O
horário de verão chegou a menos de 2 semana e já mexeu com o sono de muita
gente. Assim como qualquer mudança, tem quem goste e se adapte facilmente e tem
aqueles que não conseguem se acostumar. Mas além do sono, especialistas afirmam
que o adiantamento do relógio em uma hora pode aumentar a predisposição a
acidentes de trânsito.
Gilberto
Monteiro, professor especialista em fisiologia do exercício da Universidade
Santa Cecília (Unisanta), de Santos, explica que todos temos um ciclo
circadiano (movimentações hormonais ao longo de 24 horas) que rege nosso ritmo
fisiológico. Segundo ele, o que nos desperta são os pico de produção de
hormônios como Cortisol e Adrenalina, que costumam atuar logo cedo.
"Quando
se altera o relógio em uma hora, esses hormônios continuam tendo seus picos nos
mesmos horários. Com isso a resposta de estado de atenção e alerta fica baixa,
principalmente, nas primeiras horas do dia. Ou seja, os reflexos estão mais
lentos, podendo afetar o modo de condução de um motorista", explica.
No
Brasil não há nenhuma pesquisa específica que mostre acidentes de trânsito
causados pelo desajuste do relógio biológico. Mas um psicólogo da Universidade
de British Columbia, no Canadá, decidiu pesquisar quais seriam as consequências
dessa mudança. O estudo constatou um aumento de 8% no número de acidentes de
trânsito no dia seguinte à implantação do novo horário. Outro estudo, feito
pela Academia Brasileira de Neurologia (ABN), revelou que até 20% de todos os
acidentes de trânsito estão associados à sonolência e que os horários com mais
incidência são durante a madrugada e após o almoço.
Para
o gerente médico do Instituto do Sono, Gustavo Antonio Moreira, a explicação é
simples: "Com a mudança do horário as pessoas podem sentir muito cansaço,
fadiga, diminuição do alerta, mudança de humor e dificuldade de realizar
funções, como dirigir um automóvel. Todas esses efeitos são potencializados em
pessoas que dormem pouco ou sofrem de insônia" - segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS), 40% dos brasileiros sofrem desse distúrbio do sono.
Como
driblar os riscos?
"Para
que o organismo não sofra e os riscos no volante sejam menores, o ideal é que
as pessoas durmam, se possível, mais cedo", afirma Gustavo Antonio.
As
empresas, também precisam se adaptar. Para o especialista em fisiologia do
esporte, uma alternativa para deixar os funcionários mais despertos seria
implantação de alguma atividade antes de os motoristas saírem para dirigir
como, por exemplo, ginástica laboral. "Fazer refeições mais leves e
atividades físicas também melhora a qualidade do sono e diminui o impacto da
mudança de horário".
Efeitos
em empresas
Além
da saúde, as alterações sentidas por esse tal "relógio interno" podem
prejudicar também o rendimento no trabalho. Por isso, algumas empresas e
startups decidiram por ajustar-se ao relógio biológico de seus colaboradores e
permitir a flexibilidade de horários.
De acordo com a CNI (Confederação Nacional da
Indústria), sete em cada dez brasileiros (71%) gostariam de possuir horários
mais flexíveis em sua jornada, mas apenas 56% possui essa possibilidade.
Dentre
as organizações que trabalham dessa forma, há a Cobli. A startup - especializada em
rastreamento, telemetria e gestão de frotas - permite que os funcionários
trabalhem no horários que se sentem melhor e mais produtivos.
"Nós deixamos os funcionários escolherem o próprio
horário dentro das regras da legislação justamente porque acreditamos que isso
os deixa mais envolvidos, motivados e produtivos durante o dia. Isso também os
ajuda a evitar horários de pico de trânsito e contribui para uma diminuição do
estresse nas equipes", afirma Rodrigo Mourad, sócio fundador da empresa.
Roberta Caprile
Nenhum comentário:
Postar um comentário