Todo mundo conhece um
colaborador que, basta parar para beber água, já está resmungando. Um gole para
dentro e três palavras negativas para fora. É aquela pessoa que, como mantra,
adora perpetuar os discursos: “ninguém reconhece o meu valor”, “isso não vai
dar certo” e “nem tenta, já fui por este caminho e não consegui”. Desagradável,
não?
Por mais enfadonho que
possa parecer, esta realidade existe. De acordo com estudos da
"Gallup", maior empresa de pesquisa e opinião dos Estados Unidos, 63%
dos profissionais atuantes no mercado de trabalho encontram-se nesta mesma
posição. Estão infelizes, desorientados e à procura da felicidade laboral que
nunca vem.
O que ocorre? A resposta
pode ser encontrada no livro “Personal Branding – Construindo sua marca
pessoal”, de Arthur Bendec. Para ele, assim como um barco à deriva, os
indivíduos da hipermodernidade navegam sem saber para onde vão, justamente,
porque estão em busca de figuras parentais para suprir as suas insatisfações.
Estão perdidos? O papai
mostra o caminho. O navio naufragou? Melhor ainda, pois a mamãe estará lá para
recolher os destroços. Assim como órfãos, comportam-se como se o mundo
corporativo tivesse a obrigação de personificar estas figuras importantes da
primeira infância e, como não poderia ser diferente, frustram-se, caindo no
abismo da melancolia.
Na visão de Bendec, o
colaborador, por se sentir desamparado afetivamente, subverte o papel do outro,
depositando nele suas questões internas mal-resolvidas. Se mamou por tempo
insuficiente, o salário nunca será bom o bastante. Ou, se perdeu o lugar de
centro das atenções para o irmão recém-nascido, passará a odiar os novos
contratados.
Deste modo, os traumas
passam a compor um conluio atemporal. Não importa se um episódio aconteceu há
vinte anos ou se habita o tempo presente. Para a mente humana, os aspectos
emocionais que não encontraram uma resolução satisfatória sempre retornarão,
transformando a vida do indivíduo em uma repetição contínua.
Na expectativa de
preencher o vazio que ficou lá trás, estes bebês crescidos continuam tentando
encontrar um lugar ideal e mágico, com chefes atenciosos e sem estresse, em que
os colegas são amigos de verdade e há muitas oportunidades de crescimento
profissional. Afinal, o mundo precisa reconhecer os seus talentos e sanar as
suas dores.
Felizmente, nem tudo
precisa ser um “remake” do destino. De acordo com Arthur Bendec, existem
ferramentas capazes de romper com esta dramaturgia infantil e catastrófica,
transformando-a em um longa-metragem premiado, digno de Hollywood. E,
para estrelá-lo, algumas medidas de empoderamento pessoal podem ser tomadas.
A primeira delas, consiste
em tampar buracos. Em vez de balburdiar o ambiente corporativo, infectando-o
com reclamações, identificar os pontos organizacionais que precisam de
melhorias e solucioná-los é fundamental. Quanto mais se investe energia em
reparar o mundo externo, mais preenchido internamente o indivíduo se torna,
auxiliando-o a cicatrizar as suas mágoas de outrora.
Dar as costas para a
responsabilidade? Nunca mais. À medida que o colaborador chama para si a
autoria pelo próprio sucesso, mais realizado fica. Este movimento ajuda a
evocar o adulto que existe em seu psiquismo, deixando a criança chorona cada
vez menos em destaque para fazer estripulias geradoras de ressentimento,
improdutividade e decepção.
Paralizar-se diante do novo?
Até quando? Profissionais empenhados em colocar a mão na massa e assumir riscos
são aqueles que encontram sentido em suas carreiras. A criatividade, por estar
atrelada à gratidão, constrói caminhos neurais novos na estrutura cerebral,
construindo ligações celulares satisfatórias em direção à felicidade que tanto
se procura.
Desligar-se da paranoia
que advém do olhar do outro, por fim, também dá adeus ao derrotismo
empresarial. Quanto menos preocupado com o que os outros vão dizer, mais
energia se faz disponível para que o colaborador possa construir o papel de
ator principal neste filme denominado vida. Então, luz, câmera e ação!
Lucas Diegues - diretor executivo da WA Marketing
& Consultoria Comercial
Nenhum comentário:
Postar um comentário