Referência no
tratamento de câncer infantil, Centro Infantil Boldrini destaca a importância
do diagnóstico precoce, da completa infraestrutura hospitalar para o
tratamento, terapias de suporte, cuidados paliativos, reabilitação e do
incentivo à pesquisa na área
Instituído em 2002 pela ICCCPO
(International Confederation of Childhood Cancer Parent Organizations ou
Confederação Internacional de Pais de Crianças com Câncer), o Dia Internacional
da Luta contra o Câncer na Infância é comemorado dia 15 de fevereiro. A ideia é
promover a conscientização global sobre a importância do diagnóstico precoce do
câncer infanto-juvenil, para maiores chances de cura e menos sequelas após o tratamento.
Referência no tratamento de
câncer infanto-juvenil em toda a América Latina, o Centro Infantil Boldrini
dedica-se, há quatro décadas, à prestação de serviços de saúde voltados à
criança e ao adolescente e suporte às famílias dos pacientes. O Boldrini
oferece modernas tecnologias na área do diagnóstico do câncer, e tratamento de
doenças onco-hematológicas, desenvolvendo pesquisas científicas nas áreas
clínicas e laboratoriais, além da formação profissional de médicos, de outros
profissionais da saúde e de pesquisadores nas áreas da Biologia e Biomedicina.
Atualmente, cerca de 70 a 80% dos pacientes oncológicos da instituição são
curados – índices que equivalem aos dos países desenvolvidos.
Recente
publicação (30 de janeiro de 2018) do Grupo de Trabalho CONCORD 3 – www.thelancet.com (http://dx.doi.org/10.1016/50140-6736(17)33326-3),
mostra modestas melhorias no Brasil no período de 2000-2014, dos
resultados de sobrevida em 5 anos do câncer pediátrico (inferior a 50%),
comparativamente às significativas taxas de cura da ordem de 80-90% nos países
desenvolvidos.
Ao longo dos 40 anos de
atuação, o Boldrini já atendeu cerca de 30 mil pacientes. Destes, 8 mil deles
diagnosticados com tumores malignos – dos quais mais de 6 mil estão vivos e
fora de terapia. Para a Dra. Silvia Brandalise, presidente do Centro Infantil
Boldrini, a maior conquista até hoje foi a criação do Grupo Brasileiro de Tratamento
da Leucemia na Infância (GBTLI). “Este grupo, inicialmente vinculado à
Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (SBHH), posteriormente ligado
à Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE), simplesmente mudou no
país, não somente os critérios diagnósticos, mas sobretudo a filosofia do
tratamento dos pacientes portadores da leucemia linfoide aguda (LLA),
alcançando taxas progressivamente ascendentes de cura”.
O GBTLI foi fundado pelo
Boldrini em 1979 e, desde então, coordenou seus estudos clínicos prospectivos
em leucemia (LLA-80, LLA-82, LLA-85, LLA-93, LLA-99 e LLA-2009), desenvolvidos
em diversas instituições do país.
Para se ter uma ideia, em 1978,
as chances de cura da LLA estavam em torno de 5%. Com o estudo clínico LLA-80,
as chances de cura resultaram em 30%, acrescendo progressivamente, nos estudos
subsequentes, para 70-80%. É notável que a atuação e liderança do
Boldrini estimulou e propiciou, em nível nacional, a capacitação e treinamento
de profissionais de diferentes estados, nas novas tecnologias de diagnóstico e
de tratamento da leucemia da criança.
Atualmente, o Boldrini é o
único representante do Brasil em Estudo Epidemiológico sobre o Câncer da
Criança, a convite do ICCCC (International Chilhood Cancer Cohort Consortium)/WHO,
para, ao lado de diversos outros países, buscar fatores relacionados ao
desenvolvimento do câncer na criança.
Outro grande destaque dá-se
para o Boldrini em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina. “Os
nossos pesquisadores, em parceria com a UFSC descobriram uma nova droga conta o
câncer pediátrico há cerca de oito anos. É um novo quimioterápico que está em
tempo de espera para conseguir a patente internacional, para subsequente
registro no Brasil”, ressalta o pesquisador do Centro Infantil Boldrini, José
Andrés Yunes.
O
maior desafio no Brasil, explica a Dra. Silvia, é alcançar taxas de sobrevida
da LLA da criança, iguais àquelas obtidas pelos pacientes registrados no GBTLI.
“Cerca de 3-5% das crianças com LLA participam destes estudos clínicos, obtendo
chances de sobrevida livre da doença (SLD) em 5 anos, da ordem de 70-80%. As
demais crianças brasileiras com o diagnóstico de LLA, que seguem diferentes
esquemas terapêuticos, alcançam a taxa de SLD em 5 anos, da ordem de 47%,
conforme dados publicados pela OPAS, OMS e INCA”. Para comparação, nos Estados
Unidos e Alemanha, a participação das crianças com LLA em estudos clínicos é
quase de 100%. Nestes países, as taxas da SLD em 5 anos são da ordem de 80-90%.
Apesar
dos avanços em relação à cura do câncer infantil, isto ainda não é o bastante.
Pensando em ampliar a área de pesquisa do Boldrini, neste ano será inaugurado o
Instituto de Engenharia Celular e Molecular Zeferino Vaz. Para a Dra. Silvia,
esta será uma importante consolidação da parceria técnico-científica entre o
Centro Infantil Boldrini, não somente com a Unicamp, como também com outros
Centros de Pesquisa nacionais e internacionais. Será o maior centro de
pesquisas em câncer pediátrico no Brasil e na América Latina. “O Instituto deverá
contar com cerca de 40 pesquisadores, na busca de novos quimioterápicos e nas
terapias gênicas no combate ao câncer. A gente precisa se incomodar com o fato
de que 30% dos pacientes com câncer ainda morrem. Os investimentos em pesquisa
são essenciais para que, logo, possamos alcançar a cura plena”, enfatiza a
médica.
Outro
ponto que vale ressaltar neste dia de combate ao câncer infantil é que hoje,
vivenciamos no Brasil, o problema recentemente divulgado pela Organização
Mundial de Saúde (2017), sobre as "Fake Drugs" distribuídas nos
países pobres e em desenvolvimento. Dentre as três primeiras categorias destas
drogas problemáticas, estão os medicamentos contra o câncer. A LeugiNase
produzida em Beijing, usada no tratamento da LLA, foi um recente exemplo. O
novo produto Leucospar, produzido em Chengzhou-Qianhong, China, também
surpreende por não ter estudos clínicos que comprovem a eficácia e segurança
deste medicamento na LLA de crianças. Além disso, outro problema grave que
estamos vivenciando há quase um ano, é o chamado "desabastecimento"
de alguns quimioterápicos utilizados em oncologia pediátrica, como por exemplo
a Actinomicina D. “Todo processo de importação é oneroso, extremamente
burocrático e demorado. Não podemos retroceder a duas décadas, no tratamento do
câncer da criança”, finaliza.
DADOS
GERAIS SOBRE O CÂNCER INFANTIL:
-
O número de casos de câncer infantil aumentou em 13% nos anos 2000, em relação
aos anos 1980, de acordo com os dados do estudo elaborado pela Organização
Mundial de Saúde (OMS);
- A leucemia é o tipo de câncer
mais frequente nas crianças e corresponde a quase um terço dos casos, de
acordo com o estudo que analisou 300 mil casos diagnosticados em 62
países. Em seguida, aparecem os tumores no sistema nervoso central (20%) e
os linfomas;
- Entre os adolescentes, os
principais tipos da doença que se manifestam são o linfoma, (23% dos casos),
seguido de carcinomas e dos melanomas (cânceres de pele, 21%);
Um dos motivos apontados pelo
estudo que motivaram o aumento do número de caso de câncer entre crianças foi a
melhoria no diagnóstico da doença;
- Outras razões seriam
influências externas e ambientais. Infecções ou certas substâncias
contaminantes presentes em certos ambientes;
- Segundo o INCA (Instituto
Nacional de Câncer), assim como em países desenvolvidos, no Brasil, o câncer já
representa a primeira causa de morte (8% do total) por doença entre crianças e
adolescentes de 1 a 19 anos;
- De acordo com o INCA,
estima-se que ocorrerão cerca de 12.600 casos novos de câncer em crianças e
adolescentes no Brasil por ano;
Centro Infantil Boldrini
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