Uma
das grandes reclamações dos estudantes é a de que muitos conteúdos programáticos
aprendidos na escola não fazem sentido na vida real. Claro que há uma razão
para que a fórmula de Báskara e as funções de segundo grau apareçam nos livros
didáticos. Além de auxiliar a desenvolver o raciocínio, elas são, sim, usadas
no dia a dia por certos profissionais, como engenheiros, por exemplo.
Fato é que, a depender da escolha profissional, o
aluno certamente irá esquecer boa parte do aprendeu na escola. O que nunca o
abandonará são os valores transmitidos naquele ambiente. Por isso, o
desenvolvimento da aprendizagem socioemocional durante os anos de formação tem
um impacto gigantesco na formação do indivíduo.
As instituições de ensino devem caminhar cada vez
mais para equilibrar seus projetos pedagógicos. A escola precisa entender que deve
haver um equilíbrio entre as habilidades cognitivas, ou seja, os conteúdos
tradicionais, e as habilidades socioemocionais.
Afinal, todas as escolas já trabalham, em maior
ou menor grau, com questões sociais e emocionais com os alunos. É impossível
não fazê-lo. Ocorre que na maioria dos casos o processo se dá de forma
individualizada, não estruturada e, muitas vezes, sem objetivos claros. Sem um
método a ser seguido, o aprendizado sai prejudicado. Programas estruturados que
ensinem os estudantes a lidar com as próprias emoções costumam ser mais
eficazes que iniciativas isoladas dos professores.
Um tema que tem pautado veículos de comunicação e
despertado a curiosidades de professores e gestores é a chamada escola do
futuro. Em um primeiro momento, é comum relacionar o assunto à
tecnologia, como aulas de robótica e desenvolvimento de softwares. Mas a
tecnologia é um meio, e não um fim.
Na escola do futuro os jovens serão avaliados por
questões como convivência, empatia, decisões e controle das emoções. Essas
habilidades são importantes para qualquer pessoa, seja criança, jovem ou
adulto, tornando seu ensino imprescindível para a melhoria da sociedade. Hoje
temos provas científicas de que é possível ensinar esses domínios às pessoas –
e quanto mais cedo começamos, mais duradouros serão os benefícios.
Eduardo Calbucci - professor e um dos criadores
do Programa Semente, metodologia que desenvolve a aprendizagem socioemocional
em escolas brasileiras
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