18 de junho, de segunda à quinta, das 9h
às 12h e sextas, das 9h às 17h, na Comunidade Cultural Quilombaque, em São
Paulo.
A exposição é o resultado de uma pesquisa realizada pela curadoria da 13ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, realizada no ano passado, que trouxe reflexões sobre as desigualdades que marcam o território brasileiro. No estudo, ficou evidente que nessa enorme colcha de retalhos de experiências coletivas, algumas narrativas são legitimadas à custa do apagamento de outras. Realizaram o estudo, os curadores Carolina Piai Vieira, Larissa Francez Zarpelon, Louise Lenate Ferreira da Silva, Luciene Gomes, Pedro Vinícius Alves, Pedro Cardoso Smith, Raissa Albano de Oliveira, Thiago Sousa Ahmose e Viviane de Andrade Sá.
Por
isso, a importância de trazer à tona reflexões sobre territórios e fronteiras,
por meio de levantamentos coletivos de memórias apagadas, como rios enterrados,
construções demolidas, práticas culturais e espirituais ameaçadas e identidades
múltiplas violentadas, representados na exposição por 41 lugares. São organizações
ou instituições, formais ou informais, que têm ações afirmativas e de
resistência contra o apagamento de símbolos, saberes e memórias coletivas
relacionadas ao território. Ou ainda, espaços que já tiveram grande relevância,
mas foram suprimidos ou descaracterizados de forma intencional para
negligenciá-los, seja por reformas urbanas ou por dinâmicas socioeconômicas
segregacionistas.
Os
locais, quase todos na cidade de São Paulo, foram chamados de “nós” - termo que
se refere a emaranhados de fios que, quando tensionados, ficam mais
resistentes; mas, também se refere ao pronome da primeira pessoa do plural,
para vincular à coletividade.
Os
nós são apresentados individualizados por uma imagem "costurada"
sobre um mapa do entorno como uma colcha de retalhos formada por muitos fragmentos.
É uma metáfora à rede de relações que existe e resiste nos territórios.
Como
um desdobramento da edição do ano passado da BIA, “Nós” pretende colaborar com
o compartilhamento de informações e de percepções sobre corpos, saberes e
memórias que foram sistematicamente silenciados, em muitas camadas, pelas
narrativas oficiais sobre os territórios, que são marcados por histórias de
solidariedade, resiliência e ancestralidade.
A
curadoria assume o papel de interlocutora, já que, sempre quando possível, as
narrativas são apresentadas por agentes destes lugares, e foram registradas de
textos e áudios que podem ser acessados na íntegra pelo site www.bienaldearquitetura.org.br
Também
faz parte da programação “Nós” o seminário gratuito “Campo ampliado da
arquitetura: experiências e futuros possíveis”, que acontecerá dia 03 de junho, às 14h, no
Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento São Paulo - com Coletivo
Levante (Amanda Castilho e Fernando Maculan), Ana Carolina Macêdo Cardoso,
Cleiton Ferreira, Kleber Pagú, Gisele Brito e Wanessa Fernandes, e mediação de
Carolina Piai Vieira.
A
exposição e o seminário – fomentados pelo Pro-Mac, apoio do Ministério da
Cultura e com patrocínio da Belgo Arames e Helbor - marcarão também o
lançamento do catálogo da BIA de 2022, finalizado agora, e a transição para a
14ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, prevista para 2025.
Convidados:
AMANDA CASTILHO - Arquiteta e urbanista
formada pelo Centro Universitário UNA e Pós-Graduanda em Arquitetura, Educação
e Sociedade pela Escola da Cidade. É membro do Coletivo LEVANTE e colaboradora
na MACh Arquitetos como arquiteta. Faz parte do grupo de estudos e
desenvolvimento pedagógico Desvios e trabalha como autônoma em projetos de
arquitetura, expografia e ilustração.
ANA CAROLINA MACÊDO - Arquiteta formada pela
UNIFAP, bolsista de Mestrado em Arquitetura na UFMG com dissertação Etnocídio
indígena no contexto urbano. Autista integrante do podcast Introvertendo, que discute a vivência
de adultos no espectro autista.
CAROLINA PIAI VIEIRA - Atua como pesquisadora
e educadora do coletivo Cartografia Negra e como formadora no Instituto
Vladimir Herzog. Trabalhou como educadora no Projeto Observatório de Direitos
Humanos em Escolas, do Núcleo de Estudos de Violência da USP. Com o coletivo
Cartografia Negra está com trabalho exposto na 18ª Bienal de Arquitetura de
Veneza. Graduada em Jornalismo, participou de formações no Núcleo de Artes
Afro-brasileiras da USP, no Centro de Estudos Africanos e é mestranda em
História Social. Fez parte da equipe de co-curadoria da 13ª Bienal
Internacional de Arquitetura de São Paulo.
CLEITON FERREIRA - É especialista em
Gestão Cultural pelo Centro de Pesquisa e Formação do SESC, co-fundador da
Comunidade Cultural Quilombaque em 2005, onde atua como Gestor de Relações
Interinstitucionais.
COLETIVO LEVANTE - Reúne arquitetos e
profissionais de topografia, engenharia, design
e paisagismo em um laboratório de ideias que tem a favela da Serra como
principal território de atuação. Desde 2017, em parceria com o Centro
Cultural Lá da Favelinha, tem se consolidado como um modelo para a realização
de projetos e obras pela formação de redes e relações afetivas, ativando
culturas e potências latentes através da arquitetura.
FERNANDO MACULAN é arquiteto e urbanista graduado pela
Escola de Arquitetura da UFMG, sócio fundador da MACh Arquitetos e idealizador
do Coletivo LEVANTE. Fruto de criação multidisciplinar e colaborativa, seu
trabalho fundamenta-se na elaboração de conceitos coerentes com as
especificidades do lugar e das pessoas envolvidas e no reconhecimento de
tradições e projeções de futuro com ênfase na diversidade.
KLEBER PAGÚ - É um dos expoentes da Arte Urbana
mundial, artista, provocador e produtor. O codinome foi inspirado na história
de luta e em um dos codinomes de Patrícia Galvão. Incentivou e produziu mais de
200 murais no espaço público, incluindo obras dentro e fora do Brasil. Criou o
CÉU - Museu de Arte a Céu Aberto, instituição designada à memória e valorização
dos movimentos culturais no espaço público. É graduado nos cursos de Sociologia
e Política na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo e
Museologia na Universidade Leonardo Da Vinci.
WANESSA FERNANDES - Filha de assentados da
reforma agrária na Comuna da Terra Dom Tomás Balduíno, em Franco da Rocha/ SP.
Graduada em Pedagogia da Terra na UFSCar pelo PRONERA. Militante do MST da
Grande São Paulo - Setor de Educação.
Programação de Maio e Junho de 2023
Exposição “Nós” - Gratuita
Quando:
até 18 de junho de 2023
Onde:
Comunidade Cultural Quilombaque - Tv. Cambaratiba, 05 - Perus, São Paulo/ SP
Horários
de visitação: segunda,
terça, quarta e quinta, das 9h às 12h, e sexta das 9h às 17h
Seminário “Nós” - Campo ampliado da arquitetura:
experiências e futuros possíveis - Gratuito
Quando:
03 de junho de 2023
Horário:
das 14h às 18h
Onde:
Instituto de Arquitetos do Brasil (IABsp) - Rua Bento Freitas, 306 - 4º andar -
Vila Buarque, São Paulo/SP
Lançamento do Catálogo da 13
ª Bienal Internacional de
Arquitetura de São Paulo
Quando:
03 de junho de 2023
Horário:
18h30
Onde:
Comunidade Cultural Quilombaque - Tv. Cambaratiba, 05 - Perus, São Paulo/SP
Distribuição
e entrada gratuitas
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