Já
se passaram mais de 70 dias que as escolas estão fechadas e os professores, de
suas casas, ministram aulas on-line. Diria até que, de certo modo, seja um
tempo razoável para que ocorram certas adaptações. Sabemos que mudanças tendem
a gerar resistência e que hábitos e comportamentos são únicos. Mas, mesmo
assim, está faltando um estímulo aos alunos que estão do outro lado da telinha
do computador. Eles ainda não se acostumaram a participar, de casa, das aulas.
Antes,
as salas de aula estavam sempre cheias de estudantes, todos querendo falar ao
mesmo tempo, responder às perguntas que fazíamos, participar ativamente da
aula. Agora, imploramos por uma pergunta ou uma conversa pelo chat. O que pode
ter acontecido? A timidez tomou conta dos acadêmicos ou a pandemia os deixou
mais introspectivos?
Acredito
que possa ser a abordagem. Sim, a abordagem que antes funcionava muito bem na
sala de aula presencial não funcionará igualmente nos encontros virtuais. Não
nos vemos mais, não somos mais cúmplices, não damos mais risadas. Talvez por
isso, a aula remota seja mesmo tão distante.
Penso
que, para isso, o professor terá um papel fundamental nessa mudança, pois além
de precisar alterar seu planejamento inicial (aquele do início do ano),
precisará enxergar que muita coisa mudou e será necessária uma adaptação. Mas,
como fazer isso? Algumas sugestões:
-
Primeiro, analise o perfil de acesso de cada estudante, se é pelo celular, pelo
computador, ao vivo ou se assiste a aula gravada. Conhecer sua turma sempre
será importante, não só no virtual - já era importante desde os momentos
presenciais – pois, escutar os estudantes ajudará a desenvolver o seu caminho
para as aulas on-line.
-
Use e abuse da tecnologia digital. Estamos na era da Educação 4.0 e usar a
tecnologia para estímulo da aprendizagem é uma de suas premissas. Estimular seu
uso também por parte dos estudantes, para aprenderem a usar ferramentas
diversas que apoiam os estudos e a aprendizagem, sem esquecer que os recursos
que temos em casa poderão ajudar muito no desenvolvimento de atividades
experimentais, utilizando do recurso digital para registro e compartilhamento.
- Engajamento
é a nova metodologia. Os estudantes precisam se sentir motivados a participar
efetivamente, do contrário, o professor ficará em um eterno monólogo na aula
on-line. E existem diversas maneiras de ajudar nesse engajamento, será preciso
remodelar sua aula.
Com
essas primeiras mudanças, ficará mais fácil pensar em atividades de engajamento
para as aulas remotas, pois além das tecnologias digitais a favor dos
professores, estes podem implementar as metodologias ativas nos encontros
virtuais. Sim, isso mesmo! As metodologias ativas não precisam ser aplicadas
apenas em encontros presenciais, pois elas servem para despertar no aluno o
senso de pensar, de pesquisar, a ter uma aprendizagem significativa e, acima de
tudo, serem protagonistas de seu próprio aprendizado. Portanto, serão
essenciais para o engajamento almejado.
Seguem,
então, algumas dicas de estratégias para um bom engajamento para as aulas
remotas:
1
- Inverter a sala de aula: baseando-se em um dos modelos de Ensino Híbrido, a
sala de aula invertida, que, em resumo, significa que o que era realizado em
sala de aula (conteúdo) será estudado em casa e, na sala de aula, será
realizada a tarefa de casa. Ideal para aproveitar mais o momento do encontro
virtual, passar com antecedência ao aluno um material de estudo (pode ser um
vídeo, um infográfico, um texto); após esse estudo autônomo, o encontro virtual
será mais proveitoso, pois ao invés de explicar o conteúdo, ele poderá ser
utilizado para a ampliação do conteúdo ou para a própria realização de uma
tarefa colaborativa.
2
- Faça perguntas desafiadoras no início da aula, assim prenderá a atenção dos
estudantes e desenvolverá uma maneira para que prestem atenção na aula a fim de
responder à pergunta. Poderá brincar, fazendo questões verdadeiras ou falsas,
provocar a curiosidade para a busca de respostas, sempre utilizando o conteúdo
a seu favor. Monte quiz online, faça um talkshow,
um bate-papo ou uma entrevista.
3
- Mantenha uma comunicação contínua e organizada com a turma. Crie um canal de
comunicação com os estudantes ou com os pais, por e-mail, WhatsApp, Telegram ou
ambiente virtual de aprendizagem. Estabeleça limites de horários para
comunicação e entrega de atividades. Faça desse canal o local principal e único
de informações, tira-dúvidas e entrega e recebimento de atividades, materiais e
roteiros de estudos. Assim, facilitará a organização e a comunicação do grupo.
4
- Utilize estratégias de investigação, curiosidade, colaboração, trabalho em
grupo e muita criatividade. Você pode enviar pequenos vídeos com desafios, além
de eles adorarem a ideia, poderão estimular a aprendizagem realizando pesquisas
e investigando novas práticas. Aproveite e solicite o retorno das atividades
por pequenas apresentações como seminário, podcast, storytelling, blog ou vídeos de entrevistas,
simulação de telejornal.
5
- Lembre-se de olhar para a câmera, para manter um contato visual; mesmo que de
longe, essa ação passará segurança para quem estiver assistindo. Ah! E não
esqueça de limpar a sua câmera, pois a imagem a ser transmitida ficara mais
nítida! Importante também, é combinar com todos para que mutem seus microfones
ao entrarem na videoconferência, aguardem a orientação do professor para
ligá-lo no momento adequado, utilizem o chat para comentar ou peçam a palavra,
sejam respeitosos com professor e colegas.
Enfim,
são algumas dicas e estratégias de engajamento que poderão auxiliá-lo nos seus
encontros virtuais, para que sua aula seja um sucesso e consiga atingir seu
objetivo: participação ativa dos estudantes no encontro virtual.
Mariane
Kraviski - mestre em Educação e Novas Tecnologias e professora da Área de
Educação, da Escola Superior de Educação, do Centro Universitário Internacional
Uninter.
Nenhum comentário:
Postar um comentário