Na pressa de se
mostrarem inclusivas, algumas empresas metem os pés pelas mãos e acabam se
esquecendo do básico: escutar o que as mães têm a dizer
A pauta da inclusão das mulheres que são mães no
mercado de trabalho tem se tornado cada vez mais latente - algumas empresas,
inclusive, já oferecem o congelamento de óvulos entre os benefícios
corporativos. Ainda assim, as pesquisas mostram que metade das mulheres são
desligadas de suas ocupações quando retornam da licença-maternidade, ou quando
termina o período de estabilidade de 5 meses pós-parto, garantido por lei.
De acordo com a consultoria Robert Half, 4 em cada
10 mulheres não conseguem voltar ao trabalho após a licença. “Muitas delas se
tornam empreendedoras, em busca da autonomia e flexibilidade, tão importantes e
necessárias quando nos tornamos mães, especialmente se a criança tem até três
anos ou precisa de cuidados extras, dependendo de suas condições físicas,
mentais e emocionais”, explica Dhafyni Mendes, pesquisadora de carreiras
femininas e cofundadora do Todas Group.
“Sou mãe de dois, um adolescente de 16 e uma menina
2. Entendo perfeitamente as mulheres que, ao serem colocadas na situação de
escolherem entre sua carreira e a maternidade, não enxergam saídas possíveis.
Em vez de ter que abrir mão, podemos somar e entender como podemos nos tornar
melhores profissionais sendo mães e o quanto é possível sermos melhores mães,
sendo excelentes profissionais. Referências são fundamentais, ver outras mães
crescendo no mercado de trabalho reforça que podemos multiplicar experiências,
em vez de ter que escolher”, conta Dhafyni.
A empreendedora percebe que as empresas, por melhor intencionadas que estejam, cometem erros que podem gerar inseguranças ou até mesmo culpabilizar as mulheres pela maternidade. Dhafyni selecionou os três principais deles e algumas maneiras de evitá-los:
- Comunicação: Mais do que dar dicas sobre como equilibrar a vida profissional e os compromissos pessoais, é extremamente importante que as mulheres sejam ouvidas e que haja um espaço seguro para trazerem suas questões. “85% das mulheres se sentem nervosas ou receosas sobre comunicar a primeira gravidez para seus gestores. Na segunda gravidez, esse número cai para 45%; elas já passaram pela experiência e sabem das possibilidades. Garantir espaço seguro para a comunicação é a uma forma de encontrar soluções inovadoras para o bem-estar das colaboradoras e performance das empresas”, explica Dhafyni.
- Planejamento: Uma pesquisa realizada pela McKinsey mostrou que as mães são o grupo que mais quer crescer no mercado de trabalho, entre as mulheres. Enquanto 75% das mães entrevistadas afirmaram que querem ser promovidas, o resultado entre mulheres, no geral, ficou em 70%. “Quero ser uma alta executiva” teve identificação de 35% das mães contra 31% entre as mulheres que não são mães. 60% das mães concordam que querem ser gestoras, enquanto o índice geral ficou em 54%. “Oferecer um planejamento para a carreira das colaboradoras pós-licença maternidade é benéfico para o desempenho corporativo e deixa as mulheres mais seguras para voltarem ao trabalho”, afirma a pesquisadora. O planejamento dos possíveis caminhos paras as mães que retornam da licença pode ser feito tendo em vista promoções, realocações, atualizações da área e projetos inovadores. “Seria interessante desenhar um novo fluxo de onboarding para o período de adaptação, dessa forma as empresas contribuem para acelerar as curvas de aprendizado e crescimento das mães que voltam para suas tarefas com motivações dobradas”, explica Dhafyni.
- Flexibilidade: Pais e
mães estão se adaptando à nova rotina com a chegada de mais um membro na
família. Imprevistos e mudanças vão acontecer e é importante que, tanto as
mulheres quanto os homens, estejam confiantes para também adaptar suas
agendas, sem que isso impacte suas entregas. “Existem diversas ferramentas
corporativas que podem ser usadas para manter a produtividade:
acompanhamento de projetos e atividades, estabelecimento de fluxos,
negociação de prazos, formação de equipes multidisciplinares, adoção da
comunicação assíncrona, treinamentos, construção de uma relação de confiança
com a gestão, entre outras. Uma pesquisa feita pela ONG Catalyst, com mais
de 7.400 funcionários ao redor do mundo, mostrou que há 32% menos chances
de mulheres com filhos deixarem seus empregos se tiverem a opção do
trabalho remoto”, finaliza Dhafyni Mendes.
https://www.linkedin.com/in/dhafynimendes/
https://www.instagram.com/dhafyni/
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