São
centenas de remédios que, se usados sem controle, trazem riscos para os ouvidos
Apesar de ser muito comum as pessoas
tomarem remédios para combater resfriados, febre ou dor de cabeça, a
automedicação pode ocasionar um sério risco para a saúde, principalmente se
isso for uma prática constante. Especialistas advertem que o uso prolongado de
cerca de 200 medicamentos ototóxicos pode provocar zumbido, tonturas e perda de
audição.
O consumo regular (duas ou mais vezes
por semana) de acetaminofen - mais conhecido como Paracetamol - aumenta em 99%
o risco de deficiência auditiva em homens com menos de 50 anos; e em 38% em
homens entre 50 e 59 anos. Para quem tem mais de 60 anos, o risco de perda
auditiva é 16% maior. Esta é a conclusão de um estudo conduzido por cientistas
da Universidade de Harvard, Hospital Brigham and Women, da Universidade
Vanderbilt e da Massachusetts Eye and Ear (EUA), publicado no American Journal
of Medicine .
A pesquisa também mostrou que entre as
pessoas que usam regularmente aspirina - indicada na prevenção de doenças
cardiovasculares -, o risco de perda auditiva foi 33% maior em homens abaixo
dos 59 anos. E entre os que usam com frequência anti-inflamatórios não
esteroides, como o ácido acetilsalicílico, ibuprofeno e dipirona sódica, o
risco foi 61% maior para homens abaixo dos 50 anos, 32% maior para a faixa
entre 50 e 59 anos e 16% maior para quem tem 60 anos ou mais.
Outro estudo, este conduzido pelo NUPES
(Núcleo de Pesquisa e Extensão em Saúde), da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), comprovou a relação entre o uso de anticoncepcionais e
alterações auditivas. Foi observado que "os contraceptivos hormonais
tendem a influenciar alterações do sistema auditivo e do sistema vestibular;
ocasionando sintomas como zumbido e vertigem, porém, tais alterações dependem
da dosagem administrada. Tais achados evidenciam que os contraceptivos estão
diretamente relacionados à perda auditiva neurossensorial em mulheres".
Medicamentos diuréticos, como
furosemida e bumetanida, usados no tratamento de pressão alta e insuficiência
cardíaca, também podem causar perda auditiva, principalmente se a pessoa tomar
mais de um, durante o período de uma hora, segundo aponta relatório da ASHA
(American Speech-Language-Hearing Association). A neomicina é outra droga
também traz riscos à audição.
Todos esses remédios podem causar
lesões graves - algumas vezes irreversíveis - nas partes do ouvido humano
responsáveis pela audição e pelo equilíbrio. Os efeitos da ototoxidade dos
remédios são amplos e atingem indivíduos de todas as idades. As substâncias
conhecidas como ototóxicas podem provocar perda neurossensorial, temporária ou
definitiva, de grau variado (de leve à profunda), de acordo com o remédio, a
dose ingerida e o tempo de tratamento.
Muitas pessoas tomam remédios por conta própria, influenciadas pela indicação
de vizinhos e amigos, mas esses medicamentos devem ser consumidos apenas sob
prescrição médica.
"Aconselho a quem suspeita de
alguma dificuldade para ouvir que procure um médico otorrinolaringologista o
mais rápido possível, para que o problema não se agrave. A perda de audição
pode ter muitas causas: trauma acústico, infecções, idade avançada, mas pode
ser conseqüência também do uso prolongado de um medicamento ototóxico",
adverte a fonoaudióloga Marcella Vidal, da Telex Soluções Auditivas.
Claro que, devidamente recomendados, esses remédios são essenciais no
tratamento das doenças para os quais foram criados. Por isso, se o indivíduo
sabe que está começando a tomar medicamento ototóxico, deve ser acompanhado por
um profissional da área auditiva antes e durante o tratamento. O ideal é que,
antes mesmo de tomar, sejam feitos exames para se verificar se já existe lesão
auditiva que possa se agravar com o uso da substância.
Quimioterápicos usados contra o câncer; antibióticos da família dos
aminoglicosídeos (prevenção e tratamento de infecções pós-operatórias e contra
tuberculose); além de antineoplásicos e antimaláricos também fazem parte da
lista de remédios ototóxicos. É um dilema enfrentado pelos médicos. Até os
bebês prematuros correm riscos, já que precisam tomar antibióticos para
combater determinadas infecções respiratórias.
A perda auditiva causada por medicamento
ocorre quando a medicação prejudica as células sensoriais da cóclea, no ouvido
interno. Alguns têm perda de audição temporária. Uma vez que a medicação é
suspensa, a audição pode retornar. Outros remédios, no entanto, podem causar
danos mais sérios, resultando em perda auditiva permanente. Portanto, é preciso
cuidado e atenção!
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