Realizada de forma pioneira nos Estados Unidos, nova técnica é um novo protocolo para alguns tratamentos para cardiopatias e outras doenças crônicas
O ineditismo anunciado nesta terça-feira (11/1) ao
mundo marca um novo momento da história da medicina e dos transplantes
cardíacos. Um coração suíno, geneticamente modificado para a adaptação em um
ser humano, foi implantado em um paciente com 57 anos com doença cardíaca em
fase terminal, sem perspectiva de tratamento disponível.
Realizado no Centro Médico da Universidade de
Maryland, em Baltimore, nos Estados Unidos, a nova técnica pode se tornar uma
alternativa viável para a escassez de órgãos disponíveis para transplante em
diversos países e, especialmente, como alternativa terapêutica para aqueles que
não podem ser submetidos ao transplante tradicional.
De acordo com o Dr. Roberto Kalil Filho, presidente
do Conselho Diretor do InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da
FMUSP), a nova técnica pode ser uma esperança para milhares de pessoas pelo
mundo. “Aspectos como a rejeição do órgão e a condição clínica do paciente
ainda são barreiras a serem vencidas nesta nova técnica. Ainda é um primeiro
passo, mas que será acompanhado de perto pela comunidade médica com grande
entusiasmo.”
O InCor já realizou mais de 1.100 transplantes de
coração adulto e infantil. No Brasil, ele é o responsável por 80% dos
transplantes cardiopulmonares feitos pelo Sistema Único de Saúde e, no mundo,
ocupa a 7ª posição entre os centros que mais transplantam coração.
“A medicina fala do xenotransplante desde as
décadas de 1960/1970. O que faltava para avançar era conseguirmos interferir
geneticamente no animal, suprimindo alguns genes, introduzindo outros, para que
o órgão fosse compatível com seres humanos, sem quaisquer riscos de transmissão
de doenças específicas do animal”, afirma Dr. Fábio Jatene, diretor da Divisão
de Cirurgia Cardiovascular do InCor.
Neste tipo de transplante também foi introduzido,
por intermédio da engenharia genética, a supressão do crescimento do órgão.
“Essa manobra é brilhante, pois esse crescimento poderia ser um fator de complexidade a mais, uma
vez que o coração no porco pode crescer exponencialmente, tendo em vista que
alguns desses animais podem chegar a até 300 quilos”, diz o cirurgião.
“Estamos vivendo a história. Estamos diante de uma
revolução dentro da medicina que pode envolver os outros órgãos do corpo
humano, além do coração”, conclui Dr. Jatene.
InCor
- hospital público de alta complexidade, especializado em cardiologia,
pneumologia e cirurgias cardíaca e torácica. Além de ser um polo de atendimento
- desde a prevenção até o tratamento, o Instituto do Coração também se destaca
como um grande centro de pesquisa e ensino. O Incor é parte do Hospital das
Clínicas e campo de ensino e de pesquisa para a Faculdade de Medicina da USP --
Universidade de São Paulo. Para a manutenção de sua excelência, o Instituto tem
suporte financeiro da Fundação Zerbini, entidade privada sem fins lucrativos.
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