Campanha chama a
atenção para conscientização sobre a importância do adoecimento emocional
O início do ano marca
a divulgação da campanha Janeiro Branco, que tem como objetivo chamar a atenção
para as questões e necessidades relacionadas à saúde mental e emocional das
pessoas. Em um momento no qual a pandemia de Covid-19 está prestes a completar
um ano de duração no Brasil, o incentivo ao cuidado mental se mostra cada vez
mais necessário, seja entre os pacientes, seja entre seus familiares.
De acordo com Rodrigo Lancelote Alberto, médico psiquiatra e diretor técnico do
CAISM-FR (Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental de Franco da Rocha),
gerenciado pelo Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim"
(CEJAM) em parceria com o Governo do Estado de São Paulo, a fase mais recente
da pandemia tem gerado sentimentos de desgaste e desesperança, que levam as
pessoas a procurarem por atendimento psiquiátrico ou psicológico na rede
pública de saúde.
"O tempo decorrido desde o início da pandemia e do isolamento é grande,
especialmente se consideramos as diversas modificações de hábitos que foram
impostas de maneira abrupta às pessoas. Houve um rompimento das rotinas, um
medo crescente e constante diante das notícias com os números de mortos e
infectados, além dos impactos financeiros/sociais e da redução das práticas
esportivas e de lazer por conta do isolamento", explica o especialista.
Nesse sentido, um dos objetivos da campanha Janeiro Branco é estimular a
manutenção dos tratamentos daqueles que já os faziam antes da pandemia, e que,
por algum motivo, reduziram as consultas e o acompanhamento, e também
incentivar que novos pacientes procurem por auxílio profissional para tratar
possíveis desordens mentais e emocionais.
"O tratamento psiquiátrico, basicamente, tem algumas fases: aguda,
continuidade e manutenção. Ou seja, é necessário um seguimento de consultas
para ajustes e avaliações clínicas com o objetivo de atingir a cura ou, pelo
menos, o maior alívio do sofrimento e melhora da qualidade de vida
possível", afirma o médico, ressaltando os possíveis prejuízos causados a
quem interrompe os tratamentos de forma abrupta.
"Vale lembrar que nenhum tratamento deve ser interrompido por conta
própria, independente da doença que se busque curar ou acompanhar. Interromper
de forma abrupta ou antecipada o tratamento psiquiátrico ou psicológico pode
trazer prejuízos como, por exemplo, os efeitos físicos e psíquicos da retirada
de alguns tipos de medicamentos, assim como o retorno precoce dos sintomas.
Isso facilita e intensifica uma possível recaída e/ou uma recorrência da
doença", completa.
Ajuda familiar e tratamento
O apoio familiar para quem manifesta sintomas de desordem mental ou emocional é
essencial, seja na pandemia ou fora dela. Alberto ressalta que, no dia a dia,
familiares e amigos podem reconhecer os sintomas, quando a pessoa apresentar
características como ansiedade, tristeza e falta de motivação sem qualquer
motivo aparente ou de forma mais intensa e duradoura do que seria comum.
"A função da família e pessoas próximas é fundamental, pois, em muitos
casos, o esforço contínuo e desmedido da pessoa em manter sua rotina é tão
grande que não se percebe ou então não se observa a privação e os prejuízos que
ela sofre em sua qualidade de vida. Ou seja, através de um esforço muito
intenso, o paciente tende a esconder, de si e dos outros, os problemas mentais
e emocionais que possa estar enfrentando, retardando a busca por
tratamento", explica o médico.
O tratamento de transtornos psiquiátricos requer a adoção, em conjunto, de medicamentos
e terapia. A individualização do tratamento faz com que o objetivo possa ser
alcançado de forma mais rápida, eficaz, adequada e consistente.
"Portanto, jamais o paciente deve se automedicar ou tomar remédios de
conhecidos ou familiares. Além disso, a terapia sempre deve ser realizada com
profissional habilitado, pois vai muito além de uma simples conversa ou
bate-papo. Por fim, e não menos importante, cada pessoa necessita manter as
rotinas, alimentação saudável e reservar tempo para atividades de lazer e
atividades físicas. Deve-se, ainda, evitar excessos de informações neste
momento, reservar horas de sono suficientes e não consumir drogas",
complementa.
Janeiro Branco
A
campanha é realizada no primeiro mês do ano porque é nesse período que as
pessoas, em termos simbólicos e culturais, procuram pensar e avaliar suas
vidas, suas emoções e suas relações sociais.
A ideia da cor da campanha é promover o entendimento de que, como uma folha ou
uma tela em branco, todos podem ser inspirados a (re) escreverem suas próprias
histórias. E que, nesse sentido, o auxílio psiquiátrico e psicológico pode ser
fundamental para enfrentar desordens de ordem emocional ou psíquicas.
Além de conscientizar, a campanha busca combater tabus e mudar paradigmas sobre
a saúde mental, promovendo palestras, oficinas, cursos, materiais de divulgação
e abordagem de pessoas em espaços públicos. Em 2021, por conta da pandemia de
Covid-19, a ação tem priorizado espaços abertos e formatos online.
Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim"- CEJAM
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