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sexta-feira, 12 de junho de 2020

Junho Violeta: mês de alerta sobre ceratocone


Doença que pode motivar cegueira reversível é a maior causa de transplantes de córnea no Brasil


Em tempos de pandemia, muito se fala em não colocar as mãos no rosto. Mas quando um cisco cai nos olhos ou surge uma sensação de coceira, a reação mais comum é a de esfregar a região para diminuir o incômodo. Pois esse hábito que parece ser inofensivo pode não somente tornar os olhos porta de entrada para o novo coronavírus (Covid-19), como também ser responsável pelo surgimento de problemas oculares, como o ceratocone, doença que é o tema da campanha Junho Violeta promovida por profissionais da saúde e cujas estatísticas da literatura especializada mostram, de acordo com a Sociedade Brasileira de Oftalmologia, a incidência de um caso para cada duas mil pessoas.

O ceratocone é uma enfermidade não inflamatória que afeta a estrutura da córnea, camada fina e transparente que recobre toda a frente do globo ocular. É uma patologia que deforma a córnea, fazendo com que ela afine e fique com formato de um cone. Essa alteração na curvatura impede a projeção de imagens nítidas na retina e pode promover o desenvolvimento de grau elevado de astigmatismo irregular ou mesmo miopia.

Entre os sintomas do ceratocone estão visão embaçada, imagens "fantasmas", visão dupla, dor de cabeça e coceira. Começa com a dificuldade para enxergar de perto e a sensibilidade à luz. Embora os sinais sejam muito semelhantes aos de outros problemas que acometem os olhos, o oftalmologista André Ruppert, do HCLOE, empresa do Grupo Opty explica que a piora na visão tende a ser mais rápida, fazendo com que o paciente troque de óculos e lentes com mais frequência. “É muito importante que, nesse momento que vivemos, os pacientes diagnosticados não deixem de seguir o tratamento e continuem com o acompanhamento médico. E pessoas que sintam incômodos e a redução da visão consultem um oftalmologista para identificar a causa”, afirma o médico.


Causas e diagnóstico – O ceratocone surge entre os 10 e 25 anos de idade, mas pode progredir até os 40 anos ou estabilizar-se com o tempo. Além de uma tendência genética, alguns hábitos também podem potencializar o aparecimento da enfermidade. “O estímulo mais importante é a associação com alergia ocular. Coçar os olhos é o fator de risco mais significativo para o desenvolvimento do ceratocone”, comenta o oftalmologista do Grupo Opty.

Ainda de acordo com o Dr. Ruppert, especialista em transplante de córnea, o diagnóstico pode ser feito pelo exame clínico nas fases mais tardias ou por meio de exames como topografia computadorizada de córnea (estudo da curvatura do órgão) e da paquimetria (análise de sua espessura), que permitem identificar a doença nas fases mais precoces.


Tem cura? – O controle deve ser feito com realização de exames específicos para avaliação de provável progressão a cada quatro ou seis meses, dependendo da idade do paciente e do estágio evolutivo do caso. De acordo com o Dr. Ruppert, o ceratocone pode levar à cegueira reversível, ou seja, o paciente pode ter uma perda significativa da visão, mas pode recuperá-la com os tratamentos atualmente disponíveis.

Dependendo do avanço da patologia, as principais formas de reabilitação são a prescrição de óculos e adaptação de lentes de contato rígidas corneanas ou esclerais, em casos mais leves. Já o crosslinking é um método cirúrgico minimamente invasivo que vem se mostrando bastante promissor, podendo até evitar a evolução da doença. “O procedimento consiste no fortalecimento das fibras de colágeno, que representam as pontes de sustentação da córnea, com o uso de radiação ultravioleta, associada a uma substância chamada riboflavina, que aumenta a rigidez biomecânica da córnea”, explica o médico.

Outras opções são o implante do Anel de Ferrara ou, em último caso, a realização de transplante de córnea. “Os tratamentos estão cada vez mais eficientes. Há novos tipos de anéis de Ferrara que trazem melhor resultado pós-operatório e novidades nas técnicas de transplante de córnea, como o DALK (transplante lamelar anterior profundo), que diminuem consideravelmente as possíveis complicações cirúrgicas, principalmente a rejeição ao transplante”, finaliza o oftalmologista do Grupo Opty. Em 2019, conforme registra a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, foram realizados 14.943 transplantes de córnea no País, sendo o ceratocone a maior causa desse tipo de procedimento, de acordo com o Ministério da Saúde. 



Opty


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