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quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Carreiras: Engenharia Civil e os desafios no mercado de trabalho

 Primeira mulher eleita Diretora da Escola Politécnica da USP fala sobre temas em alta

 

No webinar "Construindo Trajetórias", realizado pela Fundação PoliSaber com o apoio do Cursinho da Poli e o patrocínio do Itaú Educação e Trabalho, duas mulheres que construíram suas carreiras na área da Engenharia e Economia e hoje seguem na área acadêmica, Liedi Légi Bariani Bernucci (Diretora da Escola Politécnica da USP) e Anapatrícia Morales Vilha (Professora dos Programas de Pós Graduação em Economia e Biotecnociência da Universidade Federal do ABC - UFABC), falaram sobre inovação, pandemia, intercâmbio, protagonismo feminino e os desafios existentes no mercado de trabalho.

Liedi contou que ser engenheira sempre foi um sonho, mas o pai dela não tinha condições de arcar com uma faculdade particular. De uma cidade pequena do interior de São Paulo, 4ª geração de imigrantes, em uma época que não se falava da força da mulher e muito menos do empoderamento feminino, ela tornou seu sonho real. Estudou e entrou na Poli para seguir o seu sonho de ser Engenheira Civil. "Éramos 29 mulheres dentre as 620 pessoas que estudavam lá. Me via como minoria, mas isso nunca me fez sentir diferença perante os meus colegas, eles me respeitavam muito.", contou a professora da USP.

Quando questionadas sobre a importância de estudar fora do país, Anapatrícia respondeu que mais do que sair do país, é preciso alinhar um objetivo: mirar o mercado, ingressar em uma universidade para continuar os estudos acadêmicos ou ter uma experiência cultura. Já Liedi contou que ganhou bolsa e foi estudar fora do Brasil em 1983, quando ainda não era muito comum e que tudo bem se não acontecer a curto prazo, o importante é viabilizar isso em algum momento se for um desejo.

Falando sobre o protagonismo feminino na Construção Civil, Liedi contou que quando entrou na faculdade de Engenharia tinha 4% de mulheres e que hoje são 20%. "O dia que as mulheres entenderem que podem ter carreira na matemática, física, engenharia, que as pessoas dizem ser carreiras masculinas, provavelmente, teremos quase meio a meio. Todas as engenharias são para mulheres, é capacidade e não força. Na Mineração, Metalurgia, Construção Civil e na Engenharia Civil tem muitas mulheres trabalhando. Eu sou de uma área hard da engenharia, que é a de transportes, trabalho com infraestrutura: construção de ferrovias, rodovias, aeroportos, etc. Há preconceito, mas não podemos nos desmotivar quando há a manifestação do preconceito, primeiro porque é uma atitude primária, segundo porque se manifesta preconceito, é porque a pessoa tem medo de você.", contou.

Questionada sobre Engenharia Biomédica, Liedi diz que essa é uma das carreiras que veio para ficar, que é uma assistência a vida e com a alta tecnologia que existe, a engenharia, a medicina, a biologia e as ciências biomédicas de uma maneira geral estão casadas. "Nós conseguimos em quatro meses ter um ventilador respiratório feito na Escola Politécnica, o Inspire, aprovado pela ANVISA. graças a essa junção com a faculdade de medicina, para poder fazer um equipamento de assistência a vida. Para fazer o Inspire tiveram mais ou menos 200 pessoas envolvidas das mais diversas formações. A biomédica é algo que veio para ficar!"

Primeira mulher eleita Diretora em 124 anos de história da Poli, Liedi contou que teve uma missão a cumprir dada pelo fundador da Instituição. "Fazer uma escola de Engenharia para poder apoiar o desenvolvimento da indústria no Estado de São Paulo e dar a sustentação tecnológica para acelerar o processo de industrialização. É dar apoio a todos aqueles que trabalham em áreas correlatas, poder gerar conhecimento, empregos e riqueza. Uma das missões que coloquei para mim, foi poder inspirar as mulheres dando exemplo que é possível estarmos em qualquer lugar, seja na área administrativa, acadêmica, obra, CEO, o que mais quisermos. E lutar pela diversidade. Não só pelas mulheres, mas por todas, pela presença de todas as raças, sem preconceito, opções diversas que as pessoas possam ter e tentar mudar a cultura de mudar os paradigmas e preconceitos. A diversidade é positiva para as pessoas serem mais felizes e para economia também, porque está mais do que provado que na diversidade é onde temos os melhores resultados."

Para finalizar, Anapatrícia falou o que é ser uma mulher inovadora hoje. "É aquela que provoca mudanças, como disse Joseph Schumpeter. Provocar mudanças é o nosso grande mote. Mulher inovadora é aquela que sabe trabalhar com as incertezas, sabe se ajustar com todos os problemas que temos oriundos do gênero, é aquela que provoca mudanças e entrega resultado."

Para assistir o conteúdo na íntegra acesse: http://www.youtube.com/watch?v=TYhWAR76xxA


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