O
câncer de mama é o mais comum dos tumores malignos na mulher, e o terceiro mais
comum na população em geral. A cada ano, surgem cerca de 1,7 milhões de casos
novos. Atinge a mulher em qualquer faixa etária, mas sua incidência tende a
aumentar com a idade.
Há
tipos diferentes de câncer de mama, e quando o diagnóstico é feito, é também
avaliada sua gravidade, o chamado estadiamento. Conforme o estadiamento, os
procedimentos cirúrgicos, radioterápicos e quimioterápicos são efetuados de
modo diferente. Sabe-se hoje que a detecção precoce do câncer de mama aumenta
as chances de sobrevivência em cerca de 90%.
E qual é o impacto emocional do câncer da mama na
vida da mulher? Aqui, seguem alguns exemplos:
-
Mulheres que têm na história familiar parentes próximos que tiveram câncer de
mama sabem do risco aumentado para desenvolver a doença. Assim, vivem sob o
peso desse risco (que, atualmente, pode ser avaliado, pelo menos parcialmente,
com exames genéticos) e, muitas vezes, devem tomar a decisão de fazer mastectomia
bilateral preventiva (o caso da atriz Angelina Jolie).
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Quando detectado precocemente, o procedimento cirúrgico é mais conservador,
muitas vezes, retirando parte da glândula mamária, sem modificar a aparência
externa da mama (mamilo e aréola preservados). Se detectado em fase mais
avançada, pode ser necessário remover a mama em sua totalidade, além da
retirada dos linfonodos da axila. Qualquer que seja a cirurgia, deixará marcas
ou deformações na mama, requerendo posteriormente reconstrução plástica. Muitas
vezes, será necessário o uso de próteses no lugar da mama, nem sempre mantendo
a sua forma natural. Quimioterapia e/ou radioterapia, na maioria das vezes,
serão necessárias após a cirurgia.
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Dependendo do tipo de câncer, será necessário o uso de medicamentos inibidores
dos hormônios femininos, induzindo uma menopausa precoce, com os sintomas
característicos da menopausa. Esta traz desconforto e pode diminuir a libido,
influenciando no comportamento sexual da mulher.
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Durante alguns anos, serão necessários exames periódicos para controle do
tratamento, visando monitorar eventual recidiva.
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Mesmo quando considerada curada do câncer, a preocupação e os exames periódicos
continuarão a acompanhar a mulher.
Em
cada etapa acima descrita, a mulher pode apresentar ansiedade e depressão.
Muitas vezes, tem sua autoimagem comprometida, achando-se “menos mulher”, por
não ter mais a mama ‘original’. A vida sexual pode ser prejudicada, trazendo a
preocupação de não ser mais tão atraente para o parceiro (novamente, “menos
mulher”).
O
ajustamento à circunstância de ter (ou ter tido) um câncer de mama é um
processo que demanda elaboração de todos os sentimentos desencadeados pela
doença. Sabe-se que cerca de 50% a 70% das mulheres terão reações emocionais
negativas à situação; tais reações negativas podem contribuir para que o
tratamento não seja seguido corretamente, o que aumenta o risco de recidiva.
O
apoio psicoterápico é importante para auxiliar no longo processo de elaboração
da doença, na busca de estratégias positivas de enfrentamento. Muitas vezes, é
necessário também o uso de medicamentos, se o quadro de depressão e/ou de
ansiedade forem intensos, comprometendo a vida da mulher.
Prof. Dr. Mario Louzã - médico psiquiatra e
psicanalista. Doutor em Medicina pela Universidade de Würzburg, Alemanha.
(CRMSP 34330)
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