Só quem fuma corre o risco de desenvolver o tumor maligno que mais mata
no mundo? Saiba mais.
Segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS), a estimativa é que sejam diagnosticados mais de dois
milhões de novos casos de câncer de pulmão no mundo em 20181, sendo
31.270 no Brasil2. O câncer de pulmão pode ser assintomático em
estágios iniciais3, ou até confundido com outras doenças, uma vez
que os sintomas mais frequentes - tais como tosse, falta de ar, dor no tórax e
escarro com sangue4 – são comuns em outros problemas respiratórios.
Assim sendo, o diagnóstico tende a ser desafiador e, consequentemente, tardio.
O fator de risco mais
frequente é o tabagismo, responsável por 90% dos casos5, mas será
que não fumantes também podem desenvolver a doença? O médico oncologista Diogo
Bugano, coordenador do ambulatório de câncer de pulmão do Hospital Vila Santa
Catarina, e oncologista do Hospital Albert Einstein, esclarece alguns mitos e
verdades sobre o câncer de pulmão. Confira abaixo.
- O câncer de pulmão só afeta fumantes.
MITO. Toda pessoa exposta à fumaça - de lenha,
cigarro, charuto, narguilé, entre outros - pode desenvolver doenças
respiratórias, incluindo o câncer de pulmão5. "Cerca de 15% dos
casos de câncer de pulmão ocorre em não fumantes5. Além da exposição
passiva às diversas formas de fumaça, não-fumantes podem desenvolver mutações
genéticas específicas que levam ao câncer de pulmão", explica o Dr Diogo.
Com base nisso, é
importante lembrar que, apesar do tabagismo ser responsável pela maioria dos
casos, não fumantes também podem desenvolver esse tipo de câncer. Ao perceber
algum sintoma recorrente comum da doença, é fundamental que o paciente procure
um médico.
- Existem mais de 10 subtipos do câncer do pulmão.
VERDADE. A doença é dividida em dois grandes grupos:
pequenas células e não- pequenas células. O Dr Diogo explica que no grupo de
câncer de pulmão de não pequenas células (CPNPC) existem diversos subtipos.
"A classificação dos subtipos é feita de acordo com os tipos de células do
tumor", afirma o oncologista. Os dois subtipos mais comuns são o
adenocarcinoma, responsável por 50% dos casos de CPNPC, e o carcinoma escamoso,
que corresponde a 42,1%6. "O adenocarcinoma é o subtipo mais
frequente, e também pode ocorrer em não fumantes e ex-fumantes".
- Existe um subtipo de câncer de pulmão mais frequente em não fumantes.
VERDADE. Mais de 90% dos não-fumantes desenvolvem
adenocarcinomas. Entre eles, 22-33% dos casos terá uma alteração genética
específica em uma proteína da membrana celular das células tumorais conhecida
como receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR)7. "Essa
alteração praticamente não existe em fumantes, acontecendo em 5-10% dos casos8"
- O câncer de pulmão não tem tratamento.
MITO. O Dr. Diogo afirma que o tratamento do
câncer de pulmão tem avançado nos últimos 10 anos. "Mesmo sendo uma doença
agressiva, tumores não-metastáticos são curados com uma combinação de cirurgia,
quimioterapia, radioterapia e imunoterapia. Mesmo tumores mais avançados têm
tratamentos que garantem a sobrevida por anos e com ótima qualidade de
vida", esclarece.
- O único tratamento para o câncer de pulmão é a quimioterapia.
MITO. Atualmente, uma pequena parcela dos
pacientes receberá apenas quimioterapia. Alguns receberão apenas imunoterapias,
outros, quimioterapia associada a imunoterapia e outros drogas-alvo, que são
medicamentos orais que bloqueiam alterações específicas de cada tumor, poupando
as células sadias. "Por este motivo, hoje em dia todos os tumores
metastáticos devem ser submetidos a testes em laboratório para determinar o
tratamento mais adequado", explica o Dr Diogo.
Entre os pacientes com
mutações de EGFR, como explicado acima, o tratamento com drogas-alvo leva a um
controle de doença por anos, sem a necessidade de quimioterapia. "Esta é
uma área que vem avançando muito. Recentemente tivemos a aprovação no Brasil do
afatinibe, uma droga de 2ª geração que garante que alguns pacientes sigam com a
doença controlada por até 2 anos10, algo que não imaginávamos 5 anos
atrás", comemora o médico.
Boehringer Ingelheim
Referências:
1. Bray F, Ferlay J,
Soerjomataram I, Siegel RL, Torre LA, Jemal A Global cancer statistics 2018:
GLOBOCAN estimates of incidence and mortality worldwide for 36 cancers in 185
countries CA Cancer J Clin, Published online 12 September 2018.
2. Instituto Nacional do
Câncer (Inca). Disponível em: http://www.inca.gov.br/estimativa/2018/casos-taxas-brasil.asp . Acesso em setembro de 2018.
3. A.C. Camargo Cancer
Center. Disponível em: http://www.accamargo.org.br/tipos-de-cancer/pulmao. Acesso em setembro de 2018
4. Mascarenhas E, Lessa
G. Perfil clínico e sócio-demográfico de pacientes com câncer de pulmão
não-pequenas células atendidos num serviço privado. J Bras Oncol Clin.
2010;7(22):49-54.
5. De Souza MC,
Vasconcelos AG, Rebelo MS, Rebelo PA, Cruz OG. Profile of patients with lung
cancer assisted at the National Cancer Institute, according to their smoking
status, from 2000 to 2007. Rev Bras Epidemiol. 2014;17(1):175-88.
6. Costa G, Thuler LC,
Ferreira CG. Epidemiological changes in the histological subtypes of 35,018
non-small-cell lung cancer cases in Brazil. Lung Cancer. 2016;97:66-72.
7. Araujo LH, Baldotto
C, Castro G, et al. Lung cancer in Brazil. J Bras Pneumol. 2018;44(1):55-64.
8. Shi Y, Au JS,
Thongprasert S, et al. A prospective, molecular epidemiology study of EGFR
mutations in Asian patients with advanced non-small-cell lung cancer of
adenocarcinoma histology (PIONEER). J Thorac Oncol. 2014;9(2):154-62.
9. World Health
Organization. (2015). The selection and use
of essential medicines. Twentieth report of the WHO Expert Committee 2015
(including 19th WHO Model List of Essential Medicines and 5th WHO Model List of
Essential Medicines for Children). World Health Organization.
10. Park K, Tan EH,
O'byrne K, et al. Afatinib versus gefitinib as first-line treatment of patients
with EGFR mutation-positive non-small-cell lung cancer (LUX-Lung 7): a phase
2B, open-label, randomised controlled trial. Lancet Oncol. 2016; 17 :577-89.
Nenhum comentário:
Postar um comentário