Os efeitos da pandemia têm afetado os seres humanos de
diversas formas, não é mesmo? Bom, com os pets não é diferente, pois a
quarentena pode causar nos animais sensações muito semelhantes às que sentimos
nesse momento difícil. Enquanto sofremos com o isolamento social e as notícias
tristes sobre o avanço do Coronavírus, os nossos melhores amigos não entendem
essa mudança drástica na rotina e podem desenvolver quadros de ansiedade e
depressão.
“Falta de apetite, prostração, isolamento, perda de peso,
recusa em brincar com tutores ou outros pets e agressividade repentina são
apenas alguns dos sintomas de que algo não está bem. Em casos mais graves,
alguns pets podem se lamber excessivamente, apresentar coceiras sem motivos e
realizar automutilação em extremidades do corpo, especialmente a cauda e as
patas”, explica Dra. Luana Sartori, especialidade da Nutrire.
Isolamento, impactos e mudanças
O isolamento dos tutores, extremamente necessário para
combater o Covid-19, impacta também nos animais. Aquele cachorro que fazia as
suas necessidades na rua, por exemplo, precisa se adaptar para fazer no jornal,
dentro de casa. Além disso, o tutor que tinha horário para sair e voltar, agora
passa todo tempo por perto e por aí vai. O que fazer para que a rotina desses
pets sofra menos impactos com essas mudanças?
Luana indica que a energia desses animais seja gasta de
outra forma. “Os pets que vivem em apartamento sofrem mais com o isolamento. O
tutor pode montar circuitos com petiscos dentro de casa para que o cão corra,
caminhe e se exercite. Se o passeio para as necessidades durava 30 minutos,
monte o exercício nesse tempo também. Use e abuse da criatividade.”, indica.
Se o tutor costuma sair com o pet mesmo na pandemia, a dica
é lavar bem as patas antes de entrar em casa. “Jamais utilize álcool em gel
para a higienização de qualquer animal. Água e sabão são eficientes e não
colocam o seu melhor amigo em risco”, alerta. Ou seja, brincar e exercitar o
pet é algo que deve ser feito diariamente. “Quanto mais energia ele gastar,
menos estressado ficará”, fala Luana.
Carinho e colo integral são necessários?
"A presença constante do tutor dentro de casa também
pode causar estranheza ao pet, que estava acostumado a esperar o dono chegar do
trabalho. Se algumas ações não forem tomadas, o retorno às atividades normais
pós-pandemia pode ficar ainda mais difícil, conforme explica a
veterinária.
“Alimentação regrada, treinos de comandos, vídeos para pets
e música clássica podem ajudar a controlar a situação. “Tente tornar essa
rotina o mais parecida com a normalidade, ou seja, os horários para alimentação
e brincadeiras devem ser os mesmos. Na hora dos passeios, uma boa dica é
apostar em brinquedos interativos, que você pode fazer em casa mesmo. Muitos
tutoriais na internet ajudam a criar objetos para diversão dos bichinhos”,
sugere.
Vale ressaltar que colo e atenção em tempo integral podem
causar problemas a longo prazo. “Precisamos ter em mente que a quarentena vai
acabar um dia e tudo voltará ao normal. As pessoas vão sair para trabalhar,
passear, viajar e precisam entender que cães e gatos podem sofrer com a
síndrome da separação”, revela.
Essa síndrome faz com que o pet sinta muito a falta do dono,
pensando que está sendo abandonado e que o seu melhor amigo não vai voltar.
“Cães e gatos têm que entender que o mundo não acabará se ficarem sozinhos
nessa quarentena. Dê esse espaço para o animal, deixe ele de lado por algum
tempo do dia. Isso vai evitar que o sofrimento seja maior a longo prazo”,
conta.
Para Luana, o segredo é administrar bem o tempo em todas as
atividades com o bichinho. “Existe a hora de brincar, de se alimentar, de
praticar exercícios físicos, de relaxar e de ganhar agrados. Cada momento deve
ser vivido com dedicação e entrega. Além disso, estabelecer limites e dar um
espaço para o animal ficar sozinho é fundamental nesse processo”, acrescenta a
especialista.
Música e massagem para crises de ansiedade
Talvez você não saiba, mas a massagem também tem efeito
relaxante para animais. Cães e gatos gostam do contato físico, pois liberam
ocitocina, conhecida como hormônio do amor. “Sendo assim, a massagem, além de
relaxamento e calma, aumenta o vínculo que há entre pet e tutor”, explica.
Música clássica é uma boa pedida e a veterinária indica que
a prática seja diária. Depois de alguns dias ouvindo canções relaxantes ao
menos uma hora por dia, o pet consegue relaxar a musculatura. “Unir massagem e
música clássica é uma ótima opção”, acrescenta.
Além de massagem e música, ligue a televisão para seu pet.
Muitos canais no Youtube oferecem vídeos feitos especialmente para animais.
“Gatos adoram vídeos de passarinho e na internet há uma porção deles. Procure
por “video for cats” e deixe seu felino se divertir com as imagens”,
sugere Luana.
E quando tudo voltar ao normal?
Quando a quarentena acabar, para minimizar os efeitos da sua
ausência, o ideal é criar um espaço confortável para o pet, apostando no
enriquecimento ambiental adequado. “Deixe roupas suas no ambiente, pois seu
cheiro ajuda a tranquilizar o animal. Brinquedos que liberam petiscos promovem
mais interação do pet e, claro, menos ociosidade”, revela.
Caso você passe mais de oito horas fora de casa, uma creche
pode ser interessante nos primeiros dias. Lembre-se que amor nunca é demais e a
ida frequente ao veterinário é fundamental para garantir uma vida saudável e
feliz ao seu melhor amigo.
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