Estudo mostra que até a idade de 8 anos o excesso de telas pode desalinhar os olhos. Saiba como prevenir.
A pandemia de Covid-19 impôs o confinamento das crianças em casa e
levou ao uso compulsivo do celular, tablet e computador nas atividades
educacionais ou recreativas. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz
Neto do Instituto Penido Burnier nossos olhos se desenvolvem até os 8 anos de
idade e este estilo de vida pode comprometer o sistema visual. “Isso explica porque vários estudos indicam
que o excesso de telas eletrônicas na infância pode desencadear alterações na
visão. Uma delas é a miopia acomodativa, dificuldade temporária de enxergar à
distância provocada pelo esforço visual para perto e falta de atividade ao ar
livre. A outra é o estrabismo, desalinhamento dos olhos apontado por um estudo
italiano que acaba de ser publicado no Journal of Pediatric Ophthalmology &
Strabismus.
Queiroz Neto explica que o estrabismo atinge 5% da população do País,
mas está em ascensão. Quando provocado pelas telas está associado ao excesso de
informação visual e à velocidade das imagens.
Os pais precisam observar os olhos das crianças, ressalta. “Muitos
demoram para consultar um oftalmologista porque algumas têm estrabismo intermitente
em que o desalinhamento só acontece durante as atividades de maior esforço
visual. A descontinuidade do sintoma é interpretada como regressão do
problema e por isso acabam colocando a visão do filho em risco”, adverte.
Olho preguiçoso
O especialista explica que o estrabismo pode anular a visão do olho que
enxerga menos e provocar grande diferença de refração ou anisometropia. O resultado é o olho preguiçoso ou ambliopia,
maior causa de cegueira monocular no país. “A ambliopia só pode ser revertida
até a idade de 10 anos. Depois disso não tem cirurgia ou transplante que
recupere o olho mais fraco. Por isso, a observação da criança, diagnóstico e
tratamento precoces são essenciais.
Tratamentos
Ao contrário do que muitos pensam, o mais grave do estrabismo não é a
aparência, mas os efeitos na visão. Os principais enumerados por Queiroz Neto
são: embaçamento, diplopia ou visão dupla e perda da visão de profundidade que
são diagnosticados em um exame de rotina. Quando o desalinhamento é leve o
tratamento pode ser feito com uso de óculos ou aplicação de toxina botulínica,
o chamado botox. A cirurgia que alinha os músculos responsáveis pelos
movimentos dos olhos só é indicada em casos severos da doença.
A terapia mais utilizada para tratar ambliopia é a oclusão do olho de
melhor visão para estimular o desenvolvimento do outro. Em casos de diagnóstico
na fase inicial também pode ser indicado o colírio de atropina que dilata a
pupila do olho de melhor visão para estimular o outro.
Prevenção
Queiroz Neto afirma que a melhor forma de prevenir alterações na visão
da criança é através da consulta oftalmológica. A primeira deve ser feita com
um ano de idade, a segunda aos 2 anos e
uma terceira antes de iniciar o processo de alfabetização. O médico
chama a atenção para não expor crianças menores de 2 anos ao celular conforme
preconiza a OMS (Organização Mundial da Saúde), apenas 1 horas dos 2 aos 4 anos
e 2 horas entre 5 e 6 anos.
Exercícios para motilidade dos olhos só devem ser feitos sob orientação
de um especialista. Quando o assunto é tela, o mais importante é não permitir o
acesso antes da criança ir para cama porque a luz emitida pela tela elimina o
sono e ensinar olhar para um ponto
distante com frequência para relaxar a musculatura dos olhos, conclui.
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