Conheça as diferenças entre
retocolite ulcerativa e doença de Crohn; reconhecimento dos sintomas
é essencial para retomada do bem-estar dos pacientes
As doenças inflamatórias
intestinais (DII) prejudicam significativamente a vida de 78% dos pacientes. O
dado é resultado da pesquisa Jornada do Paciente com DII, feita pela Associação
Brasileira de Colite Ulcerativa e doença de Crohn (ABCD) com mais de 3 mil
brasileiros portadores dessas condições. Reconhecer os sintomas para o
diagnóstico e o início do tratamento adequado são essenciais para proporcionar
o bem-estar dos pacientes.
Os sintomas das DII podem
se confundir com os de outras enfermidades mais simples e, por isso, conhecer
as características particulares e procurar avaliação médica é fundamental. A
gastroenterologista e presidente da ABCD, Marta Machado, esclarece as
principais dúvidas sobre o tema.
A retocolite ulcerativa e a
doença de Crohn são iguais?
Não. As duas principais
enfermidades que compõem o grupo das DII são inflamatórias, crônicas, sem cura
e podem ter diversos fatores como origem. Entretanto, são enfermidades
distintas. A doença de Crohn pode acometer desde a boca ao ânus, atingindo
todas as camadas do trato digestivo e, por isso, pode evoluir para perfuração e
estreitamento no intestino. Já a retocolite ulcerativa é restrita ao reto e ao
intestino grosso, com o acometimento restrito à mucosa.
O paciente com DII tem
febre e dor como sintoma?
Sim. A dor abdominal está
presente quando a doença está em atividade e o paciente pode ter quadros de
febre. Além disso, os principais sinais das doenças são diarreia ou
constipação, presença de sangue ou muco nas fezes e distensão abdominal.
É possível ocorrer perda de
peso e queda de cabelo?
Sim. A pessoa com DII pode
sofrer um emagrecimento excessivo e também queda de cabelo. Isso ocorre por
questões secundárias como a desnutrição, a falta de vitaminas ou como efeito
colateral de alguma medicação.
As DII apresentam sinais
apenas no trato gastrointestinal?
Não. As enfermidades podem
apresentar manifestações além do intestino como uveíte (inflamação no olho),
artrite (inflamação das articulações), sacroileíte (inflamação na articulação
do sacro, osso localizado na base da coluna vertebral), eritema nodoso
(inflamação na pele), piodermite gangrenosa (feridas na pele), hidrosadenite
supurativa (doença crônica de pele), hepatites, colangite (inflamação nos
canais biliares), tromboses (coágulo no sangue), entre outras.
Existem sintomas que façam
com que as DII possam ser confundidas com outras doenças?
Sim. Essas enfermidades
podem ter inúmeras formas de apresentação com uma gama enorme de manifestações.
Dessa forma, é essencial a realização correta e bem detalhada da história
clínica do paciente e exame físico completo para o diagnóstico final.
O diagnóstico envolve
diversas análises?
Sim. As doenças
inflamatórias intestinais são diagnosticadas por história clínica completa,
exames físicos e laboratoriais, incluindo estudos de imagem endoscópica e
radiológica.
A síndrome do intestino
irritável (SII) é uma Doença Inflamatória Intestinal (DII)?
Não. A SII não é
considerada uma doença inflamatória intestinal, principalmente porque não causa
inflamação no intestino. Trata-se de um transtorno funcional, uma vez que não
há uma origem aparente para os sintomas, ao contrário das DIIs, que são
enfermidades orgânicas. Além disso, muitos indivíduos com SII não apresentam
quaisquer alterações em seus exames.
O tratamento das DII é
sempre o mesmo?
Não. Existem diversas
opções de terapias e a escolha do tratamento indicado para cada paciente depende
da gravidade e da localização da doença após uma criteriosa avaliação médica.
Entre as alternativas terapêuticas estão os aminossalicilatos, os corticoides,
os imunomoduladores, os antibióticos e os medicamentos biológicos, sendo que,
nesta última classe, há três mecanismos de ação diferentes – anti-TNF,
anti-integrina e anti-interleucinas 12 e 23. Os tratamentos biológicos mais
inovadores são capazes de aliviar os sintomas da doença de maneira rápida e
manter a resposta por um período de tempo prolongado, sendo hoje mais indicados
em quadros moderados e graves das DII, embora já se discuta a adoção mais
precoce pelos benefícios que proporcionam.
O cuidado com a alimentação
é suficiente para o tratamento das enfermidades?
Não. Em casos mais leves, a
mudança dos hábitos alimentares pode ser suficiente, entretanto, essa situação
é muito rara. Normalmente, é recomendado que o paciente evite os alimentos que
piorem os sintomas das doenças. Além disso, em algumas fases, pode ser
necessário diminuir o consumo de fibras e, em outras, de lactose. Um
acompanhamento com nutricionistas é muito importante.
O estilo de vida está
relacionado ao desenvolvimento de doenças inflamatórias intestinais?
Depende. Não há
confirmações científicas sobre essa influência, porém é possível afirmar que
estresse, uso abusivo de medicamentos desde a infância, consumo em excesso de
alimentos industrializados, gordurosos e com agrotóxicos afetam o funcionamento
do aparelho digestivo.
*Respostas concedidas por
Marta Machado, gastroenterologista e presidente da Associação Brasileira de
Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD).
Janssen
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