● 50% dos brasileiros vivem em um ciclo vicioso, onde
entram, saem e voltam à crise ano após ano;
● Novo perfil do consumidor: consome de maneira mais
consciente; troca de marcas; recorre ao crédito; busca rendas alternativas
(“bicos”) e recorre a mais canais de compra;
● Indústria tornou-se ativa, investindo em opções de
valor agregado a patamares acessíveis, além das táticas costumeiras de preço e
promoção.
A nova edição do 360º Consumer View,
realizado anualmente pela Nielsen, maior empresa do mundo de gestão de
informação, identificou que 15 milhões de lares brasileiros entraram novamente
na crise em 2018, elevando o total de domicílios impactados para 27 milhões.
Foi concluído pelo estudo que as famílias estão vivenciando essa
insegurança em loopingnos últimos três anos, enfrentando
desemprego, inadimplência e dificuldades orçamentárias.
O 360º Consumer View é o mais amplo e mais
completo estudo para entender as tendências sobre o comportamento do consumidor
brasileiro. Pela primeira vez, a visão do consumidor foi complementada pelas
perspectivas também do varejo e da indústria.
A parcela que permanece imune à crise soma 14
milhões de lares, estável em 26% do total da população desde 2017. Além disso,
a análise mostrou que 12 milhões de lares conseguiram sair dela em 2018. A
conclusão mais importante é que, apesar do número relevante de lares saindo, os
que entraram representam uma parcela maior de famílias, reforçando o cenário
de loopingque gera incertezas e dificuldades de forma mais
duradoura. Esses lares que estão em um ciclo vicioso, segundo o Consumer 360º,
têm nível socioeconômico médio, com crianças e são impactados pelo desemprego e
queda na renda.
"Existe um novo consumidor no Brasil.
Ele é mais cauteloso, faz mais planejamento, pois não sabe como será
seu futuro. A crise é muito dura e moldou esse novo comportamento",
afirmou Diretor do Painel de Lares da Nielsen Brasil, Ricardo Alvarenga.
“Dessa forma, esse âmbito oscilante moldou um novo padrão de consumidor, que
está mais aberto a troca de marcas, busca mais rendas alternativas, recorre ao
crédito no mercado para ganhar poder de compra e amplia o número de canais
de compra que visita, tudo para se adaptar a um orçamento restrito”,
complementa o profissional.
Dentro do grupo das famílias que entraram na
crise, 38% passaram a trocar de marcas, 22% reduziram os gastos, 67% estão
endividados no cartão de crédito, 12% recorreram ao crédito consignado. Além
disso, a parcela que buscou rendas alternativas chegou a 68% neste
ano, contra 58% em 2017. Entre as opções buscadas estão babás,
diaristas, passeadores de animais de estimação, motoristas de
aplicativos de mobilidade urbana, vendedores de catálogo de venda direta e de
alimentos caseiros.
A prova que essas famílias vivem a
instabilidade de forma cíclica é que, mesmo aquelas que saíram da crise e hoje
não estão impactadas pelo desemprego e/ou contas atrasadas, também mudam de
comportamento.Ou seja, 36% continuam trocando de marcas,
64% estão com dívidas no cartão de crédito e 24% recorrendo ao consignado.O
estudo projeta ainda para 2018 uma retração de 1,6% a 2,4% no faturamento das
categorias de consumo massivo auditadas regularmente pela Nielsen*. Apesar de
negativo, o desempenho indica que será melhor que o verificado no ano anterior,
com queda de 3,8%.
*Em média, 180 categorias que compõem o
mercado de Alimentos, Bebidas, Limpeza Caseira, Higiene&Beleza.
"Essa situação de entra e sai é
muito difícil. O brasileiro tem que se planejar mais, fazer mais
contas para conseguir adaptar seu orçamento", afirma Alvarenga.
"Como ele está em looping, não retoma os padrões de consumo
anteriores, pois não sabe se sua situação atual vai melhorar ou
piorar", acrescentou.
O Consumer 360º identificou que a indústria
também se moldou, deixando para trás ações reativas de curto-prazo e dando
espaço à propostas mais estratégicas a fim de construir valor no longo-prazo.
Com esse raciocínio, as táticas convencionais de preço e promoção se
mantiveram, porém a indústria investiu em novas ofertas de valor agregado,
atendendo a demanda dos consumidores por produtos indulgentes e funcionais, que
cresceram 5,2% e 1,4% respectivamente, contra quedas de 4,3% nos práticos e 4%
nos básicos.
"Pode parecer um paradoxo, mas não é. O
consumidor está em crise, mas reluta em diminuir seu padrão de vida. Busca
todas as alternativas possíveis para tentar manter seu bem-estar. E como
algumas indústrias se adaptam à essa realidade, ele encontra produtos de com
benefícios adicionais, como os indulgentes e funcionais, com tamanhos,
embalagens ou marcas acessíveis", aponta o profissional. .
Da mesma maneira, o varejo também procura
atender as diferentes missões de compra desse novo consumidor, buscando
caminhos para uma experiência cada vez mais personalizada e, consequentemente,
mais satisfatória. Por meio da abertura de lojas em formatos mais bem
definidos, oferecendo serviços e usando a tecnologia em favor de uma melhor
relação dos clientes com o espaço físico, os varejistas tentam cumprir esse
desafio e crescer.
E o que esperar de
2019? A indústria e o
varejo, nesse contexto, precisam atuar em colaboração para acessar esse
consumidor, que está em constante mudança, de maneira ainda mais proativa e
estratégica. “Não há mais espaço para esses dois gigantes do mercado atuarem
apenas de forma reativa, com ações exclusivamente táticas e relacionadas a
preço. Isso, além de impactar as margens de curto prazo, não ajudará o
brasileiro a entender os benefícios e o posicionamento das marcas com as quais
se relaciona”, conclui Alvarenga.
Para o próximo
ano, o estudo mostra que esse consumidor continuará com anseios de um
desembolso mais qualificado, querendo ser impactado de maneira relevante e
individual pelas suas marcas preferidas de indústria e varejo, mas, acima de
tudo, carregando todo o aprendizado que teve dos momentos difíceis que ainda
enfrenta.
Sobre o estudo -O 360º Consumer View é um estudo** realizado
desde 2013 no painel domiciliar da Nielsen Brasil, composta por 8.240 lares. A
análise reflete a realidade de 53 milhões de famílias e busca entender as
tendências de renda, gastos e comportamento de consumo, ou seja, o share
of wallet(parcela de orçamento que o consumidor investe para uma categoria
de gastos específica) das famílias brasileiras.
**edição 2018 foi aplicada no mês de junho
**edição 2018 foi aplicada no mês de junho
Nielsen
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