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Muitos não sabem, mas o chocolate contém uma
substância tóxica muito prejudicial para os cães, que pode até levá-los à
morte; a veterinária Thayane Rodrigues e o especialista em comportamento animal
Cleber Santos, ambos da ComportPet, explicam os males que podem
aparecer nos pets e como tutores devem agir caso o pet coma chocolate
Quando
pensamos na Páscoa, a primeira coisa que vem à cabeça é a quantidade de
chocolate que será consumida. E, nesse período, muitos donos de pets querem
compartilhar os deliciosos chocolates com seus cães. Entretanto, é preciso
esquecer essa vontade de agradá-los, pois o que chocolate é um verdadeiro
veneno para os bichinhos, por conter substâncias tóxicas para eles.
A
veterinária da ComportPet, Thayane Rodrigues, explica que o
problema está no fato das substâncias teobromina e cafeína, presentes no chocolate,
serem extremamente lipossolúveis nos cães, ou seja, possuem facilidade em
atravessar barreiras do organismo e serem absorvidas em boa parte do intestino
e estômago, onde, após absorvidas, serão distribuídas para o corpo e provocarão
diversas alterações, tornando essa ingestão altamente perigosa.
Outro
problema é o fato dos cães apresentarem lenta eliminação da teobromina. Logo,
se tornam ainda mais sensíveis a elas. "Essa substância está diretamente
relacionada à quantidade de cacau presente no chocolate: quanto mais cacau,
mais teobromina e, consequentemente, mais tóxico o produto é para o cão. Embora
todos os tipos de chocolate ofereçam riscos, os mais escuros e amargos são
ainda mais perigosos", alerta a especialista.
A
intoxicação por chocolates não é um problema raro, e o produto nem precisa ser
consumido em grande quantidade para que o problema aconteça. A dose de
chocolate pode tornar-se tóxica quando chega em torno de 100 mg por peso do
animal. "Por exemplo, se o seu pet pesa 12kg, cerca de 12g de chocolate já
podem causar uma grave intoxicação a ele. Pode não parecer uma grande
quantidade, mas isso é o suficiente para até mesmo levar o cãozinho à
morte", diz.
Quando
intoxicados, os cães podem apresentar quadros de vômito, diarreia, excitação,
tremores, taquicardia, febre, aumento da ingestão de água e volume urinário,
arritmias, respiração acelerada e até mesmo ataques convulsivos. "Os
sintomas podem começar a aparecer de 6 até 12 horas após a ingestão do
chocolate e podem persistir (por até 6 dias), por isso é necessário que os
donos tenham muita atenção com seus pets", explica a veterinária.
Alterações
gastrointestinais e consequências em orgãos vitais
Créditos: Envato Elements |
Mesmo
se for consumido em doses menores a 100 mg, o animal também pode sofrer de
distúrbios digestivos. Para os donos de pets, é bom que saibam que devem evitar
dar alimentos aos quais os cães não estão habituados, pois uma mudança brusca
de alimentação pode causar uma disbiose (desequilíbrio da flora intestinal).
"Ao
ingerir alimentos não habituais os sintomas variam entre diarreia, vômitos,
gases, distensão abdominal e mal-estar. O tratamento depende da gravidade
deles. Se o animal apresentar sintomas mais leves, pode ser resolvido com uma
dieta adequada e probióticos, mas caso os sintomas sejam mais severos - além da
falta de apetite -, outros tipos de cuidados podem ser necessários",
explica a veterinária.
Devido
ao alto teor de gordura do chocolate, o seu pet pode sofrer com uma inflamação
no pâncreas se ingeri-lo. De acordo com a profissional, os alimentos que são
ricos em gordura, como é o caso do chocolate, ativam as enzimas pancreáticas
dentro do pâncreas, provocando lesões neste órgão.
"É
essencial que os donos de pets fiquem atentos à cada sinal do seu cão. Os
sintomas da inflamação podem variar entre vômitos, dor abdominal, anorexia,
desidratação, febre e até a morte. Nesse caso, o tratamento é baseado no que
for exibido pelo animal", diz Thayane.
Como
evitar que o pet tenha acesso ao chocolate
Créditos: Envato Elements |
Cães
são animais naturalmente curiosos. Então, é comum, especialmente nos mais
jovens e filhotes, que essa curiosidade faça com que eles fiquem atrás de tudo
o que há pela casa, incluindo alimentos, o que acaba por fazer eles ingerirem
objetos e alimentos estranhos ao seu paladar, como é o caso do chocolate.
Para
evitar a situação, o especialista em comportamento animal e proprietário da
ComportPet, Cleber Santos, explica que uma dica
essencial é que, desde filhote, o pet seja ensinado sobre o que pode ou não
fazer. "Eles devem aprender, desde filhotes, a comerem somente em suas
tigelas. Assim, eles irão entender que as comidas em cima da mesa ou em outros
locais, como é o caso do chocolate, não são para eles", ensina.
Outra
dica é não deixar o produto em uma altura facilmente acessível a eles, para que
eles não os roubem e os comam. "Os cães são extremamente espertos e muito
engenhosos quando querem algo, principalmente comida. Por isso, mantenha o
chocolate em locais de difícil acesso, como armários ou gavetas no alto, se
possível dentro de potes fechados", explica.
Outro
motivo que leva os cães a procurarem e roubarem outros alimentos pela casa é a
fome. "É obrigação do dono manter a rotina de alimentação do pet em dia,
seguindo os horários corretos", explica o especialista. Porém, Cleber
alerta que a personalidade do cão também irá afetar nesses casos: "Se você
tem um pet guloso, é normal que ele queira roubar comida o tempo todo, pois
está sempre pensando em comer, mesmo não estando com fome".
Estresse
e tédio também são motivos que fazem com que os cães vão atrás de alimentos
para ingerir. "Esses animais são muito apegados e, quando estão sozinhos,
desenvolvem o estresse. Uma vez estressados e entediados por estarem sem
companhia em casa, fazem de tudo para chamar atenção, como roubar comida",
comenta.
O
tutor exerce papel fundamental para evitar que o seu cãozinho não roube seus
deliciosos chocolates, pois eles têm o dever de ensinar que isso é errado e
deve colaborar também não oferecendo comida a eles ou cedendo aos seus pedidos.
"Esse é um erro muito comum dos tutores. Quando estiver comendo, evite
deixar que o cão apoie as patas na mesa ou pule em suas pernas. Se ele latir,
querendo chamar sua atenção, ignore e não ceda", finaliza o especialista.
Seu
cão comeu chocolate. O que fazer?
Créditos: Envato Elements |
Caso
o seu cão tiver comido chocolate, a primeira coisa a ser feita é procurar
orientação veterinária o mais rápido possível. E, caso você saiba, informe ao
profissional a quantidade e o tipo de chocolate ingerido, para que ele defina
os próximos passos e quais podem ser os sintomas que o cão irá apresentar.
Infelizmente,
não existe um remédio para a intoxicação causada por teobrominas, substância
presente no chocolate. Diante disso, o tratamento deve ser o de suporte para os
sintomas que o cão apresentar. "Se o cão comeu uma grande quantidade de
chocolate em um período recente (até 3 horas), talvez o veterinário irá
induzi-lo ao vômito. Alguns podem apresentar sintomas leves, como diarreia e
vômito, mas isso não significa que o caso seja menos importante. O tratamento
instituído deve ser o soro na veia e medicamentos para tratar os sintomas do animal.
Por isso, em muitos casos, o cãozinho tem que ficar internado até apresentar
melhora", explica a profissional.
Porém,
Thayane alerta que o melhor é levar o cãozinho ao veterinário antes mesmo de os
sintomas aparecerem. "Os sinais da intoxicação podem variar e todos os
tipos de chocolate fazem mal ao cão, mesmo os que têm baixa concentração de
teobromina, como é o caso do chocolate branco", fala.
Opções seguras e saudáveis
Caso
você queira presentear seu cãozinho na Páscoa com um chocolate, como manda a
tradição, nos mercados pet estão disponíveis diversos desses produtos, feitos
especialmente para os animais. "Esses chocolates são feitos de alfarroba e
não tem adição de teobromina ou cafeína, não sendo tóxicos para os cãezinhos.
Além disso, a alfarroba é um fruto rico em vitaminas e minerais, o que faz dela
um produto que pode ser oferecido sem exageros para os nossos pets",
conclui.
Cleber Santos - Especialista em comportamento
animal, atua como adestrador de cães há 12 anos, quando cuidava do canil de
treinamento durante o serviço militar. Trabalhou para grandes canis do interior
de São Paulo, treinando cães de policiais de todo o Brasil. Além da experiência
profissional, fez diversos cursos, estágios e especializações, inclusive em
outros países - Canadá, Estados Unidos, Argentina, Chile e Alemanha. Desde
2010, está também à frente da ComportPet, centro que oferece consultoria
comportamental, adestramento e serviços de hotelaria e creche, além de
atendimento veterinário, estética animal e terapias alternativas para pets,
como a musicoterapia. É um dos únicos profissionais do Brasil que também
adestra gatos, e vem sendo requisitado como adestrador de pets de famosos,
entre eles o DJ Alok.
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