O Dia Mundial da Alimentação é comemorado no dia 16 de outubro para
lembrar a criação da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e
Alimentação (FAO) em 1945. Uma data criada com o intuito de desenvolver uma
reflexão a respeito do quadro atual da alimentação mundial e principalmente
sobre a fome no planeta, mas um dia é muito pouco para refletir sobre um tema
tão importante e transversal, um problema mundial que afeta direta e indiretamente
a todos nós.
O direito universal à alimentação de qualidade é
também uma das principais diretrizes do governador Geraldo Alckmin para nós da
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Por isso
promoveremos entre os dias 9 e 16 uma Semana da Alimentação, com palestras, lançamento de livros, exibição de
documentário e atividades criativas para crianças.
Nossa Coordenadoria de Desenvolvimento dos
Agronegócios (Codeagro), responsável pelo abastecimento, as discussões sobre a
segurança alimentar e nutricional com um seminário sobre “Atualidades em
Segurança Alimentar” e o lançamento do livro “Alimentação Saudável: Mais Cor e
Sabor no seu Prato”.
Também serão realizados concurso de gastronomia com
universitários, ação de voluntariado, oficina de hortas urbanas, exibição do
documentário “Cultura do Desperdício” e a entrega do Prêmio Josué de Castro de
Combate à Fome.
Questão urgente se considerarmos os dados oficiais
da FAO: depois de um prolongado declínio mundial, a fome voltou a crescer. De
2015 para 2016, o número de pessoas subnutridas no mundo todo saltou de 777
milhões para 815 milhões, felizmente ainda abaixo da marca do ano 2000: 900
milhões de pessoas. Na América Latina, 38,3 milhões estão em situação de
insegurança alimentar, isso representa 6,4% da população.
A mesma FAO também aponta um dos principais
problemas a serem enfrentados nesta questão: o desperdício. A Organização
estima que cerca de 1/3 de todo o alimento produzido mundialmente é
desperdiçado. Essa quantidade seria suficiente para alimentar todas as pessoas
que passam fome no planeta.
O alimento culturalmente no mundo todo une as
pessoas à mesa, mas não basta alimentar, é preciso servir comida de qualidade,
com saudabilidade, produzida de modo sustentável tanto ambiental quanto
socialmente. Além do sabor, a população está preocupada com a questão da
saudabilidade dos alimentos ingeridos. Todos estão mais atentos aos cuidados
com a alimentação.
De acordo com uma pesquisa realizada pela
Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, a Proteste, com 2.406
brasileiros, de idades entre 17 e 74 anos, 80% das pessoas têm a consciência de
que precisam mudar os hábitos alimentares.
A indústria alimentícia já está passando por um
grande processo de transformação, o que envolve não somente a mudança de
comportamento do consumidor, mas também a revolução das marcas para esse novo
momento do mercado.
Neste novo momento, o ser humano e a natureza
inexoravelmente vêm em primeiro lugar. Por isso neste ano a FAO traz como tema
para o Dia da Alimentação “Mude o futuro da migração. Investir na segurança
alimentar e no desenvolvimento rural”, considerando os movimentos migratórios
atuais – principalmente em áreas de conflito armado no Oriente Médio.
Como deputado federal, apresentei e consegui
aprovar na Câmara com apoio do deputado federal Danilo Forte o Projeto de Lei n.º 6867/2013, que estabelece a Política Nacional de erradicação
da fome e desperdício de alimentos. Ele estabelece a Política Nacional de
Erradicação da Fome e de Promoção da Função Social dos Alimentos (Pefsa),
destacando a função social do alimento e o combate ao desperdício.
O projeto se somou aos esforços mundiais de combate
à fome, especialmente à Campanha Mundial Contra a Fome e o Desperdício de
Alimentos, lançada pelo Papa Francisco. Sua construção teve a inspiração de Dom
Odilo Scherer representando a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
e a colaboração de diversos especialistas da Pontifícia Universidade Católica
(PUC-SP), da sociedade civil e da ala religiosa, prevê o combate ao desperdício
de alimentos em toda a cadeia produtiva, que chega a 64% no Brasil.
Entre as ações previstas na Política Nacional estão
o estímulo à adoção de processos e tecnologias para garantir a função social
dos alimentos, o incentivo à pesquisa e desenvolvimento em segurança alimentar
para evitar a destinação inadequada dos alimentos e o incentivo à adoção de
padrões sustentáveis de produção e consumo
E a Secretaria, por meio do Centro de Segurança
Alimentar e Nutricional Sustentável (Cesans) e do Conselho Estadual de
Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (Consea/SP), tem papel
fundamental no estabelecimento de políticas públicas efetivas para garantir o
acesso ao alimento de qualidade à população paulista. Destaco a modernidade da
legislação aprovada, fundamentada no direito à alimentação previsto na
Constituição Federal, que passa não só pelo ato de comer e matar a fome, mas
pela garantia à sadia qualidade de vida.
Nos próximos 10 anos a oferta mundial de alimentos
necessária deverá ser de 20% em relação aos números de hoje. Para chegar a este
resultado, o Brasil terá que responder por 40% deste percentual. Temos
tecnologia para isso, força de trabalho, condições climáticas e o compromisso
do agricultor brasileiro para colocar comida na mesa das pessoas.
Com a Semana da Alimentação,
vamos mostrar que temos também consciência sobre a importância de não apenas se
alimentar, mas se alimentar bem.
Arnaldo Jardim - secretário da Agricultura
e Abastecimento do Estado de São Paulo e deputado federal PPS/SP (licenciado)
Site: www.arnaldojardim.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário