A escolha pelo
tipo de parto é uma decisão técnica, que tem que ser tomada por quem é
especialista e terá a responsabilidade pelo bem-estar da mamãe e do bebê
Diante de um cenário em que o Brasil é segundo país
no ranking mundial em quantidade de cesáreas feitas por ano, o projeto de lei –
de autoria da deputada Janaína Paschoal (PSL) – que garante à mulher a opção
pela cesárea no SUS, sem indicação médica, a partir da 39ª semana de gestação,
foi sancionada pelo governador João Dória (PSDB). Para exemplificar, a taxa de
nascimentos por cesárea, no Brasil, é de 55,5%, segundo pesquisa publicada na
revista Lancet, o que vai contra a pretensão da Organização Mundial de Saúde,
que orienta que essa porcentagem seja entre 10 e 15%.
O projeto divide a opinião pública e também de
especialistas, levando em consideração que 60 % da população brasileira é
atendida pelo SUS, que precisa de estruturação para que tenha as condições
necessárias e possa atender a essa demanda de maneira qualificada, que
beneficie mamãe e bebê. A procura por cesárea pode ser ainda mais
potencializada, reduzindo a possibilidade de um parto humanizado dentro do SUS,
enquanto no parto normal, a mamãe já consegue segurar o bebê na sequência, na
cesárea, ela precisará do apoio de uma enfermeira que a ajude naquele momento.
Isso acontece na rede privada, mas na rede pública, não há equipe suficiente
para esse atendimento.
Mas, a discussão vai além, a ginecologista e
obstetra Elis Nogueira, membro da Sogesp (Sociedade de Obstetrícia e
Ginecologia do Estado de São Paulo), defende que a cesárea deve ser uma decisão
tomada pelo médico em casos de necessidade, como em patologias relacionadas ao
parto, esgotamento do útero, fetos em posições que dificultam o parto normal e
enfraquecimento dos batimentos cardíacos da mãe e do bebê, por exemplo. Caso
contrário, a cirurgia pode trazer riscos. “A cesárea é muito boa, já salvou
muitas vidas, mas quando bem indicada. Se não houver uma boa indicação, ela
aumenta os riscos de hemorragia, de infecções, de imaturidade do pulmão do bebê
e aumenta os riscos de icterícia”, aponta Nogueira.
A responsabilidade pelo bem estar da mamãe e do
bebê é do médico, cabe a ele orientar a mulher a realizar o melhor parto
possível para essa família. Não é uma questão de apologias à uma intervenção
cirúrgica nem ao parto natural, é sobre ensinar e, principalmente, dar acesso
ao pré-natal e a um parto bem assistido, onde o binômio mãe e bebê devem estar
bem e seguros. “O parto normal é a maneira mais natural para dar à luz. Um dos
passos mais importantes para conseguir ter um parto natural sem problemas é
fazer todas as consultas de pré-natal, pois ajuda o médico a saber se
existe algo que impeça o parto normal, como alguma infecção ou alteração no
bebê, mas se estiver tudo bem com a mãe e com o bebê, não existem
contraindicações, basta deixar a natureza agir”, completa a médica.
Vantagens do parto natural para a mãe
As vantagens do parto normal para a mãe incluem:
- Recuperação mais rápida
- Menor tempo de internação hospitalar
- Menor risco de infecção
- Favorecimento da produção de leite materno
- Os laços sentimentais com o bebê ocorrem com maior facilidade
- O útero volta ao seu tamanho normal mais rapidamente
Vantagens do parto natural para o bebê
As vantagens do parto normal para o bebê incluem:
- Facilidade para respirar: ao passar pelo canal vaginal, seu tórax é comprimido e isso faz com que os líquidos de dentro do pulmão sejam expelidos com mais facilidade.
- Mais atividade ao nascer: o bebê se beneficia das alterações hormonais que ocorrem no corpo da mãe durante o trabalho de parto, fazendo com que ele seja mais ativo e responsivo ao nascer.
- Maior receptividade ao toque: durante a passagem pelo canal vaginal, o corpo do bebê é massageado, fazendo com que ele desperte para o toque.
- Mais tranquilidade: ao nascer, o bebê pode ser imediatamente colocado em cima da mãe, o que acalma mãe e filho e aumenta seus laços sentimentais, e após estar limpo e vestido, pode permanecer todo o tempo junto da mãe, se ambos estiverem saudáveis, pois não precisa ficar de observação.
- Menor tempo de internação hospitalar
- Menor risco de infecção
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