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sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Infecções, cirurgias e até gravidez estão relacionadas à Síndrome de Guillain-Barré




A doença é caracterizada como a maior causa de paralisia flácida generalizada no mundo


A atriz Giovanna Lancelotti interpretou, recentemente, nas telinhas uma personagem diagnosticada com a chamada Síndrome de Guillain-Barré, fato que chamou atenção para abordagem do assunto. A doença é caracterizada por uma inflamação dos nervos, decorrente de uma alteração do próprio sistema autoimune, que começa a produzir anticorpos que atacam os próprios nervos, causando sua disfunção.

"Tecnicamente é uma doença autoimune que acomete a mielina dos nervos periféricos de forma aguda/subaguda. A causa exata ainda não é conhecida, somente o envolvimento do sistema imunológico é bem definido, mas sendo uma doença autoimune, todos podem desenvolvê-la", explica o Dr. Fábio Sparapani, neurocirurgião do Departamento de Nervos Periféricos da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia.

Segundo o especialista, cerca de 60% a 70% dos pacientes apresentam alguma doença aguda entre uma e três semanas antes do aparecimento dos sintomas da Síndrome de Guillain-Barré. Geralmente são infecções bacterianas ou virais, como a influenza, pneumonias, HIV e até o Zika Vírus. Menos frequentemente, estão também relacionadas ao problema cirurgias, imunização e gravidez, que também podem desencadear a doença.

A enfermidade é classificada como a maior causa de paralisia flácida generalizada no mundo, com incidência anual de um a quatro casos por 100.000 habitantes e pico de incidência entre 20 e 40 anos de idade. Com o aumento dos casos de Zika aqui no Brasil, existe o receio do surgimento de mais casos da síndrome, no entanto ainda não há dados epidemiológicos específicos do país.

"Os sintomas da doença, na maioria dos pacientes, começam com formigamentos, geralmente nos pés e depois nas mãos. Mas o que normalmente leva as pessoas a procurar auxílio médico é a fraqueza progressiva que atinge, inicialmente, as pernas e depois sobe para os braços, tronco, cabeça e pescoço. Além disso, a dor lombar ou nas pernas pode afligir metade dos pacientes", esclarece o médico.

A doença costuma progredir entre duas e quatro semanas. Depois desta fase de piora progressiva, a síndrome se estabiliza por vários dias e inicia-se o processo de recuperação gradual da função motora, o que pode levar meses. De acordo com o neurocirurgião, a maioria dos pacientes, com o tratamento adequado, apresentarão algum grau de recuperação, mas estima-se que apenas 15% deles ficarão totalmente recuperados e que de 5% a 10% terão sequelas motoras e/ou sensitivas graves, apesar do tratamento.

O diagnóstico é baseado na história clínica e exame físico do paciente. Para defini-lo e também afastar outras doenças semelhantes, podem ser solicitados exames secundários, como a análise do líquido cefalorraquidiano (líquor) e testes eletrofisiológicos como a eletroneuromiografia.

"O tratamento da Síndrome de Guillain-Barré deve ser feito numa instituição com capacidade para dar suporte às possíveis necessidades do paciente, principalmente se o problema evoluir para insuficiência respiratória e precisar de ventilação mecânica. Com base na literatura médica, a imunoglobulina humana intravenosa tem sido o principal tratamento de escolha, por apresentar resultados similares, mas uma menor taxa de complicações, quando comparada com a plasmaférese, outro tipo de tratamento consagrado", completa Sparapani.

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