O cenário exige muita criatividade, empatia e capacidade de
administrar expectativas
O
setor varejista, principalmente relacionado aos estudos, foi muito prejudicado
durante a crise da Covid-19, sobretudo por conta das aulas à distância. Mesmo
com a volta híbrida durante esse ano, muitas empresas do segmento evitaram
apresentar lançamentos de produtos. No período pandêmico, acredita-se que os
artigos que mais ganharam força nas vendas foram os de atividades, como por
exemplo o lettering - técnica que consiste em desenhar letras e palavras, em
vez de digitá-las - e outros que estimulam expressões artísticas. Diferente do
setor direcionado as mochilas e lancheiras que tiveram pouca procura pelo
consumidor.
Porém,
mesmo com a vacinação em massa e o retorno das crianças às escolas, a
expectativa da indústria e do comércio para este volta às aulas é permeada por
um otimismo cauteloso. Com o impacto bem significativo em termos numéricos
destes dois anos, o setor traça uma projeção conservadora, tomando como base o
faturamento de 2019, acrescido da inflação do período. Tendo em vista a
percepção de agência com grande foco no setor papeleiro, as perspectivas giram
em torno de fazer mais (ou o mesmo) com menos.
É
um cenário que exige muita criatividade para impactar os consumidores da
maneira mais positiva possível. Crianças e adolescentes tiveram a sua relação
com a vivência presencial na escola muito afetada, e neste cenário, os pais
podem ver nos materiais escolares um incentivo para que os estudantes retomem o
gosto pelo ritual de frequentar a escola. Existe uma expectativa de que as
pessoas estejam ávidas em gastar dinheiro para promover esta compensação aos
seus filhos, mas não há como saber ao certo o quanto o poder aquisitivo foi
afetado.
Em
relação às campanhas e publicidade, deve-se ter um cuidado muito grande em
administrar expectativas dos clientes e fazer esforços para que os consumidores
sintam-se motivados a voltar a frequentar o ponto de venda. Ninguém quer fingir
que nenhuma crise aconteceu, mas evitar menções à pandemia não fazem mais
sentido. Um grande cuidado é gerar um clima positivo, de “bola para frente”, de
forma otimista, mas com os pés no chão.
Valorizar
a experiência dos consumidores com as marcas também é um diferencial a ser
explorado nas campanhas de 2022 e as redes sociais serão fortes aliadas nesse
processo de criatividade, como, por exemplo, o TikTok que está vindo com força
total. A campanha “ideal” precisa ser uma combinação equilibrada de apoio ao
trase e incentivos promocionais ao consumidor, tanto de packs promocionais,
quanto de investimento em concursos, sorteios e principalmente, ações que
estimulem as pessoas a frequentarem o ponto de venda.
Como
as compras via internet aumentaram consideravelmente e as pessoas se
acostumaram a realizá-las, as estratégias precisam ser pensadas para o digital
também. Ou seja, envolver anúncios, hotsites e influenciadores é fundamental.
Além disso, a indústria e o varejo se perguntam como será a “recuperação” do
tempo perdido. Em primeiro lugar, é importante ter em mente que esta
recuperação não será à vista, ela será parcelada.
Os
consumidores estão se adaptando a uma realidade onde alguns downgrades foram
necessários. Por isso, marcas que ainda não investiram em produtos da linha de
entrada (primeiro preço), devem avaliar a possibilidade de incluir estes itens
em seus portfólios. A verdade é que as empresas que se colocarem no lugar dos
consumidores, terão o público muito mais próximo, podendo se destacar nas
vendas nesse período.
Carlos Costa - publicitário de formação, tem mais de 20 anos de carreira na área da comunicação e hoje ocupa o cargo de diretor executivo e especialista em planejamento criativo da Agência Ecco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário