Uma das principais plataformas do novo
presidente eleito, Jair Bolsonaro, é o investimento em segurança. Logo depois
da eleição, o novo mandatário do Palácio do Planalto anunciou a criação de um
“superministério” de Justiça e Segurança Pública, comandado pelo juiz Sérgio
Moro, em que uma das prioridades será o combate ao crime organizado e ao
tráfico de drogas. Enquanto uns defendem que a legalização da maconha seria uma
das soluções para este problema, o novo presidente é radicalmente contra.
Este posicionamento do novo Governo é alinhado
ao que prega a Associação Brasileira de Psiquiatria - ABP. Um dos fatores
apontados pela instituição é a falta de estrutura para o tratamento de
dependentes. O Brasil não possui uma rede comunitária ambulatorial e hospitalar
para as pessoas que desenvolvem transtornos mentais ou de comportamento em
decorrência do uso da droga. “Com o potencial aumento do consumo, ocorrerá
também um aumento do número de dependentes. É inadequado discutir modelos que
funcionam em outras nações sem compreender a realidade da saúde brasileira”,
ressalta o Dr. Antônio Geraldo da Silva, Superintendente Técnico da ABP.
Além disso, a ABP alerta para o alto risco e
impacto no desenvolvimento dos jovens. Dos 12 aos 23 anos, o cérebro está em
pleno desenvolvimento. Quanto mais precoce o uso da droga, maiores são as
chances de dependência. A ação da maconha nessa fase de formulação cerebral
pode ser irreversível. Com a legalização deveria aumentar o número de usuários,
especialmente entre os adolescentes. Quando usada na adolescência, o risco de
dependência é o mesmo da cocaína, ou seja, 15%.
Estudos comprovam que a maconha multiplica
por 3,5 vezes a incidência de desenvolvimento de esquizofrenia e também
multiplica por 5 vezes as chances de desencadear no usuário o transtorno de
ansiedade, explica o psiquiatra, que é o novo presidente da Associação
Psiquiátrica da América Latina (APAL).
Segundo a instituição, a maconha fumada não
possui nenhuma evidência científica com relação a sua eficácia terapêutica,
inclusive o eventual uso de derivados da cannabis. “Usar o falso pretexto de
que a maconha faz bem é ingênuo e perverso. O que pode eventualmente vir a ser
útil são substâncias extraídas da maconha, sem características alucinógenas,
como ocorre com o Canabidiol, vendido em formulações a óleo e spray.”, afirma o
Dr. Antonio Geraldo.
A ABP ainda defende que a legalização da
maconha não impactaria na diminuição da violência. “As leis, as proibições e a
fiscalização efetiva não eliminam os crimes, mas diminuem sua incidência e o
número de vítimas. E a legalização da maconha não influenciaria o tráfico, pois
somente 20% do dinheiro do tráfico advém da maconha, além do mais ela seria
sempre um produto mais barato”, explica o superintendente da ABP.
A associação reforça ainda que a legalização
não encontra respaldo nem na mais influente agência reguladora do mundo. A
agência americana FDA (Food and Drug Administration), referência mundial no que
diz respeito à saúde pública, se posiciona contrária à legalização ou ao uso da
maconha fumada para fins terapêuticos. “A legalização da maconha para uso
medicinal é indefensável cientificamente e só parecer servir para justificar a
legalização para o uso recreativo”, reafirma Dr. Antonio.
Para finalizar, a ABP ainda ressalta o
desconhecimento do impacto que a maconha pode causar na estrutura psíquica do
usuário. A droga, quando fumada, piora todos os quadros psiquiátricos, que já
atingem até 25% da população, como depressão, ansiedade e bipolaridade. A
maconha pode desencadear primeiras crises graves, mudando a história natural de
doentes que poderiam viver incólumes a riscos transmitidos geneticamente.
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