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sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Dia Internacional da Luta Contra o Câncer na Infância é celebrado no próximo dia 15



Referência no tratamento de câncer infantil, Centro Infantil Boldrini destaca a importância do diagnóstico precoce, da completa infraestrutura hospitalar para o tratamento, terapias de suporte, cuidados paliativos, reabilitação  e do incentivo à pesquisa na área

 
Instituído em 2002 pela ICCCPO (International Confederation of Childhood Cancer Parent Organizations ou Confederação Internacional de Pais de Crianças com Câncer), o Dia Internacional da Luta contra o Câncer na Infância é comemorado dia 15 de fevereiro. A ideia é promover a conscientização global sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer infanto-juvenil, para maiores chances de cura e menos sequelas após o tratamento. 

Referência no tratamento de câncer infanto-juvenil em toda a América Latina, o Centro Infantil Boldrini dedica-se, há quatro décadas, à prestação de serviços de saúde voltados à criança e ao adolescente e suporte às famílias dos pacientes. O Boldrini oferece modernas tecnologias na área do diagnóstico do câncer, e tratamento de doenças onco-hematológicas, desenvolvendo pesquisas científicas nas áreas clínicas e laboratoriais, além da formação profissional de médicos, de outros profissionais da saúde e de pesquisadores nas áreas da Biologia e Biomedicina. Atualmente, cerca de 70 a 80% dos pacientes oncológicos da instituição são curados – índices que equivalem aos dos países desenvolvidos.

Recente publicação (30 de janeiro de 2018) do Grupo de Trabalho  CONCORD 3 – www.thelancet.com (http://dx.doi.org/10.1016/50140-6736(17)33326-3),  mostra modestas melhorias no Brasil no período de 2000-2014, dos resultados de sobrevida em 5 anos do câncer pediátrico (inferior a 50%), comparativamente às significativas taxas de cura da ordem de 80-90% nos países desenvolvidos.

Ao longo dos 40 anos de atuação, o Boldrini já atendeu cerca de 30 mil pacientes. Destes, 8 mil deles diagnosticados com tumores malignos – dos quais mais de 6 mil estão vivos e fora de terapia. Para a Dra. Silvia Brandalise, presidente do Centro Infantil Boldrini, a maior conquista até hoje foi a criação do Grupo Brasileiro de Tratamento da Leucemia na Infância (GBTLI). “Este grupo, inicialmente vinculado à Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (SBHH), posteriormente ligado à Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE), simplesmente mudou no país, não somente os critérios diagnósticos, mas sobretudo a filosofia do tratamento dos pacientes portadores da leucemia linfoide aguda (LLA), alcançando taxas progressivamente ascendentes de cura”.

O GBTLI foi fundado pelo Boldrini em 1979 e, desde então, coordenou seus estudos clínicos prospectivos em leucemia (LLA-80, LLA-82, LLA-85, LLA-93, LLA-99 e LLA-2009), desenvolvidos em diversas instituições do país.

Para se ter uma ideia, em 1978, as chances de cura da LLA estavam em torno de 5%. Com o estudo clínico LLA-80, as chances de cura resultaram em 30%, acrescendo progressivamente, nos estudos subsequentes, para 70-80%.  É notável que a atuação e liderança do Boldrini estimulou e propiciou, em nível nacional, a capacitação e treinamento de profissionais de diferentes estados, nas novas tecnologias de diagnóstico e de tratamento da leucemia da criança.

Atualmente, o Boldrini é o único representante do Brasil em Estudo Epidemiológico sobre o Câncer da Criança, a convite do ICCCC (International Chilhood Cancer Cohort Consortium)/WHO, para, ao lado de diversos outros países, buscar fatores relacionados ao desenvolvimento do câncer na criança.

Outro grande destaque dá-se para o Boldrini em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina. “Os nossos pesquisadores, em parceria com a UFSC descobriram uma nova droga conta o câncer pediátrico há cerca de oito anos. É um novo quimioterápico que está em tempo de espera para conseguir a patente internacional, para subsequente registro no Brasil”, ressalta o pesquisador do Centro Infantil Boldrini, José Andrés Yunes.

O maior desafio no Brasil, explica a Dra. Silvia, é alcançar taxas de sobrevida da LLA da criança, iguais àquelas obtidas pelos pacientes registrados no GBTLI. “Cerca de 3-5% das crianças com LLA participam destes estudos clínicos, obtendo chances de sobrevida livre da doença (SLD) em 5 anos, da ordem de 70-80%. As demais crianças brasileiras com o diagnóstico de LLA, que seguem diferentes esquemas terapêuticos, alcançam a taxa de SLD em 5 anos, da ordem de 47%, conforme dados publicados pela OPAS, OMS e INCA”. Para comparação, nos Estados Unidos e Alemanha, a participação das crianças com LLA em estudos clínicos é quase de 100%. Nestes países, as taxas da SLD em 5 anos são da ordem de 80-90%.

Apesar dos avanços em relação à cura do câncer infantil, isto ainda não é o bastante. Pensando em ampliar a área de pesquisa do Boldrini, neste ano será inaugurado o Instituto de Engenharia Celular e Molecular Zeferino Vaz. Para a Dra. Silvia, esta será uma importante consolidação da parceria técnico-científica entre o Centro Infantil Boldrini, não somente com a Unicamp, como também com outros Centros de Pesquisa nacionais e internacionais. Será o maior centro de pesquisas em câncer pediátrico no Brasil e na América Latina. “O Instituto deverá contar com cerca de 40 pesquisadores, na busca de novos quimioterápicos e nas terapias gênicas no combate ao câncer. A gente precisa se incomodar com o fato de que 30% dos pacientes com câncer ainda morrem. Os investimentos em pesquisa são essenciais para que, logo, possamos alcançar a cura plena”, enfatiza a médica.

Outro ponto que vale ressaltar neste dia de combate ao câncer infantil é que hoje, vivenciamos no Brasil, o problema recentemente divulgado pela Organização Mundial de Saúde (2017), sobre as "Fake Drugs" distribuídas nos países pobres e em desenvolvimento. Dentre as três primeiras categorias destas drogas problemáticas, estão os medicamentos contra o câncer. A LeugiNase produzida em Beijing, usada no tratamento da LLA, foi um recente exemplo. O novo produto Leucospar, produzido em Chengzhou-Qianhong, China, também surpreende por não ter estudos clínicos que comprovem a eficácia e segurança deste medicamento na LLA de crianças. Além disso, outro problema grave que estamos vivenciando há quase um ano, é o chamado "desabastecimento" de alguns quimioterápicos utilizados em oncologia pediátrica, como por exemplo a Actinomicina D. “Todo processo de importação é oneroso, extremamente burocrático e demorado. Não podemos retroceder a duas décadas, no tratamento do câncer da criança”, finaliza.


DADOS GERAIS SOBRE O CÂNCER INFANTIL:

- O número de casos de câncer infantil aumentou em 13% nos anos 2000, em relação aos anos 1980, de acordo com os dados do estudo elaborado pela Organização Mundial de Saúde (OMS);

- A leucemia é o tipo de câncer mais frequente nas crianças e corresponde a quase um terço dos casos, de acordo com o estudo que analisou 300 mil casos diagnosticados em 62 países. Em seguida, aparecem os tumores no sistema nervoso central (20%) e os linfomas;

- Entre os adolescentes, os principais tipos da doença que se manifestam são o linfoma, (23% dos casos), seguido de carcinomas e dos melanomas (cânceres de pele, 21%); 

Um dos motivos apontados pelo estudo que motivaram o aumento do número de caso de câncer entre crianças foi a melhoria no diagnóstico da doença;

- Outras razões seriam influências externas e ambientais. Infecções ou certas substâncias contaminantes presentes em certos ambientes; 

- Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), assim como em países desenvolvidos, no Brasil, o câncer já representa a primeira causa de morte (8% do total) por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos;

- De acordo com o INCA, estima-se que ocorrerão cerca de 12.600 casos novos de câncer em crianças e adolescentes no Brasil por ano;





Centro Infantil Boldrini



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