Vivemos uma enxurrada de notícias e informações
que, em alguns casos, são mentiras ou fake news, como se diz modernamente. Com a popularização das redes sociais e dos
aplicativos de troca de informações via celular cada vez mais utilizados, a
possibilidade de informações falsas e mentirosas cresce exponencialmente.
Eleições são vencidas ou perdidas, carreiras artísticas e esportivas são
comprometidas e até profissionais experientes do meio jornalístico e
intelectual são alvos nessa rede. Mas se você pensa que essas situações são
frutos da internet e da modernidade, engana-se. Historicamente, algumas fake news
geraram extrema confusão para as pessoas das mais variadas épocas e sociedade.
Um dos grandes exemplos aconteceu com um dos
maiores cineastas da história, autor do clássico “Cidadão Kane”. Em 1938, na
rádio CBS (Columbia Broadcasting System), Orson Welles interrompeu a
programação musical para anunciar uma invasão alienígena aos Estados Unidos. A
transmissão durou apenas uma hora, mas na costa leste do país desencadeou um
medo jamais visto, pois estima-se que 6 milhões de pessoas ouviram essa
transmissão, sendo que aproximadamente 1,2 milhão entraram em pânico e
congestionaram as linhas telefônicas dos serviços policiais das regiões de
Newark e Nova Iorque.
Alguns grupos armados se formaram para “caçar”
marcianos à noite e pessoas cometeram suicídio com gás para não serem
capturados. O fato é que Welles estava fazendo uma dramatização da obra “A
Guerra dos Mundos”, de George Wells. Quando a situação ficou quase fora de
controle, a polícia foi até a rádio e exigiu que Orson desmentisse a
informação, mas ele se recusou, dizendo: “é para ficarem assustados mesmo”.
Muitas pessoas processaram a rádio após o acontecimento, querendo indenizações,
mas ninguém conseguiu nada. Um exemplo de como receber informações sem
confirmação pode ser arriscado.
As fake news, até as mais inocentes e
despretensiosas, podem ser muito perigosas, pois a maioria das pessoas apenas
aceita como verdadeiro e reproduzem o que viram sem contestar ou confirmar,
gerando um “telefone sem fio”. Mas neste mundo moderno, com as facilidades das
redes sociais, como evitar que sua mãe ou sua tia receba pelo WhatsApp uma
informação e a repasse no grupo da família como verdade absoluta? Veja alguns
conselhos para evitar as fake news:
1) Não repasse alertas. Existem sites
especializados e boletins confiáveis que divulgam alertas e denúncias sobre
vírus, ameaças e vulnerabilidades de segurança.
2) Faça uma análise crítica do que receber. Tenha a
curiosidade de entrar em buscadores e pesquisar sobre a suposta ameaça no
"alerta" recebido. Se for mentira, rapidamente você encontrará várias
páginas denunciando o falso alerta.
3) Por último, o e-mail, WhatsApp, Twitter, redes
sociais pessoais não são meios confiáveis, nem tampouco adequado, de divulgação
em massa. Lembre-se que estas informações no mundo digital ganham uma proporção
incomodativamente maior, mais promíscua e, muitas vezes, criminosa.
André “Bode” Marcos -
especialista em História do Brasil e Gestão Escolar, é professor do Colégio
Positivo, em Curitiba (PR).
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