Para a orientadora emocional Camilla Couto, já está mais do que na hora
de entender que essa é uma crença limitante que nos faz acreditar que é normal
e inevitável "sofrer" por amor. Que tal começar o ano eliminando essa
crença?
Não, não é normal sofrer por amor. Veja bem, existem, sim, algumas
situações que nos levam ao sofrimento, como por exemplo: não ser correspondido
em nossos sentimentos, perceber que o outro não quer se adequar ao
relacionamento ou o fim de uma relação. Sofrer, em momentos como esses, é
natural, mas é algo pontual e passageiro – como uma ponte que nos leva de uma
situação a outra a ser construída. Segundo a orientadora emocional para
mulheres, com foco em relacionamentos, Camilla Couto, momentos assim não fazem
do amor sinônimo de sofrimento: “não podemos seguir acreditando que amor é
sofrimento e, portanto, ficar alimentando relações tóxicas ou platônicas.
Acredite, viver assim não é saudável e não é natural”, enfatiza ela.
Para Camilla, amar é um estado de espírito, muito mais do que uma ação:
“quando estamos preenchidos de amor e conseguimos que esse sentimento flua, nos
sentimos plenos e felizes – a gente simplesmente ama (a vida, a nós mesmos, aos
outros). Entretanto, quando acreditamos que “amar é sofrer”, corremos um risco
grande de confundir sentimentos, de exigir algo dos outros ou da vida que não é
possível receber”, explica. Quando condicionamos nosso próprio bem-estar ao
fato de recebermos amor dos outros, do jeitinho exato que a gente quer,
sofremos. Altas exigências, altas expectativas. E expectativas e sofrimento são
quase sinônimos, certo?
Então, porque acreditamos que amar é sofrer? Segundo Camilla, um dos
motivos é a cultura que preconiza o amor romântico como sendo um amor
dramático: “vemos isso o tempo todo no cinema, por exemplo. Mocinhas e mocinhos
apaixonados por parceiros que nada têm de companheiros, e que precisam sofrer
por eles, que precisam modificá-los para poderem ser felizes para sempre. Bem
ao estilo A Bela e a Fera. Quem sabe, depois de todo o sofrimento, a fera se torne
um príncipe? Bem, na vida real, nem sempre acontece assim”.
Camilla lembra das músicas: “nas letras da maioria das canções
consideradas de amor, amar e sofrer andam sempre juntos, já reparou? Sem
prestar muita atenção, escutamos, constantemente, uma espécie de mantra que diz
‘tudo bem sofrer por amor, é assim mesmo’. E não é”! Segundo ela, está na hora
de começar a entender a mensagem que consumimos e o que dela vem fazendo parte
dos nossos comportamentos: “começar o novo ano com uma nova atitude, além de
saudável, pode mudar para melhor a sua compreensão do mundo, da vida e do
amor”, reflete a orientadora.
O que é sofrer, então?
Para Camilla, sofrer é não amar a si mesmo. Sofrer é deixar a nossa
felicidade nas mãos do outro, é condicionar nosso bem-estar a um sentimento
recíproco, do tipo “só serei feliz se ele ou ela me amar”. Ela reflete: “sofrer
é ter expectativas demais sobre as situações e as pessoas que nos cercam.
Sofrer é se apegar excessivamente a uma ideia ou pessoa, é ser possessivo,
inseguro. Sofrer é não ter coragem de correr atrás dos nossos sonhos. Tudo isso
é sofrer. E esses sentimentos são totalmente desconectados do amor verdadeiro.
Amar liberta, convive com as diferenças, é leve, respeita. É um estado de
espírito, como falei ali em cima. Quando amamos de verdade, temos em nós algo
que gera alegria, leveza, plenitude, e não sofrimento”.
Como bem diz o músico Zé Ramalho em sua canção “Sinônimo”: a gente leva
pouco tempo para entender que o sinônimo de amor é sofrer, enquanto, na
verdade, o sinônimo de amor é amar! Então, que tal trocar o disco, a lista de
preferidos no Netflix e no Spotify, e começar a perceber que não é preciso
sofrer para amar? Pelo contrário, quem ama de verdade é feliz simplesmente por
ter esse sentimento dentro de si!
Camilla Couto - Orientadora Emocional para Mulheres, com foco em
Relacionamentos. Criadora/ autora do Blog das Amarildas e fundadora do PAR -
Programa Amarildas de Relacionamentos. Orientadora emocional, Terapeuta
Floral (TF-153-17/SP) e Contoterapeuta, viveu durante 8 anos no exterior
conhecendo diferentes culturas e comportamentos. No blog amarildas.com.br,
compartilha seus estudos sobre amor, relacionamentos e dependência emocional -
com o propósito de promover mais entendimento sobre esses temas e de incentivar
as mulheres a se amarem e valorizarem cada vez mais.
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