Decepção, sentimento de impotência, desespero, descrédito em
si mesmo e baixa autoestima. Esses são alguns dos sintomas claros de pacientes
que após submetidos à uma cirurgia bariátrica, observam que seu peso voltou a
aumentar descontroladamente ocasionando outra vez o quadro da obesidade meses
após o procedimento. E por incrível que pareça, esse quadro é comum.
Tratamos na medicina esse reganho de peso como “recidiva”.
Acreditamos que sua principal causa esteja ligada ao comportamento após o
pós-operatório. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e
Metabólica (SBCBM), a deficiência no tratamento é quando o paciente
recupera 50% ou mais do peso perdido ou teve recidiva de 20%.
Algumas pesquisas
apontam o Brasil como o segundo no ranking em número de cirurgias bariátricas,
perdemos apenas para os Estados Unidos. Também é curioso dizer que as mulheres
são as dominantes neste tipo de operação. Cerca de 76% do total. Uma das
principais causas da recidiva são dos pacientes que abusam na ingestão do
álcool. Isso acontece devido à mudança na absorção de álcool pelo organismo
após a cirurgia. Com a alteração no aparelho digestivo, a substância passa
direto para o intestino e é absorvido mais rapidamente, além de demorar mais
tempo para ser eliminada.
Ressalto que, além de
bebidas alcoólicas, fica o alerta para outros produtos de aspecto pastoso e
gelatinoso como o leite condensado, o milk
shake, refrigerantes, energéticos, sucos engarrafados, iogurtes, doces, e
outros industrializados. Todos esses alimentos dispõem de um teor calórico bem
elevado a ponto de trazer de volta todos os quilos perdidos durante o
tratamento pós- cirúrgico. Obviamente, fica a dica para evitar esse consumo.
E se a dúvida é sobre
como alcançar a forma perfeita após a cirurgia, digo que paciência,
determinação e respeito às dietas são necessários. O bom resultado vai depender
da mudança dos hábitos de vida do paciente. Se ele aprendeu a se alimentar
corretamente e se está praticando alguma atividade física. Estes e outros
fatores comportamentais e biológicos ajudam a evitar a tão temida recidiva de
peso.
O sucesso na perda de
peso no pós-operatório envolve fatores mecânicos tais como o tamanho da redução
da capacidade gástrica e do diâmetro da saída do estômago, assim como também
diversos fatores hormonais. Tudo isso alinhado à reeducação alimentar, ao
consumo de alimentos mais saudáveis e a prática de esportes. Cada caso
deve ser individualizado e o diagnóstico jamais deve ser comparado ao de outra
pessoa.
Para alguns, existe
ainda a possibilidade de se realizar suturas por endoscopia com o intuito de
diminuir ainda mais o tamanho do estômago remanescente ou de sua saída para o
intestino. Efetuar uma segunda operação deve ser sempre muito avaliado pelo
corpo clínico, pois os riscos operatórios são bem maiores que o da primeira
cirurgia e os resultados são insatisfatórios.
Henrique Eloy - médico especialista em cirurgia e endoscopia bariátrica e
gastroenterologia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário