Especialista alerta a necessidade das empresas promoverem a cultura de paz dentro do ambiente corporativo a fim de acabar com assédio
Caso de assédio dentro das empresas é algo que tem
se tornado ‘comum’ e mais visível aos olhos da mídia e dos gestores nos últimos
anos. Além de ser um problema grave que pode afetar profundamente a vida dos
colaboradores e das organizações, desencadeia uma série de problemas, como
processos trabalhistas, queda na produtividade, piora no clima organizacional,
absenteísmo e demissões. Por isso, Rebeca Toyama, especialista em carreira e
comportamento, esclarece alguns pontos importantes sobre os
efeitos do assédio e o que ele pode desencadear na vida do colaborador como
vergonha e inibição, indo para o baixo engajamento e produtividade, e até
problemas graves de saúde mental, endividamento entre outros.
Segundo uma pesquisa realizada pelo site Vagas.com,
empresa de recrutamento de profissionais, mostrou que 52% dos profissionais já
sofreram práticas de assédio, sendo que 87,5% não denunciaram o ato. A maior
parte, 39,4%, disse que não fez a denúncia por medo de perder o emprego, já
31,6% tiveram receio de sofrer vingança, 11% dizem sentir vergonha, 8,2%
relataram sentir medo de que a culpa recaia sobre o denunciante e 3,9% disseram
sentir culpa. Já entre os que decidiram relatar o assédio, 74,6% afirmaram que
o agressor permaneceu na empresa mesmo após a denúncia.
De acordo com Rebeca Toyama, especialista em
carreira e comportamento, as empresas são responsáveis pelo que acontece dentro
do ambiente de trabalho, porque é uma questão de governança e
responsabilidade social. “Hoje temos uma lei que obriga as empresas a terem
esse olhar para promover um ambiente seguro e saudável, portanto, o papel das
empresas neste cenário é trazer ações de conscientização e prevenção as
práticas de assédio, além de disponibilizar um canal de denúncia seguro e
efetivo para que os colaboradores possam reportar casos de assédio e abuso de
forma sigilosa e anônima, evitando assim sentirem medo ao denunciar”, revela.
Assédio X Saúde Mental
O assédio dentro do trabalho afeta gravemente a
vida dos profissionais, desencadeando problemas de saúde mental e
endividamento, podendo até levar uma pessoa ao suicídio. Para Rebeca, é
possível relacionar o assédio com as finanças pessoais, pois quando o
colaborador está endividado ele apresenta uma tolerância maior ao assédio.
“Quando o colaborador está endividado, ele tende a
não procurar o canal de denúncia, ao invés disso ele vai passa a tolerar o
assédio, o que leva muitas vezes o assediador a aumentar o tom das ofensas. O
que sem dúvida vai impactar a saúde comprometendo a capacidade do colaborador
de cuidar de seu bem-estar financeiro“, comenta Rebeca Toyama.
No geral, o assédio deixa marcas profundas no
íntimo da vítima, e ainda pode desencadear consequências psíquicas, físicas,
sociais e profissionais, como: dores generalizadas, distúrbios digestivos,
crises de choro, estresse, isolamento, depressão, suicídio, ansiedade e até a
diminuição da produtividade.
“Enquanto o assédio não é denunciado, o assediador
continuará prejudicando a vida de outras pessoas, então, para impedir é
importante denunciar. Eu tenho a bandeira de educar antes de punir, porque se o
foco for educativo, conseguiremos criar um ambiente psicologicamente mais seguro”,
afirma Toyama.
Cultura de paz dentro das
organizações
É preciso conscientizar as empresas sobre a
importância de um ambiente de trabalho saudável e livre de qualquer prática de
assédio e violência, e um ambiente que promova uma cultura de paz, está alinhado
com as práticas ESG, valoriza o respeito e a ética, e os colaboradores podem
desempenhar suas funções com tranquilidade e segurança.
Segundo Rebeca, a cultura de paz não é uma
obrigação legal e é um elemento que ainda não é muito abordado dentro das
empresas. Mas o termo segurança psicológica já está sendo inserido no mundo das
organizações, e traz a necessidade de um ambiente seguro e que preserve a saúde
mental dos colaboradores.
“Aqui trago o convite para as empresas lançarem um
novo olhar que integre autoconhecimento e conhecimento para que as pessoas
possam ter uma relação de maior respeito consigo mesma e em seguida com os
colegas, liderados, clientes e fornecedores. Porque isso é essencial para a
construção de um ambiente de trabalho socialmente responsável, onde todos
possam colaborar para o bem comum, com relações pautadas pela cooperação,
harmonia e respeito mútuo”, finaliza.
Rebeca Toyama, especialista em
carreira e comportamento, destaca em 3 tópicos como trabalhar o tema dentro das
organizações, investindo em um ambiente seguro e saudável:
- Iniciar
o processo educativo: existe muita desinformação relacionada ao
tema, portanto é necessário investir em programas de treinamentos e
palestras;
- Criar
um ambiente seguro: fortalecer os canais de denúncia e deixar
claro aos colaboradores que práticas de assédio não são aceitas;
- Colocar
os líderes no foco da ação: lembrando que esse conteúdo não fez parte da
formação da maioria dos profissionais, portanto, eles precisam ser
preparados para lidar com o tema.
Rebeca Toyama Msc - porta-voz da ODS 8 (trabalho decente e crescimento econômico)
do Programa Liderança com ImPacto da ONU, fundadora
da ACI – Academia de Competências Integrativas, uma empresa
signatária do Pacto Global da ONU e participante
do Movimento Mente em Foco promovido
pela Rede Brasil do Pacto Global da ONU. Mestre em Psicologia
Clínica e Administradora. Especialista
em liderança, carreira e tendência do mundo do trabalho.
Atua há 20 anos como palestrante, mentora e coach.
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