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quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Há controvérsias para a lei que permite cesária sem indicação médica


 A escolha pelo tipo de parto é uma decisão técnica, que tem que ser tomada por quem é especialista e terá a responsabilidade pelo bem-estar da mamãe e do bebê


Diante de um cenário em que o Brasil é segundo país no ranking mundial em quantidade de cesáreas feitas por ano, o projeto de lei – de autoria da deputada Janaína Paschoal (PSL) – que garante à mulher a opção pela cesárea no SUS, sem indicação médica, a partir da 39ª semana de gestação, foi sancionada pelo governador João Dória (PSDB). Para exemplificar, a taxa de nascimentos por cesárea, no Brasil, é de 55,5%, segundo pesquisa publicada na revista Lancet, o que vai contra a pretensão da Organização Mundial de Saúde, que orienta que essa porcentagem seja entre 10 e 15%.

O projeto divide a opinião pública e também de especialistas, levando em consideração que 60 % da população brasileira é atendida pelo SUS, que precisa de estruturação para que tenha as condições necessárias e possa atender a essa demanda de maneira qualificada, que beneficie mamãe e bebê. A procura por cesárea pode ser ainda mais potencializada, reduzindo a possibilidade de um parto humanizado dentro do SUS, enquanto no parto normal, a mamãe já consegue segurar o bebê na sequência, na cesárea, ela precisará do apoio de uma enfermeira que a ajude naquele momento. Isso acontece na rede privada, mas na rede pública, não há equipe suficiente para esse atendimento.

Mas, a discussão vai além, a ginecologista e obstetra Elis Nogueira, membro da Sogesp (Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo), defende que a cesárea deve ser uma decisão tomada pelo médico em casos de necessidade, como em patologias relacionadas ao parto, esgotamento do útero, fetos em posições que dificultam o parto normal e enfraquecimento dos batimentos cardíacos da mãe e do bebê, por exemplo. Caso contrário, a cirurgia pode trazer riscos. “A cesárea é muito boa, já salvou muitas vidas, mas quando bem indicada. Se não houver uma boa indicação, ela aumenta os riscos de hemorragia, de infecções, de imaturidade do pulmão do bebê e aumenta os riscos de icterícia”, aponta Nogueira.

A responsabilidade pelo bem estar da mamãe e do bebê é do médico, cabe a ele orientar a mulher a realizar o melhor parto possível para essa família. Não é uma questão de apologias à uma intervenção cirúrgica nem ao parto natural, é sobre ensinar e, principalmente, dar acesso ao pré-natal e a um parto bem assistido, onde o binômio mãe e bebê devem estar bem e seguros. “O parto normal é a maneira mais natural para dar à luz. Um dos passos mais importantes para conseguir ter um parto natural sem problemas é fazer todas as consultas de pré-natal, pois ajuda o médico a saber se existe algo que impeça o parto normal, como alguma infecção ou alteração no bebê, mas se estiver tudo bem com a mãe e com o bebê, não existem contraindicações, basta deixar a natureza agir”, completa a médica.

Vantagens do parto natural para a mãe
As vantagens do parto normal para a mãe incluem:

  • Recuperação mais rápida
  • Menor tempo de internação hospitalar
  • Menor risco de infecção
  • Favorecimento da produção de leite materno
  • Os laços sentimentais com o bebê ocorrem com maior facilidade
  • O útero volta ao seu tamanho normal mais rapidamente

Vantagens do parto natural para o bebê
As vantagens do parto normal para o bebê incluem:

  • Facilidade para respirar: ao passar pelo canal vaginal, seu tórax é comprimido e isso faz com que os líquidos de dentro do pulmão sejam expelidos com mais facilidade.
  • Mais atividade ao nascer: o bebê se beneficia das alterações hormonais que ocorrem no corpo da mãe durante o trabalho de parto, fazendo com que ele seja mais ativo e responsivo ao nascer.
  • Maior receptividade ao toque: durante a passagem pelo canal vaginal, o corpo do bebê é massageado, fazendo com que ele desperte para o toque.
  • Mais tranquilidade: ao nascer, o bebê pode ser imediatamente colocado em cima da mãe, o que acalma mãe e filho e aumenta seus laços sentimentais, e após estar limpo e vestido, pode permanecer todo o tempo junto da mãe, se ambos estiverem saudáveis, pois não precisa ficar de observação.
  • Menor tempo de internação hospitalar
  • Menor risco de infecção

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