Debate em alta nas
redes sociais, mulheres em todo o mundo optam pela retirada dos implantes de
silicone após queixas de dores musculares, nas juntas, formigamentos e
possibilidade de doenças autoimunes. Médica reumatologista explica as relações
Um assunto está em alta nas redes sociais: o
explante de silicone, ou seja, a retirada de próteses de silicone.
Influenciadoras famosas e perfis anônimos relatam suas experiências com as
próteses, com o aparecimento de dores crônicas e também, com a necessidade de
cirurgia para sua retirada.
Complicações locais dos implantes de silicone
associadas a contraturas da cápsula e reações alérgicas são bem conhecidas, mas
eventualmente doenças autoimunes sistêmicas podem ocorrer, e até mesmo, um tipo
raro de linfoma. Cerca de 5 décadas após a primeira descrição de uma síndrome
relacionada a implantes mamários, este é um assunto que permanece controverso
na atualidade, ou seja, se de fato os implantes mamários de silicone aumentam o
risco para autoimunidade.
O papel da reumatologia nesse cenário se destacou
com a descrição da Síndrome Ásia - Síndrome Autoimune Induzida por Adjuvantes,
causada por substâncias estranhas implantadas no corpo, como as próteses de
silicone, causando reações, segundo os estudos Breast Implant Illness – Bll =
Doença do Implante Mamário.
“Entre os sintomas mais frequentes relatados pelas
pacientes estão as dores musculares e nas articulações, fadiga, perda de
memória e formigamentos” ressalta a médica reumatologista Claudia Goldenstein
Schainberg. Existe hoje uma lista de mais de 60 sintomas que podem estar
ligados à essa Síndrome, que ainda é estudada e sem comprovações 100% conclusivas.
Assim como a popularmente conhecida como Doença do Silicone, a rejeição das
próteses implantadas, não só nas mamas, mas em qualquer região do corpo, pode
ser mais comum em pessoas com histórico de doenças autoimunes e reumáticas na
família.
Segundo a doutora Cláudia, ”as queixas em geral
começam como episódios de fraqueza muscular e dores inespecíficas nas
articulações, mas podem evoluir para uma doença autoimune mais séria e
generalizada como artrite reumatoide, lúpus, esclerodermia, síndrome do anticorpo
antifosfolipídeo, síndrome de Sjögren, entre outras. ” Existem estudos, como do
MD Anderson Câncer Center da Universidade do Texas que indicam aumento de 600%
no risco de ter artrite em pessoas com implantes de silicone. A maioria dos
pacientes estudados relataram sintomas de doenças autoimunes. “Porém, é preciso
ressaltar que estes estudos não são conclusivos e a chamada Doença do Silicone
ainda não é totalmente comprovada cientificamente”, explica a médica.
A médica Claudia Goldenstein Schainberg explica
também que a decisão em retirar a prótese, ou seja fazer o explante, deve ser
debatida entre médico reumatologista, cirurgião plástico e paciente. É preciso
que todas as formas de avaliação diagnóstica das causas dos sintomas sejam
esgotadas por meio da avaliação clínica reumatológica detalhada, aliada a
pesquisa de exames complementares específicos. ” Essa pode ser uma situação
muito delicada. Precisamos avaliar a questão global da saúde da mulher, que é a
mais importante; é preciso ter cautela e sensibilidade também, pois o
procedimento mexe com a autoestima da paciente. Existem casos de melhora e até
dos sintomas reumáticos relacionados com o explante, mas nada 100% comprovado.
A paciente tem que se sentir segura do procedimento antes da sua tomada de
decisão”, conclui.
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